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Podcast Lado Pessoal - Daniel Neves - Diretor Geral da Amanco Wavin Brasil

Com Millena Machado

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Podcast Lado Pessoal. Podcast semanal com Millena Machado. Crédito da imagem: Antena 1

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Apresentado pela Millena Machado, Lado Pessoal vai te levar até o universo particular dos CEOs. Com um formato descontraído, você vai conhecer aspectos da vida pessoal, decisões impactantes, mudanças de localidade, e, ainda, qual música inspirou os momentos importantes na vida de cada um dos CEOs.

Transcrito:

PODCAST Nº 02 – JUNHO/2021

Legendas:

MM = Millena Machado

DN = Daniel Neves

Vinheta: Está no ar... Lado Pessoal, com Millena Machado. O podcast de entrevistas da Rádio Antena 1.

Música da Vinheta (Antena 1).

Música de Malika Ayane: “Senza Fare Sul Serio”

MM: Olá Brasil! Sejam todos bem-vindos... bem-vindas! Está no ar, Lado Pessoal, o podcast da Rádio Antena 1, que bate um papo sincero e descontraído com os executivos que comandam as mais importantes empresas do país. Eu sou Millena Machado, e hoje revelando o seu lado pessoal pra gente, o Diretor Geral da Wavin, no Brasil, detentora da marca Amanco Wavin, Daniel Neves. Daniel.... seja muito bem-vindo!

DN: Um prazer e um orgulho estar aqui com você hoje.

MM: Você é ouvinte da Antena 1?

DN: Sou ouvinte da Antena 1, inclusive a música que estava tocando na entrada aí eu escutei pela primeira vez na Antena 1.

MM: Não diga! Que legal! E aí ela marcou pra sempre o seu coração, fica aí na sua playlist agora?

DN: Ela marcou porque estava no meu momento de transição entre decidir ir para Itália ou não, e nesse momento eu estava escutando a música; então é uma música que, realmente, que marcou a minha vida mesmo.

MM: Gente.... que incrível! “Senza Fare Sul Serio”, da Malika Ayane.... Eu amei essa música; não tinha escutado. Quando você pediu pra tocar pra abrir aqui o nosso bate papo, eu achei tão interessante a letra, essa coisa de, realmente, ela descreveu os tipos de pessoas que existem né, quem fica esperando, quem sempre tem um porém né, quando se expressa ou recebe alguma oportunidade. E aí... Menino! Eu fui lá olhar o seu Curriculum, toda a sua trajetória profissional e eu logo percebi: essa é a música da sua vida mesmo, por que se tem uma coisa que você não perde, é tempo né?

DN: Não, perder tempo não.

MM: [rsrs]

DN: Eu sou uma pessoa que... que tem muita coisa pra fazer, e o meu melhor é eu usar o meu tempo da melhor maneira possível também.

MM: Pois é! E na sua trajetória profissional, olha só, eu vou resumir pro pessoal que nos acompanha aqui, pros nossos ouvintes, a gente pode dizer que você começou aí sua carreira como executivo em 1999, na área de marketing, na empresa sueca DeLaval. E aí minha gente, demorou, apenas, 5 anos pro Daniel se tornar presidente da empresa, no Brasil, e depois ele precisou de, apenas, somente mais dois anos pra ganhar o prêmio de melhor subsidiária do mundo! Podem manter a boca aberta aí porque vem mais. Em 2010 ele se tornou presidente da Netafim, no Brasil; 5 anos depois se tornou presidente pra South Europa; dois anos depois presidiu a Divisão Europa-Oriente Médio e África; e, 3 anos depois assumiu, então, a Wavin, no Brasil, em 2020. O tempo passa rápido pra você, assim, na sua vida né? E eu observei, 5 anos, 2 anos, 3 anos, e eu cheguei à conclusão de que você estrutura, planeja sua carreira pensando em ciclos: 3 anos, 5 anos, 2 anos; é por aí?

DN: Olha, é mais ou menos por aí mesmo; e se você vê eu tive um ciclo de dez anos na primeira empresa, que foi a DeLaval, ciclo de dez anos na segunda empresa, que foi a Netafim, e agora eu estou na... espero abrir meu terceiro ciclo aí de dez anos na Amanco Wavin. Mas, dentro das empresas eu fui evoluindo pra... fruto aí do trabalho, esforço meu e da equipe que trabalhou junto comigo né.

MM: Então, ou seja, você colocou na sua cabeça que dez anos é um tempo bom pra você, realmente, entrar numa nova empresa, se adaptar, construir alguma coisa, amadurecer e deixar um legado; e é assim que você se planeja no seu dia a dia.

DN: Exato. Eu só tive uma das respostas que me marcou ao longo da minha carreira, que ele me falou, lá no início, ele falou: “— Daniel, a carreira de executivo, o que ela mais se assemelha, é com o pedreiro que constrói uma casa, porque você tem o seu período que você chega, você planeja, você constrói, e depois, se você ficar ali naquela casa, o único que você vai fazer é usufruir daquilo que você construiu, o que é bacana, e tem muita gente que vai usufruir , e é ótimo; mas você tem que decidir se você quer seguir construindo ou se você quer usufruir o que você construiu, tá!” E isso me marcou, porque eu falei: “— gente, eu tenho um poder pra construir algumas coisas, e claro que têm outras pessoas que vão ser melhores do que eu em outras coisas; então eu venho, construo a aminha parte, se eu deixo pra outro vir, esta casa vai só crescer e ficar cada vez melhor; se eu continuo ali, eu começo a fazer uma reforminha, jeitinho...”, Né? E aí, na minha visão, não era tão legal. Então, é por isso que eu acho que os ciclos foram importantes, né, pra mim, pra minha carreira e pras empresas pras quais eu passei.

MM: Então, pra você, a gente pode dizer que é fácil desapegar, porque você traz essa racionalidade aí no seu dia a dia também ou só na área profissional? Você já está...

DN: Olha... não é fácil desapagar não, viu! Eu vou dizer que é bem difícil desapegar. Mas, quando a gente tem um propósito, quando a gente acha que aquilo tem um objetivo, que você está fazendo um bem pra aquela empresa, você fala: “— olha, eu fiz o meu melhor, deixei o meu melhor aqui, e eu preciso deixar esse espaço pra que outra pessoa possa, também, fazer o melhor dela, e que essa empresa possa crescer; ou seja, eu não sou o dono da verdade, eu não sou o único que pode trazer sucesso pra essa empresa; eu trouxe sucesso enquanto eu estava aqui, eu coloquei o meu melhor, e agora é o momento de chegar um outro alguém pra brilhar e seguir fazendo essa empresa seguir”. É difícil desapagar porque, muitas vezes, significa deixar de trabalhar com muitas pessoas que eu estava acostumado a trabalhar no dia a dia e começar a trabalhar com outras pessoas que você não conhece ainda. Mas, mas por outro lado, você tem que se jogar nessa nova aventura, né, com a alma e cabeça aberta pra poder fazer o melhor trabalho possível.

MM: Seu negócio é, realmente, construir e fazer acontecer; isso é o que te faz feliz, é o movimento.

DN: Exato. Eu cheguei a um padrão que o quê me estimula é, realmente, a questão da construção, né; ou seja, eu gosto desse processo de chegar, transformar, construir, me envolver, tá. A gente está falando de empresas né, mas as empresas são feitas de pessoas. Então, na verdade, o grande objetivo de qualquer gestor é fazer com que as pessoas com quem a gente trabalha possam crescer, e à medida que essas pessoas vão crescendo, também cria espaço para que você possa sair e essas pessoas tomem o seu lugar.

MM: Agora, você sempre quis ser CEO? Porque a sua formação não é na área de, por exemplo, administração de empresas, como geralmente acontece; você é formado em medicina veterinária, não é isso?

DN: Exato, exato! Olha, é uma história bem interessante até pra definir como, às vezes, a gente tem que estar atento pras oportunidades. Mas não, eu nunca pensei em ser CEO de empresa e, na verdade, eu nunca pensei em trabalhar em empresa. Eu, quando fiz veterinária, pra mim eu tinha dois caminhos muito bem definidos, ou eu ia ser pesquisador na universidade, pesquisador, professor ou ia ser veterinário de campo; e estava caminhando todo o meu trabalho pra isso, verificação científica, enfim; fiz toda uma carreira acadêmica nessa direção. E quando eu me formei, na verdade faltando três semanas pra eu me formar, eu recebo uma ligação de uma pessoa da DeLaval, falando: “— olha, a gente está buscando uma pessoa, a gente foi lá na universidade, indicaram o seu nome pra fazer entrevista pra um processo”. Eu na hora falei: — não, não quero isso não, muito obrigado! E desliguei o telefone. Falei: “— gente!”... Depois né, a gente fala... Mas, foi dali uma noite, pensando naquilo, eu falei: “— eu não faço a menor ideia do que é uma empresa; eu não faço a menor ideia do que é essa empresa”; como eu posso falar não pra uma coisa que eu nunca vi? Não posso!”. Liguei de novo pra pessoa e falei: “— olha, você me desculpa, ontem eu falei não, mas eu gostaria de participar; ainda dá tempo? A pessoa falou: “— Claro; eu te liguei ontem, e você está me ligando hoje, claro que dá tempo de você vir participar do processo”. E aí corri, e quando eu fui participar do processo, fui escolhido, e aí entrei na carreira de uma empresa e fui me apaixonando. E aí, claro, tive que estudar muito pra agregar outras coisas, mas a veterinária me ajuda muito no sentido de trazer outros aspectos. Eu sempre faço as perguntas diferentes, eu sempre faço... tenho uma visão um pouco diferente de quem, às vezes, seguiu uma carreira mais tradicional, vamos dizer assim.

MM: Como é que você, então, se preparou pra essa carreira executiva? Durante o processo você foi fazer cursos, você citou, que cursos você fez e como é que foi isso?

DN: Olha, então o que aconteceu? Na época, como eu vinha muito com essa bagagem científica, e no início meu trabalho de marketing era ligado à qualidade de vídeo, que era ligado à área que eu tinha estudado na universidade, eu comecei a entender que existiam outras ciências, marketing, finanças, logística, tais quais eu não tinha sido treinado durante o meu período de universidade. Então eu comecei a estudar, aprender também com os meus gestores, entender quais eram os pontos importantes. Então, eu costumo dizer que foi um misto de porta se abrindo e estudo acontecendo em paralelo. Então, quando eu me movi pra vendas, por exemplo, poxa, o que eu sabia de vendas? Nunca tinha vendido nada na vida; e aí eu fui estudar um pouco de técnica de vendas, como gerenciar os canais de distribuição, como fazer, criar sistemas de acompanhamento, planos de ação, coisas que eu não tinha feito, mas eu tinha a oportunidade; a porta se abriu e eu tive a oportunidade de estudar. E aí foi acontecendo. Quando eu assumi como presidente da DeLaval no Brasil, eu tive que fazer um curso de finanças, falei: “— nossa, eu preciso entender de finanças, porque como eu vou ser presidente sem ter tido uma base mais sólida de finanças?”. O interessante é que lá atrás eu já tinha feito um curso básico, mas agora eu aprofundei. Então, foram coisas que as portas foram se abrindo, os estudos foram acontecendo e eu pude me especializar. Então, eu estudei vendas, estudei marketing, né, fiz MBA de Marketing, fiz especialização de finanças, depois fiz curso em Stanford de Organizacional, enfim; pude montar aí, em paralelo com o desenvolvimento da carreira, também um programa de estudo eficiente.

MM: Uma coisa que me chamou a atenção, quando você falou né, que primeiro disse “não”, aí você dormiu, muita gente toma decisão assim né, depois de uma noite de sono ...rsrs...

DN: Exato.

MM: E aí você ligou de volta pra ir atrás do emprego né? Foi só esse momento na sua vida ou você é assim mesmo, de repente você retrabalha as suas decisões, você se permite voltar atrás... você permite que os outros também voltem atrás?

DN: Claro!

MM: Você permite que os outros também voltem atrás com você? Como é que é isso pra você?

DN: Eu acho que a gente tem que entender que nós nunca somos dono da realidade, né, e dono da verdade. A gente tem a nossa visão e a gente tem como... né... esse momento que você descreveu aí é como eu via o mundo, quer dizer, eu estava dentro de uma universidade onde meu exemplo quem era? Os professores. Eu venho de família de professores, pesquisadores. Então, aquilo era a minha realidade. Então quando alguém falou comigo de uma empresa, eu falei: “— gente, isso é completamente fora da minha realidade, não tem nada a ver comigo”. Mas, é nesse momento que vem o clik e fala: “—bom, mas, será que não é exatamente isso, então, que eu deveria entender, já que isso é fora da sua realidade e vai ampliar o seu horizonte?” Então, você vai entender que outras decisões da minha carreira... ahnn... eu também tive essa... esse dilema entre seguir por um caminho ou outro e eu acabei seguindo pelo caminho onde eu conhecia menos, onde eu entendia menos, exatamente pra que possa ampliar esses horizontes e em ampliar esses horizontes me desafiar também, porque eu vou ter que ser melhor pra atuar num lugar que eu conheço menos, né, e vou ter que aprender mais. Então, é mais ou menos por aí.

MM: Nossa... eu adorei essa sua dica! E sabe que eu estou praticando um pouquinho disso por aqui também, porque é a primeira vez que eu faço rádio...rsrsr...

DN: Tá vendo? E não é bacana, não está te desafiando?

MM: É muito... é muito legal! Rsrs

DN: Olha que legal!

MM: O meu piloto, eu estava toda com uma voz, uma impostação totalmente diferente, bem TV, assim; aí o pessoal falou: “— Milena, pode ser um pouquinho menos, abaixa o tom, mais íntimo, mais rádio”. Então aí já mudei. E eu percebi, com essa minha oportunidade, isso que você falou, quando a gente se lança pro novo, a gente parece que fica mais atento, fica mais sharp ali nas coisas né? Mais comprometido...

DN: Exato!

MM: Mais cuidadoso, você está mais aceso, mais ligado. Quando você fica no seu ambiente, você está mais relaxado e, às vezes, não aproveita mesmo as oportunidades ou não põe tudo de si naquele momento. Maravilhosa essa sua dica, viu, maravilhosa! Muito legal! Me conta uma cosia, você... se é que já teve algum dia, porque você me parece tão... tão seguro, tão decidido, o quê que te causa pesadelo como CEO? Rsrs

DN: Nossa! Têm muitas coisas que, infelizmente, causam pesadelos, acho que pra todos os CEOs né? Mas eu acho que a primeira, a primeira delas é relacionada à segurança das pessoas que trabalham com a gente. É... deve ter certeza que elas estão todas trabalhando em ambiente seguro, de forma segura, que vão chegar no trabalho e sair do trabalho de forma segura sem ter nenhuma ocorrência. Então, eu acho que esse é o número um, segurança e saúde né, num momento como a gente está hoje, uma preocupação muito grande né, com a saúde, proteção de todos; então, esses são os pontos que, hoje em dia que, realmente, me tiram o sono. Se você falar: “— Ah... Mas e essas situações de mercado que, às vezes são positivas, às vezes perdas”; isso faz parte do negócio, e se eu fosse... se isso fosse tirar meu sono acho que eu não ia dormir nunca. Então, eu tenho que dormir bem pra poder estar bem pra tomar as decisões corretas, né, então eu procuro estar sempre ligado no que está acontecendo, mas é difícil tirar meu sono, a não ser que seja alguma coisa relacionada, realmente, com saúde e segurança, porque aí sim é algo que me deixa muito preocupado.

MM: Vamos continuar falando de decisão? É que eu estou achando muito interessante esse processo de como você toma as suas decisões. No começo da nossa conversa você comentou que estava ouvindo a Rádio Antena 1 quando tinha que decidir sobre aceitar ou não uma proposta de trabalho, e isso implicaria em mudar de país. Naquele momento, o que foi decisivo pra você dizer “sim”? Como.. O que você tinha que chamou a atenção da empresa? Qual era o teu repertório, a tua potencialidade, ali, que conseguiu fazer essa porta se abrir pra você, e o que você deve que ponderar? Você já conseguiu fazer essa conta de perdas e ganhos?

DN: Olha, é uma conta muito difícil de fazer, sempre têm perdas e ganhos. Mas você tocou num ponto muito bacana aí né... A gente nunca sai só ganhando ou só perdendo, em toda experiência de vida a gente aprende alguma coisa e, às vezes, deixa alguma coisa de lado, mas enfim. Esse processo, ele veio muito em linha com o que eu conversei com você já antes que, o meu trabalho na Netafim aqui do Brasil já tinha atingido, quer dizer, a minha casa já estava pronta, era o momento de chegar alguém pra seguir a próxima etapa da casa, e isso foi alinhado com o corporativo e o corporativo viu em mim potencial de falar: “— olha, realmente, ele consegue reestruturar, reorganizar, tem um bom fit cultural de mexer com a estrutura da empresa e colocar o pessoal pra trabalhar em equipe”. E tinha um desafio muito grande lá, que era colocar os italianos e os franceses pra trabalhar em conjunto, seria mais ou menos aqui na nossa comparação, os brasileiros e os argentinos em uma equipe só, eram equipes separadas, e aí falaram: “— ôpa! Eu acho que vai dar certo colocar um brasileiro nessa história aqui pra unificar esses times e poder fazer a empresa voltar a crescer, ela estava meio estagnada há alguns anos”. Então, eu acho que do ponto de vista da corporação foi isso. Do meu ponto de vista, era uma experiência pra nossa família né; então, claro que... com a minha esposa, a gente conversou muito, a gente tinha... naquele momento as nossas filhas estavam com 3 anos e com 5 anos, então a gente estava com elas pequenas: “— olha, é um momento que é relativamente fácil pra gente ir”. Então foi um processo decisório... nunca é muito longo, mas, algumas semanas aí de a gente ir conversando. Na verdade a gente já tinha conversado sobre isso, né, há anos, falei: “o que poderia acontecer se um dia aparecesse essa oportunidade?” E aí quando veio a oportunidade a gente estava maduro pra aprofundar a discussão e tomamos uma decisão como família, que era o melhor; eu acho que essas decisões, principalmente, de mudar de país é muito importante que sejam compartilhadas, e aí eu tenho a sorte de ter uma companheira de vida né, minha esposa é minha companheira de vida e sempre nessas decisões importantes ela está ali comigo, e a gente decidiu e foi, e foi uma experiência muito bacana mesmo, o que a gente viveu, aprendemos, igual você falou, a gente ganha algumas coisas muito bacanas, perde com a distância da família, tanto ela quanto eu sempre fomos muito ligados às nossas famílias, e isso a gente acaba perdendo; mas a tecnologia ajuda né? Então, é muito diferente, hoje, morar uns anos fora do que era há 20 anos atrás; então, isso teve um processo evolutivo.

MM: E aí você passou quantos anos fora, dez anos fora do Brasil?

DN: Não; foram quase 5 anos.

MM: 5 anos.

DN: Foram quase 5 anos, ahnnn... E aí, de novo, chegou o momento lá, em 2019, onde eu com a minha esposa, falamos: “— olha, nossa filha mais velha já está com dez anos, eu acho que já está quase pra ela ir pra adolescência, e tudo mais, seria bacana a gente deixar ela criar a rede de amizades dela no Brasil; onde a gente quer que ela crie a rede de amizades? A gente vai manter os amigos aqui da Itália, mas eu acho que seria bacana começar a criar um pouco mais de raízes. E a gente chegou à conclusão que, pessoalmente, esse era o foco e, profissionalmente, eu já estava ficando meio assim: “— poxa, eu estou agregando tanto valor pra um lugar que já tem muito valor, que é a Europa, será que não é o momento de eu agregar mais valor pro país onde eu nasci, onde eu gosto, onde estão as minhas raízes? E profissionalmente, também, foi esse momento, sabe, de ver e falar: “— olha, ok, eu consolidei a minha carreira, como você comentou, eu tive oportunidades em várias áreas de negócios, em geografias diferentes; pôxa vida, eu quero contribuir mais pro meu país, tá?” E foi aí que apareceu a oportunidade Wavin, que é do mesmo grupo da Netafim, e aí tudo aconteceu meio rápido porque, na verdade, o plano era voltar no final de 2020, mas a oportunidade, na hora, era no início de 2020, e aí as coisas se aceleraram um pouco.

MM: Entendi. Onde que você morou lá na Itália?

DN: Eu morei numa cidade pequenininha chamada Chiavari, ela fica no Norte da Itália, próxima de Gênova; Gênova é a cidade maior que tem lá por perto. Mas têm dois locais muito conhecidos, turísticos, muito próximos, um é Portofino e outro é Cinque Terre, que são os dois lugares, e eu morava exatamente entre esses dois lugares, um lugar muito bacana mesmo, muito bonito.

MM: Entendi. É, eu perguntei porque tem gente que, às vezes, escolhe ou decide se vai aceitar uma oportunidade como essa ou não porque escolhe o país, e não só o país, mas também procura sempre uma capital, pensando nos filhos, né, na família, em como o parceiro vai desenvolver a própria carreira ou vai ampliar a sua formação pessoal né, e você, então, foi entre aspas “pro interior” vamos dizer assim, foi viver realmente uma experiência totalmente diferente de quem sai de São Paulo...rs...

DN: Isso! E algumas decisões nós tomamos porque a gente tem a ver com isso aí, que foi ... primeira coisa, a gente ia viver na Itália como italianos, a gente foi como expatriado, claro, é assim que funciona o processo executivo normal, te levam pra uma escola de italiano normal, onde as famílias italianas levam os filhos, eles não vão pra uma escola internacional, não vamos pra nada disso; nós não vamos pra participar de grupos de estrangeiros que moram na Itália; nós vamos chegar lá e vamos integrar com a comunidade, nós vamos viver na Itália, nós vamos aprender a ser italianos; e foi o que a gente fez. Então a gente chegou, a gente tem a .... eles levaram a gente direto pra Gênova né, que era a cidade maior, então: — aqui vocês vão encontrar o que vocês querem. Falei com a minha esposa, falei; “— hummmm... Não sei se vai dar certo isso em Gênova não”. A gente pegou o carro num final de semana e fomos rodando, eu acho que a gente entrou em Chavari, a gente parou, abriu a porta do carro, respiramos o ar e a gente falou: “— é aqui... é aqui que nós vamos morar”.

MM: Ahrrr... Olha!

DN: E... E assim, experiências incríveis, tá, Milena! A gente mal falava italiano, eu olho pro inglês e a gente ia se virar, impossível, a gente teve que aprender italiano muito rápido, mas assim, na escola, os outros pais ... assim, a gente conversa com eles até hoje né, claro, a gente manteve toda uma rede de amizade, mas é uma experiência incrível! A gente, em poucos meses vivia como uma família italiana, com os amigos italianos, na rotina deles; foi realmente espetacular. Essa decisão, acho que, de viver como uma família italiana e não como uma família de expatriados, acho que foi uma das mais importantes que a gente tomou na nossa ida pra lá.

MM: Vocês já tinham dupla cidadania quando foram pra Itália, a dupla cidadania ajudou?

DN: Não.

MM: Ah não, não, tá.

DN: Não, a gente não tinha dupla cidadania, mas a minha esposa, ela é descendente de italiano dos dois lados, do lado de pai e do lado de mãe, então, a minha esposa, depois que a gente estava lá há dois anos, ela conseguiu a dupla cidadania e depois de um tempo eu também consegui; então, hoje, nós temos a dupla cidadania, mas isso foi depois que a gente estava lá.

MM: Perfeito, entendi. Bom! Qual foi o melhor dia da sua carreira? O que aconteceu nesse dia, quando foi que você ficou feliz da vida e entender o que você veio fazer no mundo? “Ahhhh... esse sou eu”... rsrsrs... Já aconteceu? Já chegou esse dia? Estou achando que sim...rsrsrs

DN: Olha, Milena, já aconteceu muitas vezes, e esse é que é o ponto. Eu não consigo te falar, assim: “— ahhh, esse é o dia melhor da minha carreira” ; eu acho que uma carreira é construída de pequenas vitórias e algumas derrotas também, se a gente tropeçar no caminho, ir e aprender; então eu tive muitas derrotas e tive muitas vitórias e, se você quer saber, pra mim, o melhor dia da carreira é esse, é o dia que a gente vai aprendendo; sabe, é o dia que a gente vai... de repente você teve uma derrota mas você fala: “— poxa, massa eu aprendi uma lição aqui”; acho que esse foi um dia importante na carreira. Eu vou te citar um dia, anterior à minha carreira executiva que marcou muito e você vai ver que são as coisas pequenas que a gente leva pra vida: na faculdade de veterinária, a gente ia pra alguma cidade pra fazer trabalhos de veterinária nas fazendas e dar ajuda também enquanto aluno como professor; e a rotina era: a gente acordava cedinho, saía, ía e ficava o dia inteiro na fazenda e voltava no final do dia; lá pelo 3º ou 4º dia você já estava cansado; então, a gente indo pra uma fazenda, chegamos 6h da manhã, ou seja, saímos às 5h do hotel, eu fui abrir uma porteira, assim, meio devagar, o professor olhou pra mim e falou assim: “— é com esta vontade que você vai pra vida? Você nem se formou ainda e você está com essa vontade pra abrir essa porteira e começar o seu dia de trabalho? Ou você vai correndo daqui agora, abre aquela porteira e volta correndo ou você não vai entender o que você tem que fazer da sua vida”. E, olha, esse professor eu já falei isso com ele depois, e ele nem lembra que falou isso comigo, mas ele marcou tanto a minha vida, do tipo: “— puxa, a gente tem uma oportunidade a cada dia de fazer melhor”. Sabe? E ali me marcou muito forte. Então, se você quer saber o melhor dia da minha carreira, um dos melhores foi esse, antes de eu ter começado, e isso me impulsionou por toda vida que eu tenho levado até hoje.

MM: Muito bem! Bom... por último, antes de a gente chamar a sua música, eu queria saber de você: o que é um imperativo do mundo, hoje, assim? O que você acha que é de mais urgente e que a gente precisa se conectar e se atirar pra isso?

DN: Olha, eu acho que a gente tem que se conectar com o nosso lado humano, porque, infelizmente, a gente tem sido forçado a perder o nosso lado humano...ahnnn...né, ficando o controle de pensamento e a gente tem que respeitar todas as regras mesmo, e a gente corre o risco de perder o nosso lado humano, de perder o nosso lado de querer estar próximo de quem a gente gosta, de conversar; então, pra mim, imperativo é a gente querer tratar e estar atento pra não perder o nosso lado humano.

MM: Amei saber! Vou guardar essa lição pra mim também... todo dia, quando eu acordar com aquela preguicinha vou falar: “ não, não é com essa energia”...rsrsrsrs

DN: Exato!

MM: Se eu quero ser protagonista da minha vida, não! rsrsrsrs

DN: É isso aí... Exatamente!

MM: Aliás, vamos botar um som aqui né, vamos por uma trilha sonora, partindo desse seu exemplo aí, desse que é um dos melhores dias da sua vida.... E acho, até, que tem tudo a ver com a música que você escolheu pra gente encerrar o nosso papo, você falou sobre cair e levantar né, de se erguer, que essa coisa do aprendizado, e também, agora, da energia, “Jump” do Van Halen... Essa música mexe com você como, em que sentido? Pra quem você quer oferecer essa música?

DN: Olha, eu ofereço essa música a todos os ouvintes que estão aqui com a gente hoje, né, e que eles possam aí se inspirar e possam... né... in comemenés a vida, afinal, Jump, né, o palco lá, vamos saltar; eu escuto essa música e me dá essa energia positiva, me dá essa força de seguir, tá, e eu acho que é isso sim, eu quero... vamos todo mundo pular, e vamos encarar a realidade do mundo aí com uma energia positiva.

MM: Muito bem! Adorei! Então, vamos se jogar! Daniel...

DN: Vamos se jogar...

MM: Muito obrigada! Foi uma satisfação receber você aqui na Rádio Antena 1 pra esse podcast. Obrigada pela generosidade das respostas, foi muito legal como você se abriu aqui pra gente e contou experiências, momentos marcantes da sua vida que eu tenho certeza que vão inspirar e encorajar muitos dos nossos ouvintes. Parabéns por viver a vida com esse comprometimento, com essa energia que você demonstrou aqui! A forma como você escolheu a cidade na Itália, que vai morar? Essa eu vou fazer questão de contar pra todo mundo lá em casa porque, realmente, a intuição te conduziu ao caminho certo, viu! Parabéns pelas suas decisões e pela sua trajetória... E mais sorte, mais reconhecimento pessoal e profissional pra você.

DN: Muito obrigado, muito obrigado, Milena. E que boas coisas venham aí e que a gente possa, cada um de nós, construir sempre o nosso pedacinho e construir coisas boas ao nosso redor pra que o mundo fica um lugar melhor mesmo. Muito obrigado!

MM: É isso aí... Obrigada! Valeu Daniel! Um beijo grande pra você, pra todo pessoal da Amanco Wavin, até a próximaaa....!.

DN: Até a próxima.

MM: Lembrando, gente, que esse podcast, O Lado Pessoal de Daniel Neves, diretor geral da Wavin, no Brasil, vai ficar disponível na plataforma da Rádio Antena 1. Você pode escutar novamente; aliás, você pode escutar quantas vezes você quiser, hein! E compartilhar também. Então faça isso: excite de novo e compartilhe muito! Até a próxima pessoal! Tchau....

Música de encerramento: “Jump” – Van Halen

Escrito por Millena Machado

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