Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1
Ícone seta para a esquerda Veja todas as Notícias.

Plano de ajuda a Estados autoriza isenções fiscais e acende temor de saco sem fundo para coronavírus

Placeholder - loading - Escada do Ministério da Economia no Rio de Janeiro 13/09/2019 REUTERS/Sergio Moraes
Escada do Ministério da Economia no Rio de Janeiro 13/09/2019 REUTERS/Sergio Moraes

Publicada em  

Atualizada em  

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - Pontos laterais aprovados em projeto de auxílio a Estados e municípios acenderam o alerta na equipe econômica quanto à possibilidade de descontrole nos gastos em meio à pandemia do coronavírus, com a gravidade da crise sendo usada como pretexto para a criação de uma espécie de saco sem fundo para enfrentá-la.

Além de instituir a obrigação de a União recompor integralmente as perdas de receitas com ICMS e ISS dos entes regionais, por um período de seis meses, a versão do projeto aprovada na noite de segunda-feira pela Câmara dos Deputados também abre a porta para a concessão de benefícios e adiamentos de impostos que afetam a arrecadação desses tributos.

Segundo o texto chancelado pelos parlamentares, isso será possível desde que essas iniciativas tratem da 'postergação de prazo de recolhimento de impostos por microempresas e pequenas empresas', ou constituam 'renúncias e benefícios diretamente relacionados ao enfrentamento da Covid-19, se requeridas pelo Ministério da Saúde ou para preservação do emprego'.

Uma importante fonte da equipe econômica pontuou que isso fará com que o governo federal tenha que compensar eventuais incentivos dados nessas duas frentes que provoquem queda nas receitas com ICMS e ISS, tirando a previsibilidade do real impacto para a União do projeto.

'Isso pode aumentar muito a conta', disse a fonte, em condição de anonimato. 'É muito ruim porque a despesa total do programa está em aberto. Ou seja, não tem como garantir que o custo ficará no que eles próprios divulgaram.'

Na véspera, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estimou que o modelo de seguro faria a União gastar cerca de 80 bilhões de reais para recomposição das receitas dos governos estaduais e municipais entre maio a outubro.

O cálculo partiu do pressuposto de que a arrecadação de ICMS e ISS deverá cair 30% durante esse período. Mas, considerando que a arrecadação de ICMS foi de cerca de 510 bilhões de reais no ano passado e a de ISS foi de 70 bilhões de reais, uma compensação de 30% pelo período de seis meses levaria a União a arcar com uma fatura mais próxima de 90 bilhões de reais.

Mesmo este número está envolto em incertezas, já que não há como prever, no momento, como se comportará a arrecadação desses impostos em meio à paralisia da atividade econômica com as medidas de restrição para conter a disseminação do vírus.

'Vai depender da queda de cada Estado e município', reconheceu um técnico da Câmara dos Deputados que participou das discussões sobre o projeto.

Uma segunda fonte da equipe econômica pontuou que o projeto foi aprovado sem estimativas, em desacordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

O texto também não indicou a fonte para cobertura dos gastos, sendo que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, que afasta a necessidade de cumprimento da regra de ouro --e, portanto, dessa indicação--, ainda não foi aprovada pelos parlamentares.

O projeto acabou não tratando da suspensão das dívidas dos Estados junto à União por conta do coronavírus, mas como o Supremo Tribunal Federal (STF) já deu guarida para essas iniciativas por seis meses, a União ainda deve arcar com uma conta de cerca de 10 bilhões de reais nessa frente, segundo cálculos internos do Tesouro.

Por tudo isso, o clima de frustração é grande na equipe econômica.

'Esse projeto (aprovado pela Câmara) é o resultado da extrema polarização e do quase inexistente diálogo político entre poder Executivo e Legislativo', disse a primeira fonte.

Na manhã desta terça-feira, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou que o time econômico não concorda com pontos do projeto, e que quer ver discussão 'honesta e transparente' sobre a proposta antes de sua apreciação pelo Senado. [nL2N2C20E7]

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito a auxiliares que a orientação será para o presidente Jair Bolsonaro vetar o projeto.

Na tarde da véspera, pouco após Maia divulgar o desenho da proposta, Guedes defendeu que o modelo de compensação a Estados e municípios por perda de receitas com impostos seria uma irresponsabilidade e um 'cheque em branco'. [nL2N2C11RJ]

A ideia do ministro era transferir 32 bilhões de reais aos entes em meio à crise do coronavírus, mas com a contrapartida de congelamento de salários do funcionalismo por dois anos. Na equipe econômica, técnicos apontam que estender esse valor até 40 bilhões de reais ainda seria suportável.

Escrito por Reuters

Últimas Notícias

  1. Home
  2. noticias
  3. plano de ajuda a estados …

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.