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Podcast Lado Pessoal - Márcio Santoro - Co-Presidente da agência África

Com Millena Machado

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Podcast Lado Pessoal. Podcast semanal com Millena Machado. Crédito da imagem: Antena 1

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PODCAST Nº 19 (2ª Temporada)

Apresentado pela Millena Machado, o podcast Lado Pessoal vai te levar até o universo particular dos CEOs. Com um formato descontraído, você vai conhecer aspectos da vida pessoal, decisões impactantes, mudanças de localidade, e, ainda, qual música inspirou os momentos importantes na vida de cada um dos CEOs.

Saiba mais sobre esse episódio: Lado Pessoal: Millena Machado recebe Márcio Santoro, da agência África

Lado Pessoal é patrocinado pela Puc-Campinas! Confira os novos cursos da universidade: PUC-CAMPINAS LANÇA 8 NOVOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO

Legendas:

MM: = Millena Machado (Apresentadora do podcast, Lado Pessoal).

MS: = Márcio Santoro (Entrevistado)

Está no ar... , com Millena Machado, o Podcast de entrevistas da Rádio Antena 1! Vinheta da Antena 1.

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Música de introdução deste Podcast: Highway to Hell ACDC.

[0:01:03] - MM: Olá!... Está no ar a segunda temporada do Podcast Lado Pessoal - Rádio Antena 1. Eu sou Millena Machado, e a partir de agora eu vou bater um papo aberto, bem descontraído e revelador com o executivo que comanda uma das maiores e mais admirada empresa do Brasil. Eu convido você a descobrir junto comigo o que pensa, como decide e o que inspira o copresidente e cofundador da África, que é uma das maiores agências de publicidade do nosso país, faz parte da maior holding de comunicação da América Latina, o Grupo ABC. Márcio Santoro, seja muito bem-vindo!

[0:01:38] – MS: Ah, muito obrigado, Millena... Nossa, pra mim é... um prazer estar aqui, poder aí dividir um pouco da... das experiências, mais do que profissionais né, experiências de vida aí, que eu espero que possam ser interessantes né, e que possam animar alguém que esteja ouvindo a gente aí, e que... e que enfim, possa se inspirar aí com alguma experiência que a gente consega dividir aí hoje.

[0:02:06] – MM: Ai, com certeza vai ser, viu; estou tão animada com a nossa entrevista, porque acabei pesquisando sobre a sua vida, e vi quanta coisa bacana e diferente você já fez, acho que vai ser enriquecedor o nosso papo. Quero começar já com essa música que você escolheu pra abrir o nosso podcast, que é Better Together do Jack Johnson, quero saber o que ela revela sobre o seu lado pessoal, né, que tanto e que tipo de coisas você já descobriu aí na sua jornada que é melhor fazer junto e que você não abre mais mão: “— não vou mais fazer esse negócio aqui sozinho, só se for junto”...rsrs ?

[0:02:37] – MS: Rs... Não, eu acho que essa música, pra mim... bom, eu gosto muito de Jack Jhonson né, que eu gosto de... eu gosto de levar... acho super importante a gente ter uma vida profissional agitada e cheia de responsabilidade, realmente gosto, desde o início da minha carreira né, assim, eu gosto de ter uma vida profissional muito intensa, mas também , desde cedo eu aprendi e, talvez, eu acho que esteja um pouco do segredo aí da... né, da... por quanto tempo eu consigo fazer o que eu faço, eu trabalho com propaganda há mais de 30 anos né, é sempre tentar dar uma brecha e levar... usar a expressão: “levar a cabeça e a alma pra passear”, e aí quando você tem essas brechas e leva um pouco a cabeça pra passear, eu acho que a música né, é uma forma de levar a cabeça pra passear, e... e também eu gosto muito de ir pra praia né, e... e esse som me lembra muito praia né, já que o Jack Jhonson é um surfista, e pra quem não sabe o Jack Jhonson é um... além de um grande músico, ele é um super surfista, surfa muito, eu já vi ele ao vivo algumas vezes surfando no Havaí, e... e ele era um... ele era um cara que ia se tornar um surfista profissional, morava na ilha de Oahu, e ele sofre um acidente em Pipeline, que é uma das ondas mais perigosas que tem no Havaí, e ele bateu o rosto, assim, um acidente bem grave, assim, quebrou dente, e bateu no fundo, no fundo do mar lá, que tem umas pedras e aí ele ficou quase um ano sem poder surfar, e nesse tempo ele começou a tocar violão, e aí o que era pra ser um grande surfista, virou um grande músico. Então, assim, ele tem essa conexão com o mar e com a música, que eu me identifico bastante, e essa música, a Better Together, me lembro que teve um... logo no começo da pandemia, a gente estava todo mundo em casa né, todos que eu digo todo mundo, todos nós né, estávamos em casa, o mundo inteiro em casa sem saber o que ia acontecer, e aí teve um festival né, tipo um festival de música, é...uma live, na verdade, e a parte dele, ele cantou essa música, Better Together, e aí eu fiquei imaginando, falei: “— porra, a hora que acabar tudo isso, realmente é sempre melhor quando a gente está junto”, né: então, ficou uma música que marcou muito essa... essa perspectiva de Better Together, Better... quando passasse tudo isso a gente poder estar junto de novo com quem a gente ama, com quem a gente gosta, enfim; então, por isso que essa música foi... foi muito importante, assim, nesses últimos dois anos.

[0:05:27] – MM: Sim. E você também teve, assim, uma virada na tua vida logo no comecinho né, porque você fazia Direito, resolveu largar a faculdade e foi fazer Publicidade.

[0:05:38] – MS: É.

[0:05:38] – MM: Como é que foi isso daí pra você, como é que isso aconteceu na sua vida?

[0:05:42] – MS: Acho que foi muito natural assim, né; acho que é importante quando a gente... tanto na vida pessoal quanto na vida profissional, você tem um instinto né, que diz pra você fazer ou pra você não fazer alguma coisa, é bom você seguir esse instinto né, e quando eu me formei no colégio, e aqui no Brasil tem essa coisa né, você tem que escolher a tua profissão cedo né.

[0:06:05] – MM: Sim.

[0:06:06] – MS: Quando você se forma no colégio você tem que escolher se você vai ser médico, você vai ser veterinário, engenheiro, é...cientista político, assim, historiador, só no Brasil que essa decisão tem que ser tão drástica assim, em outros países você pode escolher fazer um college, assim, mais geral, assim, e depois você vai... vai afunilando naquilo que você gosta mais. Então, aos 17 anos eu me formei no colégio, eu fiz o Colégio Dante Alighieri, colégio super tradicional de São Paulo, e eu não sabia o que fazer, aí meu pai falou: “— porque você não faz Direito?” E aí eu prestei pro Direito e entrei, acabei entrando no Direito. Eu lembro que eu fui na minha primeira aula de Direito, era aula de Direito Romano; nada contra o Direito e nada contra os romanos né, mas no final da aula eu percebi que não era aquilo que eu queria da minha vida. Então, eu cheguei a cursar... fala-se: “— ah, você chegou a cursar Direito? — Sim, um dia”. E eu me lembro que eu voltei pra casa falando assim: “— cara, eu não quero isso, assim, não tem a menor chance”. E aí foi meio que uma tristeza, assim, né, em casa todo mundo ficou assustado: “— pô, o cara entrou na faculdade, foi numa aula e... você não acha que tá tomando essa decisão um pouco cedo e tal?” Eu falei: “— gente, vocês não estão entendendo, eu não consigo voltar pra faculdade.

[0:07:40] – MM: [interjeição de espanto] Uhr!

[0:07:40] – MS: “— Então, eu vou fazer outra coisa”. E eu sempre fui um cara que gostei de comunicação né, gostei sempre de gente, sempre gostei de sentar pra conversar, pra discutir ideias, fui sempre um cara que consumiu muita mídia, gostava de televisão, rádio, né, se você me pedir pra cantar uns jingles aqui da década de 70 eu vou saber cantar, eu sei todos, assim, eu lembro...

[0:08:09] – MM: Olha! Eu sei alguns também, mas dos anos 80... rsrsrs

[0:08:12] – MS: É, então, pois é, mas eu tenho dos anos 80 também, eu tenho dos anos 70, dos anos 80, tem... tem vários, e eu lembro porque eu me interessava por isso e tal.

[0:08:26 ] – MM: Qual que mais te marcou, antes de você falar da tua virada aí? É que agora eu fiquei curiosa. Quais que você lembra de cabeça aí, e canta?

[0:08:30] – MS: Pô: Duchas Corona,é... Rexona, tem vários aqui. É que eu não vou cantar, senão vai... o podcast vai perder audiência, mas...

[0:08:44] – MM: [Risos] Imagina!

[0:08:45] –MS: Tem vários: do D D Drim, tem vários, cara...

[0:08:48} – MM: Ah... eu lembro do D D Drim...É!

[0:08:50] - MS: É, é...

[0:08:50] – MM: Ortopé...Ortopé é tão bonitinho, também lembro...rsrs

[0:08:54] – MS: É, é, exatamente! É, das... Enfim, tem... tem um monte, um monte. Então, eu sempre tive essa... sempre gostei de propaganda, sempre curti os anúncios.

[0:09:06] – MM: Mas aí foi rápido pra você? Por exemplo, tudo bem, explicou pra família, o pessoal se assustou, mas depois imagino que te acolheu. Quanto tempo levou pra você...?

[0:09:15] – MS: Não, mas aí tem aquela história de você fazer o cursinho e prestar no meio do ano né.

[0:09:20] – MM: Uhum...

[0:09:20] – MS: E aí tinha a ESPM, que tem a ESPM, que é uma faculdade super bacana na área de marketing e propaganda né...

[0:09:29] – MM: Sim...

[0:09:29] – MS: Já era na minha época, eu falei: “— ah, vou tentar a ESPM”. E aí eu prestei o vestibular lá e entrei, entrei assim, e... e foi muito legal, porque quando eu entrei na ESPM, eu já tinha uma amiga que a gente estava conversando dois dias depois que eu tinha entrado lá, sabia que eu tinha entrado na faculdade, e ela falou: “— ah, eu vou visitar a DPZ, é uma agência super legal, você não quer ir lá visitar comigo?”. E eu fui visitar a DPZ, e assim, porque aí eu fiquei maravilhado, assim, com a atmosfera do lugar, sabe? Eu ainda tinha 17 anos na época e achei, sabe, não sei, foi mágica mesmo, assim; sabe, quando você entra num lugar e ... E até depois eu fui chamado pra fazer uma pesquisa né, que eles estavam fazendo uma pesquisa pra Johnsons, na época eles tinham a conta da Johnsons, e ele falou: “— ah, você, vem cá que eu vou te pegar aqui”, um diretor de planejamento lá, “— você está aqui visitando a gente né, vem aqui que eu vou te pegar pra fazer...queria teu depoimento sobre... sobre uma linha de produtos nossa e tal”; e aí eu lembro que ele me fez essa entrevista, terminou a entrevista ele falou: “— você já pensou o que você vai... você trabalha com o quê?” Eu falei: “ — Não, trabalho com nada, eu acabei de entrar na ESPM”, e ele falou: “— cara, você tem que ser publicitário, você é super articulado, fala muito bem, tem uma visão super intuitiva, super legal e tal, tal”. E aí eu consegui um estágio lá na DPZ.

[0:11:03] – MM: Nossa... que legal!

[0:11:04] – MS: Nessa época... E aí era um estágio que passava por várias áreas. A gente tem aqui na África, a gente tem esse estágio né, que é o estágio de visita assim, né, pra você conhecer e tal, e lá também tinha, eu lembro que era um estágio de duas semanas, e quando terminou o estágio de duas semanas, aí o cara que cuidava dos estágios, eu lembro dele até hoje, de vez em quando eu encontro com ele, que era o Almir né, que cuidava dos estágios naquela época, ele era o... meio que o piar da agência, e também cuidava dos estágios, ele estava fazendo discurso né, de... “— olha, foi legal te ter aqui, espero que você tenha gostado...ta-ra-rá... Eu sei também que você acabou de entrar na faculdade, tal, vai ser legal se no futuro a gente voltar a estar junto...” Aí eu deixei ele terminar, e falei: “— deixa eu te falar uma coisa, Almir? É o seguinte, eu não vou sair daqui não, cara”. Eu falei pra ele: “— eu moro aqui do lado”, a DPZ na época era na Cidade Jardim, eu falei: “— ó, eu moro aqui com meus pais, aqui na Artur Ramos, tenho 17 anos, cara, e eu tô a fim desse negócio de propaganda, achei o clima dessa agência, a energia desse lugar maravilhoso; cara, assim, eu tenho possibilidades de encerrar esse estágio, arruma alguma coisa pra eu fazer aí né”. Aí ele ficou meio assustado, né... — Como assim? “— Não, eu não vou embora, cara, sinto lhe informar, arranja alguma coisa pra eu fazer”. E ele falou: “— nossa, que atitude, hein! Espera aí, depois dessa eu vou arranjar alguma coisa pra você mesmo”. E eu acabei sendo.... acabei sendo o... o office-boy voador lá né, que eu brinco, porque...aí ele me arranjou uma vaga, na época né, pra você entregar os filmes nas emissoras de TV.

[0:12:55] – MM: Uhum...

[0:12:54] – MS: Não tinha essa coisa de você mandar o arquivo digital e aí... como vocês têm aí na rádio né, pra ter o spot de rádio, a agência manda o arquivo digital né...

[0:13:04] – MM: Por e-mail... É.

[0:13:05] – MS: Por e-mail, tal, até por whatsapp vai tal e depois de 5 minutos vocês estão veiculando aí na rádio né?

[0:13:13] – MM: Rs... É.

[0:13:13] – MS: Na época, isso eu estou falando de 1987 né; você tinha que pegar aquelas fitas enormes né, as fitas U-matic’s né, e você tinha que, fisicamente, entregar na emissora; e naquela época, tanto a Manchete quanto a Globo era no Rio de Janeiro, então, eles precisavam de alguém que... eles tinham lá o malote que eles chamavam né, eles precisavam de algumas vezes, todo dia tinha algum filme, que o malote saía, sei lá que horas, acho que era duas da tarde e tal, os filmes perdiam os malotes, que ficavam prontos depois, então, tinha que mandar alguém depois das duas com os filmes que estavam atrasados. E aí eu era o responsável por essa entrega. Então, eles me davam os filmes, eu botava na minha mochila, ia pro Rio de Janeiro...

[0:14:01] – MM: Ia pro aeroporto...rs

[0:14:01] – MS: Pegava um táxi, entregava... pegava o meu aviãozinho; lembro que na época tinha... tinha walkman né, em fita K-7 né, aí eu lembro que eu levava uma fitinha por viagem, eu lembrava que o lado A era a ida da fita, e aí o lado B era a volta do avião [risos], e aí eu chegava lá no Santos Dumont, isso era todo dia...todo dia, Millena, todo dia!

[0:14:28] – MM: [interjeição de espanto] Hummm!

[0:14:31] – MS: É, todo dia, e durante meses eu fiz isso. Mas daí pegava lá o táxi, no Santos Dumont, parava lá na Manchete, TV Manchete primeiro, que era mais perto, entregava as fitas, aí depois eu ia até a TV Globo, entregava as fitas, voltava, aí eu tinha o dinheiro pra um... pra bater um ranguinho né, que eles me davam lá na agência, eu pedia, fazia o check-in, aí até esperar a hora do check-in, eu ia até uma lanchonete que tinha no Santos Dumont, ali, que era... acho que até acabaram com essa lanchonete, pra mim tinha o melhor chapeiro do mundo...

[0:15:02] – MM: Olha! Rs..

[0:15:02] – MS: E eu chegava lá, ele já me via e já sabia o que eu queria uma vitamina e um misto quente... [risos]. Aí eu comia meu misto quente e voltava pra São Paulo, chacoalhando né, no... [risos[... Tinha vez que eu pegava o 737, que já tinha o 737, e tinha outras vezes que eu pegava... É, quando era Transbrasil era o 737 e quando era Varig eu pegava o Eletra né, que era hélice ainda; então... E aí eu chegava aqui no aeroporto, ia direto pra casa...

[0:15:36] – MM: E estudar, que horas?

[0:15:37] – MS: Ligava lá pro pessoal da expedição lá, e falava: “ó...

[0:15:40] – MM: Está entregue!

[0:15:42 – MS: Eu brincava que... ligava lá pro pessoal do DPZ e falava: “— o bebê tá no berço”. Hora que eu ligava, o bebê tá no berço, é que a missão estava cumprida, as fitas estavam entregues, e...

[0:15:55] – MM: E aí você estudava a que horas, de manhã ou à noite?

[0:15:57] – MS: Então, aí, nessa época eu estudava de manhã, mas eu fiz só um semestre de manhã na ESPM...

[0:16:03] – MM: Tá.

[0:16:03] – MS: E... E aí quando eu comecei a trabalhar... Porque daí eu queria trabalhar na mídia né, e eu falei: “— ó, gente” –porque já tinha uns 6 meses trabalhando assim né – eu falei: “— olha, já que deu pra mostrar lá que eu tô a fim né”, então... Aí eles me chamaram pra ser programador de mídia, aí eu comecei a fazer planejamento de mídia e tal, mas eu queria mesmo era atendimento né, que eu já tinha me ligado que era a área, eu via a galera, via a relação com os clientes, tal e eu sempre tive essa coisa de vendedor né, eu sou até hoje, eu sou... se perguntarem o que eu faço, eu sou um vendedor, eu vendo, só que eu vendo ideias hoje em dia, é isso o que eu faço.

[0:16:47] – MM: Uhum...

[0:16:47] – MS: E eu sempre fui, sempre tive essa característica de vendedor, o meu pai sempre foi vendedor, até hoje ele é, ele tem 84 anos e ele trabalha até hoje como representante autônomo né...

[0:17:02] – MM: Olha!

[0:17:02] – MS: E... E antes disso, nas férias, quando eu tinha, sei lá, dos 8 até uns 15 – 16 anos, todas as férias eu saía com ele pra fazer vendas, então eu acho que eu aprendi um pouco com ele sobre essa coisa de vendas, e também tem um lado mais de... sobre... um lado mais científico das coisas também, que eu também tive porque minha mãe era professora da USP, ela foi professora da USP da faculdade de Farmácia durante muitos anos; então, ou eu ia ser vendedor como meu pai ou ia pros laboratórios da USP com a minha mãe; então eu acho que foi uma formação interessante, assim.

[0:17:43] – MM: Sim! Eu imagino, né, gênios, o Duailibi, o Petit, o Zaragoza, imagina? Imagino como era aquela atmosfera.

[0:17:52] – MS: Não, não, olha, você tinha lá debaixo do mesmo teto ali, você tinha, além do Petit, do Zaragoza e do Duailibi, né, você tinha o Marcelo Serpa...

[0:18:02] – MM: Sim...!

[0:18:02] – MS: Que trabalhava com o Petit, né, que era um jovem carioca, que tava lá...

[0:18:07] – MM: Que tá morando no Havaí, né, agora, né? Voltando a falar de surf, o começo da nossa conversa né...rsrs...

[0:18:13] – MS: Ah... Tá morando no Havaí, ele é um amigão meu, e a gente... a gente foi vários anos juntos pro Havaí, antes de ele... passar o ano novo lá, antes de ele tomar a decisão de morar lá, me lembro que ele foi me mostrar o terreno, depois nós fomos ver a obra da casa dele e tal. Mas, enfim; tinha o Serpa que era um... era um diretor de arte super novo, que tinha acabado de chegar da Alemanha, um super talento, tinha o Washington que era o redator do Petit...

[0:18:38] – MM: Uhum... Washington Olivetto né? Uhum...

[0:18:42] – MS: É, extamente! Tinha o Nizan que também trabalhava lá...

[0:18:44] – MM: É grande... Olha!

[0:18:46] – MS: Tinha o Afonso Serra no atendimento, você tinha Neil Ferreira que trabalhava com... com o Zara, você tinha a Helga; enfim, era um...

[0:18:58] – MM: Só feras, né?

[0:18:59] – MS: Era um time...

[0:18:59] – MM: É.

[0:18:60] – MS: É, pô, era o dream time da propaganda brasileira e, pô, acho que mundial na época.

[0:19:05] – MM: O Márcio, eu tô cheia de pergunta pra te fazer, eu tô amando, assim, a generosidade...

[0:19:11] – MS: E eu tô falando... tô falando que nem uma máquina...

[0:19:13] – MM: Não, eu tô amando, você tá sendo super generoso com a gente, sincero né, extrovertido, assim, tá muito, muito legal. Sabe que eu fiquei pensando né, você falou um pouco aqui da sua ascendência, da vocação, do talento do seu pai, da vocação da sua mãe, você acha que essa característica que você acabou descobrindo em você ou desenvolvendo em você nesse âmbito familiar de onde você vem que, por exemplo, tem a ver com a escuta ativa, tem a ver com a empatia, porque fazer atendimento, fazer vendas é você se colocar muito no lugar do outro né, escutar com atenção, desenvolver uma capacidade bem assertiva, assim, também, não só de se expressar mas também de observação, você acha que isso te ajuda no teu atual desafio que é uma copresidência?

[0:20:03] – MS: Olha, vamos lá! Acho que têm várias coisas nessa sua pergunta; primeiro dessa questão da confiança, da... das relações e tal que a gente tem com nossos clientes e tal. Eu vou te relatar uma experiência aqui: antes de ser o entregador de materiais da DPZ, no Rio, eu fui trabalhar, que isso era super normal né, nas tais vendas de natal, eu fui trabalhar numa loja na Oscar Freire, na época era uma loja que tinha na esquina da Oscar Freire com a... não lembro o nome agora, acho que ainda tem, chama Garmin, que vende jeans, etc. Então eu fui trabalhar lá, tinha, sei lá só 16 anos, eu fui trabalhar lá como vendedor na época do natal. E aí eu comecei, assim, de uma hora pra outra, assim, eu comecei a ser o vendedor que mais vendia na loja...

[0:21:01] – MM: Olha!

[0:21:01] – MS: E porque isso aconteceu? Porque, cara, eu era super honesto com as clientes. Então, as mulheres... acho que tem um momento que mulher fica super insegura na hora de comprar roupa, assim né, mulher, homem principalmente, é que mulher demonstra, talvez, mais assim né, então elas são mais transparentes nessa insegurança na hora de comprar uma roupa, homem já fica mais... fica mais assim... é... sei lá, talvez não demonstre tanto, mas, aí o que eu fazia com essas clientes? Eu era super sincero. Então, de vez em quando elas botavam uma calça jeans assim, e elas falavam: “— ah, quero tal calça, tal modelo”. Eu olhava pra ela, eu entendia já um pouco lá do corte, aí entra o lado cientista né, eu fiquei estudando os corpos, vendo né, se a mulher tem cintura alta qual que servia melhor, cintura baixa qual que servia melhor, blá-blá, blá, eu sabia de tudo assim; e aí ela pedia uma calça, eu sabia que ia ficar ruim nela...

[0:21:57] – MM: Ai, que situação!...rsrs

[0:21:57] – MS: Né, eu sabia que ia ficar ruim nela, só de olhar pra ela, assim né. Mas eu pegava a calça que ela queria, mas eu também já, também levava uma outra que eu achava que, pelo corpo dela, assim, ia ficar melhor, e aí ela sempre pedia a primeira calça que ela tinha pedido, né, normalmente é assim, e aí eu entregava a calça pra ela, que eu sabia que ia ficar ruim, e ela saía do provador e falava: “— e aí”? Eu falava: “— bom, ficou ruim”.

[0:22:24] – MM: Rsrsrs... Meu Deus! Rsrs...

[0:22:26] – MS: Ficou ruim, por que... Assim, a mulher tomava um susto, ainda mais vendedor de loja fala que você tá linda, sempre. E mesmo quando eu falava: “— ó, não ficou boa”, os vendedores me olhavam: “— esse cara não quer vender”. Cara, eu falava a real, falava: “— ó, não ficou boa, essa calça que você quer não cai bem no seu corpo; pro teu tipo de corpo tem essa calça aqui. “—ah, mas..”. Que essa calça aqui começou a ficar na moda, a calça curta, lembra que tinha a calça de cintura alta e aí começaram a chegar as 501 da Levi’s né, e tal, e a Garmin fazia parecido, que era cintura baixa. É uma calça mais difícil...

[0:23:00] – MM: Sim.

[0:23:00] – MS: E... E aí todo mundo que entrava lá queria uma calça de cintura baixa e tem corpo que, pô, não funciona a calça cintura baixa.

[0:23:09] – MM: Uhum.

[0:23:09] – MS: Aí eu já levava outra calça, a mulher experimentava, a cliente, e ficava bem melhor, daí ela sabia que estava bem melhor, e aí falava: “— nossa, mas tá bem melhor mesmo; sabe o que eu queria? Queria aproveitar, você tem uma camisa também?” “ — Claro”; “— tem algum cinto?” “— Claro!” “— Olha, com esse cinto, agora, tem um sapato que é show!” Aí, cara, assim, eu vendia meia loja pra ela, entendeu? Então assim, eu aprendi que essa coisa da confiança, ela vem através da sinceridade; até tem uma frase, que essa frase nem é minha, é de um publicitário americano, que ele fala que ”propaganda é criação – e eu acredito nisso – “propaganda é criação e relacionamento”, e acho que, inclusive, eu tô falando essa frase porque ela começa a responder a segunda parte da sua pergunta...

[0:23:59] – MM: Uhum...Da copresidência, com o Sérgio Gordilho.

[0:24:02] – MS: Exatamente, porque assim, ele é a criação né, ele cuida dessa parte da propaganda, e a outra parte que é o relacionamento, eu cuido né, e a gente tem um respeito muito grande, também, um pelo outro, e a gente entendendo os limites do que cada um faz, isso tá claro, a gente aí um casamento que é... que é raro na propaganda brasileira, que a gente tá junto há mais de 20 anos.

[0:24:29] – MM: Sim.

[0:24:29] – MS: A gente se conheceu antes de fundar a África, né...

[0:24:33] – MM: O Márcio, você é o meu primeiro convidado que teve uma experiência multicultural bastante interessante porque você cursou OPM, que é um curso né, da universidade, um programa, na verdade, da universidade de Harvard pra donos de empresas que presidem suas próprias empresas.

[0:24:49] – MS: É. Na verdade a OPM, ele é 3 anos né, você fica lá um mês por ano, né, na faculdade, e... no campo da universidade e, assim, é uma experiência que, evidentemente, pra quem puder ter, eu recomendo, assim. Para mim foi um divisor de águas, na minha vida...

[0:25:09] – MM: Olha!

[0:25:09] – MS: Desde do primeiro... do primeiro módulo que eu fiz, e a ideia de fazer o OPM veio de quando o Nizan falou: “— olha, você e o Sérgio vão me substituir”; aí eu falei: “— cara, tudo bem, mas eu preciso de um pouco de bagagem em termos de gestão”. E aí eu fui atrás do que era considerado, e acho que ainda é, o melhor curso pra gestores que existe. E, aí o que eu aprendi lá, na verdade, é que a gente mais do que aprender com os professores, o OPM tem uma característica que você aprende com os alunos, exatamente por quê? Por ser um curso que é focado pra presidentes ou donos de negócios, a experiência que essas pessoas têm, que esse grupo de pessoas tem é absurda. Tanto é que, parte das aulas o professor começa, e quem dá a direção dos... toda aula é um case, toda aula a gente tá discutindo sobre uma empresa, os problemas que ela teve que enfrentar, etc, e o professor, na escola, ele é mais que um mediador das soluções que são apresentadas para aquele case que a gente tá vendo lá. Então, assim, é um show, assim né, no sentido de... de você aprender; e ainda dei o azar, por um lado, e sorte por outro porque, ao invés de fazer em 3 anos eu fiz em 6, porque eu fazia um ano, daí o ano seguinte tinha Copa do Mundo, não sei o quê, eu não podia ir.

[0:26:38] – MM: Ah, é!...

[0:26:38] – MS: Aí eu ia no ano seguinte. Então, eu fui trocando a turma né, e eu falei: “— já que eu pude ter vivência com três turmas diferentes”... E foi maravilhoso, assim... É.... tinha um cara lá, por exemplo, que o cara, ele foi piloto de caça do Desert-thorn, né, aí ele voltou pro Estados Unidos, se aposentou como piloto de caça, mas ele percebeu que o grande lance do governo americano era ele poder entender como funciona os caças inimigos né, nos caso os migs. Aí esse cara arranjou um fundo de investidores, comprou seis mig’s, levou de países que eram a antiga União Soviética, levou pros Estados Unidos, e montou uma empresa multibilionária, hoje, treinamento pro exército americano. Estou dando um exemplo, assim, bem... Pô, tinha um indiano do meu lado, que sentava do meu lado na classe, imagina, ele começou com uma... uma... catando ferro numa... na rua, na Índia, tá certo, e ele tinha dez anos de idade, e ele era, naquele momento, dono de uma das maiores siderúrgicas da Índia.

[0:27:47] : MM: [Interjeição de espanto] ... Uhr... Olha!

[0:27:47] : MS: Então assim, são histórias incríveis, assim, né... Agora..

[0:27:52] – MM: E os cases do Brasil, como é que era, assim, o que você viu de destaque lá?

[0:27:56] – MS: Ah, os cases do Brasil, incríveis né, por exemplo, o pessoal... A Stone era um dos cases que estavam lá, numa das turmas que eu fui que estava começando e tal. Eu acho assim, o que que é interessante do empreendedor brasileiro né? Eu acho, definitivamente, se você consegue empreender no Brasil, você consegue empreender em qualquer lugar do mundo, e... porque a gente, na verdade, trabalha com um mercado que ele é muito mais... é... que ele oscila muito mais do que a grande maioria de mercados do mundo. Então, eu acho que, se você, o que é make it there, o que é make it anywhere, que segundo o Frank Sinatra, em New York né, acho que empreendedorismo, se você consegue fazer no Brasil, você consegue fazer em qualquer lugar do mundo; acho que isso vale, é uma frase que vale pra gente, empreendedor brasileiro, a gente brinca que é aquele cara que pula do avião e consegue descolar um paraquedas durante a queda.

[0:28:57] – MM: [Risos]

[0:28:59] – MS: Esse é o empreendedor brasileiro. O empreendedor de outro país, ele já pula de paraquedas, já tem seus riscos né. A gente, pô, assim, consegue negociar um, tal, multa, vende aqui, tal, pa-ra-rá, e acaba sempre achando um paraquedas. Então, eu acho que é um pouco isso.

[0:29:18] – MM: [risos] Ai que desespero! ... Ah, o Márcio, olha, eu tô adorando receber você aqui, mas pro uma questão de tempo a gente vai ter que ir caminhando agora pro nosso encerramento. Vamos marcar mais papos aí, eu sei que você tem muita coisa pra contribuir com a gente, viu, que bacana tudo isso que você contou!

[0:29:37] – MS: Papo super gostoso, papo super gostoso; a hora que você quiser!

[0:29:41] – Ah, que bom... Que bom, fico feliz! Olha, eu sei que você é casado, pai de 3 filhos né, um menino e duas meninas, você está aí, com 51 anos né, super assim, nossa, dá pra perceber a tua energia de viver, sei que você é super esportista aí, pratica vários esportes, multiesportista...rsrs... e já percebi pelo nosso papo de hoje o quanto que você é presente em tudo o que você faz e, realmente, assim, tá concentrado naquilo, você se dedica ao que você faz e por isso faz tão bem e de forma tão intensa e radiante. A gente, pra encerrar, tem um momento aqui no nosso podcast que você pode oferecer uma música, e eu já sei a música que você escolheu, que é Blesse-moi, do Therapie Taxi, e eu queria saber pra quem você dedica essa música e por quê; como é que a gente vai encerrar o nosso papo aqui?

[0:30:36] – MS: Ah, dedico pra minha esposa, a Manu, e dedico porque dentro dessas coisas aí, que diversão é coisa séria né, é como você falou, eu levo tudo bem a sério, assim, e .... e aí eu comecei a andar de bicicleta há um tempo atrás e aí eu fiz uma prova que chama Haute Route, é rota alta, né, é uma prova super dura de ciclismo, que você sobe... praticamente fica o tempo inteiro subindo, e numa dessas.... no final dessas montanhas na França, tinha um lugar pra parar, pra você poder comer alguma coisa e... e se encher um pouco de energia, e aí no meio da prova, já tinha subido, subi o Mont Ventoux, que é uma escalada muito insana, assim, e eu cheguei lá em cima tinham dois... né, um menino e uma menina franceses dançando, pra... esperando pra me dar uma água e uma barra de energia, de proteína, etc., eles estavam dançando e tinha essa música né, daí falei: “— nossa, que música legal! Super bacana”; e minha mulher estava esperando lá embaixo do Mont Ventoux, e aí os caras falaram: “ — é, Therapie Taxi”, e aí a letra, e a letra eles falaram: “— ó, depois você entende, você sabe francês?” Eu falei: “— muito mal”, ele falou: “—ah, depois você entende um pouco a letra e você vai... vai se identificar com esse Blesse-moi”, quer dizer, “ eu sou uma pessoa.... né, que significa “eu sou uma pessoa abençoada”. E aí quando eu desci eu fiquei pedalando e lembrando né, Therapie Taxi, Therapie Taxi, Blesse-moi, Blesse-moi, e aí quando eu cheguei eu falei: “— amor, a gente precisa baixar essa música, e a gente ficou ouvindo até o final da viagem, né, e aí...

[0:32:18] – MM: E fala de uma paixão avassaladora né? Uma paixão sincera, um encontro de corpos, de alma!...rsrsrs

[0:32:26] – MS: Pois é, pois é! Então aí é.... É por isso que essa música é pra ela.

[0:32:30] – MM: Adorei... Aí, Manu! Muito bem, muito bem! Márcio, muito obrigada, viu, pela sua participação aqui. Desejo pra você cada vez mais realizações pessoais, mais reconhecimento profissional, mais saúde, mais sonhos pra você realizar. Olha, que você continue seguindo aí nessa sua jornada inspiradora, viu. Um beijo bem grande em você; até a próxima!

[0:32:52] – MS: Legal! Muito obrigado, viu, foi ótimo o papo, conta com a gente. Valeu!

[0:32:56] 0 MM: Esse é o podcast com o Lado Pessoal de Márcio Santoro, copresidente e cofundador da África, e vai ficar disponível pra você escutar quantas vezes quiser. Ah, e encaminhar também, hein! Então aproveite e compartilhe à vontade; então faça tudo isso. A gente se encontra no próximo podcast? Quem será que vem falar com a gente na próxima semana, hein? Surpresa! Até lá!

Escrito por Redação Antena 1

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