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PERFIL-Bolsonarista no comando da segurança de Brasília, Torres é primeiro a cair após tumultos na capital

Placeholder - loading - Anderson Torres no Congresso Nacional em Brasília 15/06/2022 REUTERS/Adriano Machado
Anderson Torres no Congresso Nacional em Brasília 15/06/2022 REUTERS/Adriano Machado

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Por Gabriel Stargardter e Brad Haynes

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Quando apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro atacaram as sedes dos Três Poderes no domingo o homem responsável por garantir a segurança da capital estava na Flórida --mesmo Estado norte-americana para onde foi seu antigo chefe, o ex-presidente Jair Bolsonaro, após perder a eleição presidencial de outubro.

Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro entre 2021 e 2022, assumiu como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal depois que Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse para um terceiro mandato na Presidência da República.

Ele não durou muito no novo emprego. Horas depois de bolsonaristas radicais atacarem o Palácio do Planalto e os prédios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), Torres foi demitido, tornando-se o primeiro a cair em meio às recriminações após o pior ataque às instituições no Brasil desde a sua redemocratização na década de 1980.

'Foi uma operação estruturada de sabotagem comandada pelo ex-ministro de Bolsonaro Anderson Torres, que deixou a secretaria sem direção, sem liderança e fugiu para o exterior', disse Ricardo Cappelli, responsável por liderar a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal decretada por Lula.

'Anderson Torres assumiu a Secretaria de Segurança, exonerou todo o comando e viajou. Se isso não é sabotagem, eu não sei o que é', disse Cappelli em entrevista à CNN Brasil na terça-feira.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes emitiu um mandado de prisão para Torres na terça-feira. Não estava imediatamente claro quais eram as acusações, mas Moraes alegou suposta 'omissão' e 'conivência' de Torres.

No final da terça, Torres disse que voltará ao Brasil, se entregará às autoridades e preparará sua defesa.

'Sempre pautei minhas ações pela ética e pela legalidade. Acredito na Justiça brasileira e na força das instituições. Estou certo de que a verdade prevalecerá', escreveu ele no Twitter.

Ibaneis Rocha (MDB), governador do DF, demitiu Torres em meio ao caos na tarde de domingo, poucas horas antes de uma ordem do STF afastá-lo do cargo por 90 dias.

O abalo na segurança da capital marca um desafio mais amplo a ser enfrentado por Lula, cujo novo governo tem agora de lidar com uma enorme investigação criminal sobre os distúrbios de Brasília ao mesmo tempo em que estabelece uma nova cadeia de comando entre a polícia e as forças de segurança.

Muitos oficiais de base há tempos simpatizam com o apelo à lei e à ordem da política de extrema-direita de Bolsonaro, e o ex-presidente passou os últimos quatro anos colocando pessoas de sua confiança em órgãos federais de segurança.

A nomeação de Torres, de 47 anos, ao Ministério da Justiça, por exemplo, ocorreu após anos de relações amistosas dele com a família Bolsonaro.

Enquanto a polícia investigava acusações de corrupção contra os filhos de Bolsonaro no início de seu mandato, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, acusou o então presidente de tentar trocar o chefe da Polícia Federal para protegê-los. Bolsonaro nega qualquer interferência.

Quando Moro renunciou em abril de 2020 por causa da suposta intromissão, a imprensa brasileira noticiou que Bolsonaro sugeriu Torres para dirigir a Polícia Federal, mas seus ex-colegas resistiram à ideia inicialmente devido à falta de senioridade dele.

Na época, Torres estava em sua primeira passagem como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no governo Ibaneis, onde permaneceu até sua indicação para o Ministério da Justiça em março de 2021.

Em uma semana, Torres trocou o chefe da Polícia Federal com a aprovação de Bolsonaro. Ele também substituiu o chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) por Silvinei Vasques, nome que viria a ter destaque nas eleições do ano passado.

O segundo turno da votação em outubro, em que Bolsonaro perdeu para Lula por uma margem apertada de votos, foi atormentado por alegações generalizadas de bloqueios ilegais em rodovias pela polícia nas regiões onde Lula era mais forte.

Vasques, que fez campanha para Bolsonaro abertamente nas redes sociais, foi acusado em novembro de uso indevido do cargo para favorecer Bolsonaro politicamente e dispensado no mês passado.

Torres foi criticado por seu envolvimento próximo com as operações da PRF durante as eleições, mas não foi indiciado.

Questionado formalmente pelo STF sobre as denúncias de buscar impedir que eleitores votassem, Torres negou ter interferido na eleição.

(Reportagem de Gabriel Stargardter no Rio de Janeiro e Brad Haynes em São Paulo; reportagem adicional de Ricardo Brito em Brasília)

Escrito por Reuters

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