Petrobras e Total podem criar nova empresa para investir em energia solar e eólica
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SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras e a petroleira francesa Total vão analisar possíveis oportunidades em energia renovável e poderão criar uma nova empresa em conjunto para explorar esses negócios, com foco em projetos de geração solar e parques eólicos em terra (onshore), disse um executivo da estatal brasileira nesta terça-feira.
O anúncio acontece em um momento em que diversas empresas de óleo e gás buscam ampliar a participação em fontes renováveis devido a uma esperada transição rumo a um futuro que deve privilegiar tecnologias com baixas emissões de carbono.
A própria Petrobras deverá dar mais atenção a essa transição energética em seu Plano de Negócios para o período 2019-2023, atualmente em fase de desenvolvimento, afirmou o diretor de Estratégia da empresa, Nelson Silva, em teleconferência com jornalistas sobre a parceria.
Hoje não temos dotação orçamentária para esses investimentos porque ainda não identificamos as oportunidades, mas estamos sinalizando que a empresa tem, sim, interesse em crescer na geração tanto eólica quanto solar, saindo do estágio um pouco mais inicial em que ela se encontra hoje , afirmou.
Ele não quis, no entanto, antecipar detalhes sobre como o assunto será tratado no planejamento estratégico.
Por enquanto, segundo Silva, a Petrobras e a Total irão identificar projetos que poderiam ser alvo de investimento conjunto, com prioridade para novos empreendimentos, embora aquisições não estejam totalmente descartadas.
Um dos possíveis alvos das companhias seria a participação conjunta em leilões promovidos pelo governo federal para viabilizar novas usinas de geração no Brasil, nos quais investidores podem obter contratos de longo prazo para a venda da produção futura dos empreendimentos.
Nesses leilões, os vencedores geralmente se comprometem a entregar as usinas prontas em um prazo de quatro ou seis anos.
A Petrobras possui atualmente participação em quatro parques eólicos que somam uma capacidade de cerca de 104 megawatts, além de um projeto de pesquisa em geração solar.
Além disso, a estatal possui diversas áreas no Brasil nas quais entende haver potencial para exploração de ativos renováveis, adicionou Silva.
Uma das particularidades da eólica é que você tem que ter a área física, e nós temos áreas no Brasil... Não é que a gente fique circunscrito a isso, mas temos áreas com sinergia, no Nordeste, e podemos estudar alguma coisa que faça sentido para as duas empresas .
O diretor de Estratégia afirmou ainda que o memorando de entendimento assinado junto à Total e à Total Eren, empresa de energia limpa da petroleira francesa, prevê uma prioridade para associação entre elas em novas iniciativas em energia eólica onshore e solar no Brasil.
Temos aí uma exclusividade das duas empresas, um direito de preferência , disse Silva, ressaltando que isso não exclui a possibilidade de outras associações em renováveis, com foco em diferentes fontes.
O diretor da Petrobras citou a instalação de parques eólicos em alto-mar, conhecidos como offshore, como outro possível alvo de interesse da companhia.
Poderemos buscar outras parceiras, sim, na área eólica offshore, que é uma área que também atrai nosso interesse , exemplificou.
Mais cedo, a Petrobras informou que o memorando junto à Total não é vinculante, mas indica o interesse das empresas em trabalhar conjuntamente em energia lima, o que segundo elas poderia ajudar na diluição de riscos relacionados a esses investimentos.
A Total possui fatias em negócios de energia renovável que incluem a Total Eren, empresa com mais de 950 megawatts em ativos de energia eólica, solar e hidrelétrica em operação ou em construção no mundo. A Total Eren tem como meta alcançar uma capacidade de mais de 3 gigawatts até 2022.
(Por Luciano Costa)
Escrito por Thomson Reuters
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