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PODCAST LADO PESSOAL – DIEGO BORGHI – CEO DUCATI BRASIL

Com Millena Machado

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Podcast Lado Pessoal. Podcast semanal com Millena Machado. Crédito da imagem: Antena 1

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MM: = Millena Machado

DB = Diego Borghi

[0:00:23] – MM: Olá! Está no ar, Lado Pessoal, um podcast da Rádio Antena 1. Eu sou Millena Machado, e a partir de agora vamos, juntos, descobrir o que pensam, como decidem e o que inspira os executivos que comandam as empresas mais admiradas do Brasil. Hoje, revelando seu lado pessoal pra gente, o CEO da Ducati do Brasil, Diego Alarcon Borghi, mais conhecido como Borghi. Borghi, seja muito bem-vindo!

[0:00:51] – DB: Muito obrigado, Millena. É um prazer estar aqui hoje contigo e com todos os telespectadores, com certeza será muito divertido, e eu já estou... já estou animado já com essa música que você deu de entrada aí, uma música que me marca muito na juventude e algumas outras coisas pessoais, justamente eu tive oportunidade de tocar contrabaixo durante muitos anos da minha vida, e é por isso que é uma banda cover, e tocava bastante Red Hot, naquela época.

[0:01:21] – MM: Pois é, eu gostei dessa música que você escolheu pra abrir o nosso papo hoje, Under The Bridge da Banda Red Hot Chili Peppers, e eu fiquei curiosa, também, quando eu escutei a letra com atenção, porque até então a gente sai pra passear e não se apega tanto na letra, porque na letra fala de um cara que está se sentindo solitário, achando que é ele o amigo dele mesmo, mas ele se lembra que pode contar com a companhia e o amor de uma pessoa, que é uma mulher, e quer levar ela pra todo lugar. Por coincidência, Borghi, eu ouço muitos executivos me contarem que a vida de CEO ela é solitária, porque é o cargo mais alto de uma empresa e é o único na posição. Eu queria saber se você passa por isso também, se de repente essa música, também, traz essa referência pra você, e como é que você lida com isso, com essa, entre aspas, “solidão” de estar no topo da hierarquia de uma empresa?

[0:02:12] – DB: Ah, sem dúvida, essa é uma verdade, e todos né, a gente normalmente tem experiências nos pares. Então, também é uma reflexão que a gente faz, é um lado real mesmo na vida de um CEO, normalmente você acaba se distanciando por alguns motivos estratégicos até, ou com certeza da matriz fica muito próxima, mas eu tive no país e levava até uma certa distância, não consegue ter aquela... É notório a diferença, por exemplo, quando você está inserido no time como um gerente ou até um diretor, é o operacional e você consegue estar presente no dia a dia das atividades, e todo mundo ali né, dando sequência também nas atividades até o fim do dia, né, e até final de semana junto contigo, e como [...] eu tenho uma distância natural de todo o processo, você precisa ter um pouco mais de independência e não deixar contaminar; ou algumas outras coisas mesmo, é uma forma de a gente conseguir se driblar um pouco isso, [....] também um pouco dessa oportunidade foi nessa proximidade com os pares e conseguiu criar grupos de vínculos mais fortes com CEO’s de outras empresas, que a gente acaba confidenciando né, alguns ‘causos’ aí profissionais e acaba pedindo ajuda, é mais fácil você pedir no trabalho do que, às vezes, na própria organização.

[0:03:43] – MM: Desde 2016, né, você está como CEO da Ducati do Brasil. Nesses anos, já deu pra você se acostumar, assim, com a pressão da equipe, com a pressão da imprensa, todo mundo indo atrás de você para respostas: “—o que a gente vai fazer? —Quando a gente vai fazer? —Como a gente vai fazer? É... — Pergunta pro Borghi! —O que o Borghi acha?” É fácil de se acostumar ou não? Como é isso pra você?

[0:04:11] – DB: A pressão... A pressão por si só, já estava muito habituado, eu comecei minha carreira, basicamente, na área financeira, então eu fui.... avançando [...] um bom tempo na área financeira, consegui alcançar a posição de diretor financeiro de outras duas empresas, antes de vir pra Ducati. Na Ducati, quando eu assumi a operação, lá pra outubro/novembro de 2016, a grande virada foi, justamente, a pressão de áreas que eu não estava habituado a ter; pressão de matriz, pressão de resultado, pressão outras coisas é comum no dia a dia. Mas a pressão de imprensa, pressão de consumidor, pressão de outros... setores, ali, que não faziam tanta pressão no dia a dia, foi interessante né, principalmente pressão pra saber o que vai vir de novidade, que é o que mais pressiona: “— e aí, senhor, o que vai vir, quando vai vir? Daí [...] “—quando vai vir, vai vir, não vai vir”; essas pressões...rs... bom, são interessantes também. São outros tipos de pressões. Na vida é assim, eu estou bem habituado, assim, pressão faz parte da vida, tanto o lado profissional, o lado pessoal também, relacionamentos têm pressão diária, né, família tem pressão diária, enfim. Pressão faz parte, né. Só que o ser humano sem estar num tipo de motivação né, um pouco mais forte, ou pressão ou quase isso, é raro entrar numa zona muito de conforto, fica um ser humano muito cômodo, que não evolui tanto.

[0:05:48] – MM: Entendi... Então você gosta de ambientes agitados, desafio é com você mesmo, se está calmo você vai pra um cantinho... rsrs... que tenha alguma coisa acontecendo ou alguma dinâmica; você gosta?

[0:06:02] – DB: Simplesmente eu não aceito, eu queria outro mundo, justamente pra ficar mais agitado, se está... Se fica bem em voo de cruzeiro, assim, o negócio, assim, de poucos [...] acaba buscando pra criar mais oportunidade, justamente pra buscar novos desafios, a gente nunca ... a gente nunca se contenta pra fazer ... tá... tá trabalhando bem, fica aquela coisa, assim, ajudando, tá trabalhando bem; não, não é o suficiente, a gente sempre busca algo mais.

[0:06:31] – MM: Onde você busca inspiração pro seu dia dia? Da onde você vai alimentar a sua criatividade, onde você busca elementos de... de estratégia... como é que você faz?

[0:06:45] - DB: É Millena, eu... Nessas... Essa proximidade com pares, ajuda muito né, porque a gente.... eu, particularmente, gosto muito de avaliar, como está sendo feito em outro segmento, em outro mercado, antes de ficar olhando só o que está sendo feito dentro do segmento que eu atuo, que a empresa atua. Justamente porque você consegue captar tendências, né, e captando tendências você está fazendo uma coisa ou outra antes do que a própria concorrência. Se você olhar só o seu segmento você não antecipa muita coisa, você simplesmente vai fazer mais o mesmo; olhando um pouco por fora, você consegue trazer inovação mais rápido pra dentro de algo que você atua. O ano passado foram alguns...alguém conseguiu inovar, você teve oportunidade de participar com a gente em um dos lançamentos, totalmente virtuais... [....]

[0:07:36] – MM: - Verdade...

[0:07:36] – DB: Pra mim foi a primeira ... país que fez lançamento né, lá no começo do ano passado, logo no início da pandemia, a gente decidiu, já, né, olhando outros segmentos né, essa é a verdade, e a gente decidiu fazer um lançamento 100% online, naquela época, você lembra, do ano passado, e foi um sucesso absoluto, a gente conseguiu analisar coisas que a gente não havia nunca em eventos de lançamentos presenciais. Principalmente o alcance, o alcance é uma coisa que o mundo virtual, digital, trouxe de forma esmagadora, em comparação do físico né. Então, o futuro, com certeza, híbrido, não é nem só digital e nem vai voltar o que era feito no físico né; o híbrido é o [...] mas já é o mais atual.

[0:08:31] – MM: É. Aliás, no final do ano passado, eu notei que... foi até notícia na mídia, inclusive, que a Ducati registrou recorde de venda aqui no Brasil né, e aí fiquei curiosa; acredito que a questão do isolamento forçado que a pandemia trouxe, o risco pra saúde de todo mundo, que características pessoais, suas, nesse momento, o desafio atual da Ducati que é crescer, ampliar a rede de concessionárias, ampliar vendas né, pra seguir nesse caminho de crescimento, quais são seus aspectos pessoais que você mais trabalha nesse momento? Você acorda todo dia pensando em... em fazer o quê, em fazer como, como é que você contagia o seu time, como é que você estrutura seu dia, o que tem do Diego no dia a dia, assim, que é bem seu?

[0:09:16] – DB: As pessoas, pra mim, são sempre, né, é o ativo principal de todas as empresas. Nesse processo de pandemia como que eu consegui, justamente, virar a chave da entrada, junto com o time também, foi dando fórmulas a essas pessoas. A gente começou um trabalho muito forte, por exemplo, de comunicação, a gente fortaleceu muito, muito, significativamente, todos os nossos [....] de comunicação dentro da empresa, não só com reuniões, que a gente chama de [....] meeting, com todo time, mas também o ambiente humano, eu fiz questão de fazer reuniões, one to one, com 100% do nosso time [....], e nosso time de fábrica em Manaus, aí fui até.... tive semana que eu bati recorde de vídeo conferência, etc., e tal, mas... Fora isso, o mais importante ali é... é a pessoa ter a consciência, né, o líder em geral, que ela precisa, sim, sacrificar um pouco ou bastante, a cuidar da pessoa. Então, o fato de eu me dedicar 30 minutos pra cada uma dessas pessoas, se somar dá um tempo bem grande, foi fundamental, justamente, pra mim trazer o time todo de volta pro barco. Em algum momento da pandemia isso se perdeu, é natural né, a curva na pandemia começa aquele 2020 na euforia, todo mundo ... vibe muito positiva e chega a pandemia e tudo fica nebuloso; e dentro do nebuloso muita gente ficou com medo mesmo de perda de familiares, tem muita gente com experiência, ou coisas diferentes, na pandemia, que a gente questiona até hoje. E teve um momento que, de fato, que a gente sentiu um afastamento geral das pessoas e uma queda de produtividade, e foi nesse momento que surgiu algumas ideias e que havia uma dessas ideias foi o one to one a gente batizou ela de Ducati Cafetalk, é o café italiano lá, claro, justamente pra aproximar mais o time e, particularmente, comigo, um canal sem muito filtro, mais informal, que transformou a empresa, é a grande verdade; a gente conseguiu né, apesar de todo o processo de transformação durante a pandemia através desse tipo de contato humano, né, por mais que tenha sido virtual.

[0:11:48] – MM: Eu estou com várias curiosidades aqui; a primeira, eu quero saber, nesse contato aí, one to ne, que seria um olho no olho virtual, que tipo de assunto era mais... era mais frequente? Você dava abertura, também, pro lado pessoal das pessoas ou era uma coisa mais focada no trabalho mesmo? Como é que as pessoas reagiram a isso? Sobre o que vocês conversavam nessa meia hora?

[0:12:10] – DB: Olha, justamente, isso assim, foi muito pouco profissional e muito mais pessoal, né?

[0:12:17] – MM: Olha!

[0:12:18] – DB: É... Na verdade é... a gente teve um dos casos bem... triste né, até teve um... um funcionário, que fica em Manaus, de fábrica, ele relatou que perdeu 16 parentes durante a pandemia.

[0:12:31] – MM: Noooossa... coitado!

[0:12:32] – DB: Tinha tios, etc., e até a mulher. E a grande verdade é que poucas pessoas param pra ouvir, entendeu? A realidade de cada um é distinta, têm pessoas que estavam.... é.... que a pandemia e todo... e tudo que a pandemia trouxe, com mortes, etc., e tal. Foi uma coisa linda, foi uma benção na vida da pessoa, porque a pessoa demorava duas horas e meia pra ir, duas horas e meia pra voltar, e ela economizou 5 horas por dia, ela está tendo a oportunidade de .... de visitar mais a sua família, teve pessoas que falaram que fazia meses que não almoçavam com os pais e começaram a mudar na pandemia. Então faça assim, eu foquei muito mais no lado pessoal. O profissional, de verdade, a gente... o tratamento profissional, eu só... eu ligava pros... pros superiores imediatos de cada uma das áreas ali, e eu tenho mais com ele, em geral, do time ali, né, eu tenho aquela foto né, profissionalmente, todas as avaliações de desempenho e performance de cada um. Não era isso que eu buscava fazer, não era isso que eu queria fazer naquele momento, eu tenho, inclusive, até hoje eu gostaria, e gosto cada vez mais de entender o lado pessoal. Como que está o comportamento de determinada pessoa?

[0:13:43] – MM: E como é que você se preparou pra isso, assim? Porque, também, quando você se abre pra escutar uma pessoa, como você está contando aí né, vem de tudo, você pode ouvir tudo e, às vezes, a pessoa quer, simplesmente, falar, pra ela está bom, outras querem um conselho, outras ainda precisam de uma companhia até pra tomar atitude né, alguém que faça junto; aí você se envolve, se compromete; como é que você lidou com tudo isso, uma vez, também, que abre um programa como esse né, uma dinâmica interna como essa, tem que sustentar, pelo menos, até que todos sejam ouvidos uma única vez, não dá pra parar ali no meio; você teve alguma dificuldade? Como é que foi pra você isso, entrar em contato com a vida pessoal dos seus colaboradores?

[0:14:27] - DB: Ah, Millena, dificuldades, especificamente não, mas eu confesso que foi...assim, um MBA ou dois ou três MBAs, durante um período de pandemia em meses né, porque oportunidade de aprendizado que você tem em cada... one to one dessas, independente de ser estagiário ou diretor, enfim. Foi... foi sensacional, foi algo... algo que assim, algo que eu recomendo pra todos que tenham essa oportunidade de fazer, sejam equipes pequenas, equipes gigantes que, de fato, muda toda a pretensão que você tem.

[0:15:14] – DB: Ah, tem diversos, diversos casos, de fato, me marcaram né, desse daí que eu comentei, inclusive, comentei contigo, mas, muitos... tem muita coisa, muitas serviram de lições, e até implementações, né; a gente tem uma reunião de... de... uma reunião só do [....] da Ducati, semanalmente, né. E aí, muita coisa que eu pegava durante o ano, sem citar nome, sem citar coisas que eu tinha feito na semana, né, eu levava pra reunião e falava: “—a gente vai resolver esse problema”. Eu tive com uma empresa, e não foi um, dois ou três, foram 10 que falaram e nem precisou atacar isso, e a gente conseguiu atacar na semana seguinte, basicamente estava encaminhado, solucionado, e muita coisa veio desses bate-papos.

[0:16:02] – MM: Olha, que bom! Agora, você começou contando sobre a sua característica de organização, de planejamento; quero saber se algum dia na vida, então, você atrasou com alguma coisa? E como é que você lida com adiamentos de prazos, se você costuma adiar, prever ou não? Ou você não aceita isso e também quando alguém chega pra você: “— ah, chefe, não deu.... ah, dá um tempinho, semana que vem eu lhe entrego, como é que você lida com isso?

[0:16:31] – DB: Ah, isso faz parte do dia a dia né. Novamente, o pessoal profissional que.... imprevistos acontecem, tem que sempre entender; às vezes você... não só imprevistos, mas, o resultado.... acho que o processo todo não está bom o suficiente, não faz sentido você martelar. A única coisa que eu tento e peço pra todos e eu procuro sempre fazer é, se vai atrasar já avisa com antecedência né. Eu acho que o problema é sempre menor hoje do que amanhã; deixar a bola de neve crescer é sempre a pior solução...rsrs.

[0:17:07] – MM: É... Bom conselho, hein gente!...rsrsrs... Bom! Você como CEO de montadora de motocicleta, eu quero saber, compartilha da paixão por duas rodas também?

[0:17:15] – DB: Sim, com certeza! Eu não tenho é muita propriedade de... de exercer a paixão dentro templo ou a família né, que cresceu, tenho dois filhos, são muito pequenos ainda e demandam muita atenção em casa, e aí eu prefiro não comprar briga no final de semana pra...pra dar o principal pros filhos, e fico mais em casa. E... tentar melhorar, também mais, os problemas invisíveis né, dentro da família, [....] do dia a dia. São coisas muito específicas que a gente deu pra [....] pensar nisso, Isso aí é tudo que tem. Então, se a gente pudesse mobilizar, de fato mudar, não parar de falar e realmente fazer, no final [....], porque tem muita gente que está precisando disso.

[0:18:05] – MM: De segunda à sexta está no trabalho, e aí você cuida de você também, pratica esportes, como é que você se organiza?

[0:18:13] – DB: Sim, eu procuro sempre... praticar esporte cedo, né, bem cedo de manhã, também antes de ir pro trabalho, acho que essa também é uma rotina que eu recomendo pra todas as pessoas que tiverem oportunidade de acordar cedo, porque você já chega já com a sua mente mais acelerada pra fazer as atividades profissionais.

[0:18:30] – MM: Oxigena mais o cérebro né...

[0:18:33] – DB: Muito mais!

[0:18:33] – MM: Principalmente com os exercícios aeróbicos. Agora, o teu acordar cedo é que horas? Deixa eu ver se é muito cedo.

[0:18:38] – DB: Não, assim, já foi mais né, hoje em dia é 5h45m, é...

[0:18:43] – MM: É cedo!

[0:18:44] – DB: É... 5h40. Não, é que teve uma época que eu acordava 4h30m, 4h45m, antes de ter os filhos.

[0:18:51] – MM: Gente! E aí ia dormir bem cedo ou não? Ou você é do tipo que precisa dormir pouco?

[[0:18:56] – DB: Não, Eu costumava dormir é... Não dava pra dormir tão cedo assim, mas, é... eu procurava dormir, pelo menos, 6, 5 horas e meia por dia né, não menos que isso.

[0:19:06] - MM: Entendi. Qual o passeio de moto mais incrível que você já fez, hein?

[0:19:11] – DB: Ah... O passeio de moto mais incrível, é assim, eu nunca andei fora do Brasil, essa é uma coisa que eu gostaria de andar, ainda.

[0:19:19] – MM: Aonde você gostaria de andar? Na Itália?

[0:19:22] – DB: É... Na própria Itália, na própria Itália, lá...

[0:19:23] – MM: Ahhh... Imagino!

[0:19:23] – DB: Né... assim, a parte que eu fiz, eu já andei lá fora em terrenos específico do grupo.

[0:19:31] – MM: Uhum...

[0:19:31] – DB: Mas circuito fechado ou fazenda, alguma coisa específica que a gente tem, mas já na estrada mesmo, não tive oportunidade de andar, e me planejo pra fazer num futuro próximo. Mas aqui, na região aqui, é... eu acho que é assim.... Na região do interior de São Paulo é sensacional, onde tem vários exemplos aqui, é fácil, tem... Morungaba que é um pouco mais perigoso, que é um programa de início pra minha equipe. Alguns colegas já tiveram acidente, etc., e tal, mas é muito bonita, ali, a região, Serra Negra, na Serra [....] ali, todo o entorno da cidade de São Paulo, e todo o entorno ali dele, ali já é muito... muito marcante.

[0:20:21] – MM: É um estilo de vida, né?

[0:20:23] – DB: Exato! É muito mais que, simplesmente, um ambiente ... ou locomoção, é um estilo de vida. Moto a gente pode dizer que é um estilo de vida, e na pandemia foi um isolamento social natural.

[0:20:33] – MM: É, eu já tive a oportunidade de viajar pra alguns lugares, e quando eu percebo que... o trânsito naquela região é mais organizado ou que as pessoas têm esse hábito, acho que vale alugar uma motocicleta, é um outro ponto de vista; quando você está dentro do carro...

[0:20:51] – DB: Com certeza!

[0:20:51] – MM: ... Né? Tem a capota que te impede de ver os monumentos, né, a cor do céu, aquela coisa toda, as árvores; quando você sai de motocicleta é uma outra experiência, Barcelona é muito legal pra isso, Roma também, apesar de ser uma loucura o trânsito de Roma, mas como tem muita por lá né, muita motocicleta, então você acaba indo no fluxo, acho que.... que é legal também; é uma sugestão aí pra quem... pra quem estiver atrás de experiências diferentes, às vezes a gente não precisa ser tão exótico assim, vamos dizer né, tão inovador né... A vivência diferente está, por exemplo, nessa relação com duas rodas. Borghi, olha só! Eu estava pensando aqui, e eu percebi que seu sobrenome, Alarcon Borghi, um é de origem espanhola e o outro é de origem italiana...

[0:21:41] – DB: Exato!

[0:21:41] – MM: É... No caso o espanhol é da sua mãe e o italiano do seu pai?

[0:21:44] – DB: Por parte de mãe, isso por parte de mãe. E parte de pai [...].

[0:21:48] – MM: Ah... tá... Porque os espanhóis têm um hábito diferente de nós, brasileiros, né, eles colocam o nome da mãe por último e o do pai primeiro porque sempre sai o da mãe e fica o do pai. Então, no caso, a sua mãe vem da Espanha, a família dela, e do seu pai da Itália. Você percebe alguma coisa disso, assim, desses traços espanhóis, assim, em você ou o italiano fala mais forte? Até porque você tem dupla cidadania ítalo-brasileira né, será que você escolheu a Itália?

[0:22:13] – DB: Então, Millena, assim, meu vínculo é muito maior com a Itália, né, isso é verdade, sem dúvida nenhuma; mas assim, esse DNA de guerreiro também é muito presente, acho que pra todo brasileiro. O brasileiro por si só, ele já é um povo muito guerreiro né, a gente costuma brincar aqui, qualquer executivo que passa no teste do Brasil está preparado pra qualquer país do mundo. Então, o brasileiro, ele já é um guerreiro natural. Então.... Mas é, sem dúvida, o vínculo com a Itália é um pouco mais forte, sem dúvida nenhuma, pra Ducati é mais forte ainda porque... A minha família, de fato, é de uma cidade chamada Crevalcore, que fica a 15 km, mais ou menos, da fábrica de Borgo Panigale da Ducati. Então, o Borghi é por causa do.... do pai do Borgo Panigale, ali, é... o Borghi é muito parecido ali na região. Então, existe um vínculo muito... muito próximo né, da locação da fábrica onde minha família cresceu.

[0:23:16] – MM: E você acha que, de alguma maneira, a ascendência italiana ajudou você na ascensão dentro da Ducati? É uma coisa que a Ducati valoriza esse contato com a raiz italiana, entender a cultura? Claro que tem todo o seu mérito, mas eu digo, acha que contou algum pontinho? Hoje no dia a dia você percebe: “poxa, ainda bem que eu entendo um pouco eles, que eu vivo isso na minha família”; facilita?

[0:23:40] – DB: Sem dúvida! Se vê por aí que tem manha de cultura né. Da mesma forma que o espanhol tem uma cultura específica, quando eu tive oportunidade, trabalhava num Banco espanhol, meu [...] alemão, isso faz parte de um grupo alemão, né, ele faz parte do grupo Volkswagen, tem uma cultura muito específica, o italiano também tem uma cultura muito específica né, e se você não entende a cultura de cada país, e de cada empresa que você trabalha fica muito difícil o dia a dia, essa é a grande verdade, porque, às vezes parece que o pessoal está brigando, se exaltando, mas na verdade, é só o jeito de se expressar que é diferente de cada um, de cada um dos povos. É importantíssimo entender cultura antes de mergulhar em empresa.

[0:24:24] – MM: É... É...

[0:24:24] – DB: Tem muita gente que aprende durante o percurso, mas é um pouco mais doloroso. [...]

[0:24:28] – MM: Rsrsrsrs

[0:24:28] – DB: Essa leitura prévia faz muita diferença.

[0:24:32] – MM: É... Ótima dica essa sua também. E aí, nesse tempo todo que você já está aí dedicado à Ducati, já deu pra você conhecer o melhor dos dois mundos; qual a característica, assim, do povo italiano, que você mais admira no dia a dia? E qual é a característica do jeitinho brasileiro que você mais gosta?

[0:24:53] – DB: Não, primeiro, o brasileiro, Millena, é um povo muito resiliente, essa é a grande verdade, né; então, a resiliência do brasileiro é algo incomparável, eu diria, [...] por mais que outros países que já passaram por guerras, etc., e tal, no Brasil a gente passa por crises né, a cada um, dois anos aí, e tem um tipo de crise diferente aí, alguém inventa, principalmente o nosso lado político, e tem muitas crises aqui no Brasil, e crises... crises, principalmente as causadas pelo exterior ou não, mas são várias crises. A pandemia é outra que só demonstrou algumas fragilidades que o nosso país tem em relação a crises. Em geral nós estamos aqui no Brasil, a pandemia veio pra piorar um pouco a situação. Então, resiliência, sem dúvida nenhuma, é algo, assim, que eu admiro muito em brasileiro. Em parte, os italianos...

[0:25:44] – MM: Os italianos entendem esse fator do brasileiro, a resiliência, ou chega uma hora que eles falam: “— basta né, acabou, já deu.... não deu, vamos mudar de assunto!” Que a gente insiste e insiste, é uma coisa que os italianos entendem, admiram ou não?

[0:26:00] – DB: Acho que admirar, sim, né, ou procura entender, assim, entender muito o que ele quer né, em geral. Parte eles entendem os cenários, mas é importante entender que, assim, uma empresa global, eles [....], sem dúvida, mas tem muita coisa que é quase inexplicável no Brasil né, tem umas coisas... muito específicas, que a gente luta muito pra explicar... mesmo pra gente fala: “não faz muito sentido, alguma coisa acontece no Brasil”. Mas é o que acontece, então a gente precisa sempre explicar pra eles, e a resiliência, sem dúvida, ajuda muito nesse caso, porque é uma luta, luta de palavras; eu diria que minha área luta com a Matriz. Mas o italiano, principalmente, é um povo muito empreendedor, acho que o brasileiro, ele herdou muito esse lado empreendedor do italiano; o italiano um... é um povo que preza muito pela ética geral dos brasileiros do [....], é um povo muito reconhecido por isso, e é um povo que é muito batalhador; então esse espírito de empreendedor do italiano é algo... é bem internador, em todos quase lá, é muito comum você vê muitas empresas jovens crescendo já de uma forma... tendo... normalmente já começam... você vê que já começam um pouco mais robusta do que algumas até que começam aqui no Brasil e em outros lugares, eles já têm essa cultura, é cultura desde pequenos.

[0:27:29] – MM: Muito bem! Agora, no começo você estava me contando né, que na sua adolescência você tocava baixo, participava de uma banda, é isso ou você fazia aulas e tocava pra si mesmo? Como é que era?

[0:27:40] – DB: Não, eu fazia aula e acabava, acabava tocando, sabia que tinha um pessoal do prédio e fazia uma banda específica com o pessoal do prédio né, na escola, fazia uma banda específica com o pessoal da escola, era um hobby bem divertido naquela época.

[0:27:53] – Esse hobby ainda existe, hoje você toca de vez em quando?

[0:27:57 – DB: Não, não...já me aposentei faz algum tempo já, né, assim, lá pros meus 20 anos eu vendi baixo, amplificador, enfim, e toda parafernália que eu tinha em casa, que ocupava muito espaço, e passei pra frente; desde lá eu não toco mais; de vez em quando, quando eu vou numa.... numa loja que tem alguma coisa de instrumento musical a gente acaba querendo brincar pra relembrar alguma coisa, mas, confesso que faz muito tempo que eu não toco.

[0:28:25] – MM: E sente falta ou não, ou foi uma fase mesmo, ficou no passado

[0:28:29] – DB: Não, é, foi uma fase né, foi uma fase muito boa, mas foi uma fase, e assim, falar que não sente falta, é mentira, alguma falta tenho pra sentir, também, foi bom; os bons momentos sempre marcam né, que acaba né, querendo reviver de alguma forma.

[0:28:47] – MM: Entendi. Agora, então...

[0:28:48] – DB: Quem sabe meu filho toque alguma coisa daqui pra frente...rs

[0:28:51] – MM: Ahh... que legal! Você vai incentivá-los, então, a aprender um instrumento?

[0:28:55] – DB: Vamos ver, eles são novos ainda, né, logo mais quem sabe?

0:28:58] – MM: São pequenininhos né, tem o quê: o Gabriel 3 anos e a Maria Luíza dois.

[0:29:04] – DB: Isso! Eles são... um ano e meio de diferença, imagina aquela... uma loucura!

[0:29:07] – MM: Ahhh... Imagino! E a sua esposa, como se chama?

[0:29:11] – DB: Ana Paula.

[0:29:12] – MM: Ana Paula... Muito bem! É, então! Ah, mas eu acho que a música é legal né, ela estimula muito, também o raciocínio lógico, a questão de estudar os compassos, a agilidade, a coordenação motora, criatividade; a expressão artística, ela compõe... compõe muito pro nosso dia a dia e pra nossa formação como pessoa né, é inegável a contribuição.

[0:29:35] – DB: É verdade. É verdade: música, teatro também, eu acho que...

[0:29:38] – MM: Verdade!!!

[0:29:39] – DB: ... tudo que é arte, assim, eu aconselho bastante as pessoas terem experiências né, porque... a experiência do trabalho, ela é muito.... não é [...], mas ela é um empecilho. Com... Essa formação do ser humano, quanto mais experiências diferentes a gente conseguir ter, a gente consegue, acho que é bom, um ser humano mais completo de alguma forma.

[0:30:04] – MM: Verdade, verdade. Gostei. Olha, você sabe que você pode encerrar o nosso papo oferecendo uma música, e aí eu já dei uma espiadinha aqui, eu vi que você escolheu a Sky Full Of Stars do Coldplay, e a letra fala, justamente, desse céu de estrelas que ilumina o caminho pra quem você entrega seu coração; estou curiosa... pra quem você vai oferecer essa música?

[0:30:27] – DB: Pra minha esposa, que ela tem papel fundamental em tudo que eu faço, ela ajuda muito no dia a dia, a gente... cuida junto, para sempre dos filhos, mas ela tem um papel fundamental e ela, sim, que deu o maior presente pra mim foram os filhos

Escrito por Millena Machado

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