Reabertura da China para frango do Brasil abre oportunidades para MBRF, dizem executivos
Reabertura da China para frango do Brasil abre oportunidades para MBRF, dizem executivos
Reuters
11/11/2025
Atualizada em 11/11/2025
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A empresa de alimentos MBRF , dona das marcas Sadia, Perdigão e Bassi, avalia que a retomada das compras de carne de frango do Brasil pela China, anunciada neste mês, abre oportunidades para reverter uma queda nos preços dos produtos in natura e também deverá permitir exportações para processamento na unidade chinesa da companhia, disseram executivos nesta terça-feira.
Uma queda no preço médio da carne de frango no terceiro trimestre no Brasil ocorreu por pressão do produto in natura que deixou de ser embarcado para a China pelo caso de gripe aviária em maio, no Rio Grande do Sul, conforme afirmação nesta terça-feira durante teleconferência sobre os resultados trimestrais da MBRF.
A China, maior importadora da carne de frango brasileira em 2024, foi um dos últimos importantes mercados a anunciar a suspensão de embargo à carne de frango do Brasil, à medida que o país conseguiu controlar o foco da doença.
O diretor presidente da MBRF, Miguel Gularte, ressaltou que a reabertura do mercado da China dá oportunidade para a companhia exportar o produto in natura ao país asiático e processar na sua operação chinesa.
'Somos a única empresa brasileira com operação de frango com produção na China, isso nos anima bastante', afirmou Gularte.
Ainda antes de a Marfrig incorporar a BRF, formando a MBRF, a companhia de alimentos havia concluído, em abril, a aquisição de uma fábrica de processados na província de Henan, na China. Mas logo em seguida, em maio, veio o caso de gripe aviária que suspendeu os embarques.
Para o vice-presidente de Finanças, Relação com Investidores, Gestão e Tecnologia da MBRF, José Ignácio Scoseria Rey, a companhia tem condição de reverter a situação de queda de preço do frango in natura no Brasil após o anúncio de retomada de compras da China.
A MBRF anunciou na segunda-feira um lucro líquido de R$94 milhões no terceiro trimestre, queda de 62% na comparação com o mesmo período do ano passado, principalmente por um recuo da performance dos ativos herdados da BRF, que sofreu impacto dos embargos chineses e de outros países.
No trimestre, o Custo do Produto Vendido da unidade BRF ainda teve alta de 9,1% ante o mesmo período do ano passado, pelo aumento do volume vendido e pelo aumento do custo dos grãos e óleos, entre outros fatores.
O vice-presidente de Finanças afirmou ainda durante a teleconferência que a companhia aproveitou para realizar compras de volume recorde de grãos, com a entrada da abundante da segunda safra de milho do Brasil, visando formar estoques da matéria-prima que deixam a MBRF em posição 'muito confortável'.
A MBRF não vê pressão sobre preços de carne de frango no mercado global por aumento da oferta dos EUA no próximo ano, segundo executivos.
Para Scoseria Rey, a pressão de oferta via EUA não impacta mercados onde Brasil atua.
Olhando para o mercado interno, a MBRF não vê desequilíbrio entre oferta e demanda de frango em 2026 no Brasil, destacou o diretor presidente.
Ele vislumbra um consumo firme no próximo ano pelo cenário de pleno emprego no país e com o dinheiro liberado para consumo das famílias devido à isenção do imposto de renda para quem ganha até R$5.000 por mês.
RECOMPRA DE AÇÕES
Scoseria Rey comentou o aumento do limite do programa de recompra de ações, anunciado na véspera, ressaltando que a empresa executará o plano 'sem comprometer' sua métrica de alavancagem.
O total passou para um máximo de até 64,6 milhões de ações em comparação com o limite anterior de até 25 milhões. O prazo para realização das aquisições se encerra em 24 de março de 2027, informou a companhia.
'Continuamos focados em desalavancar a companhia... mesmo assim, entendemos que o preço da ação descolou um pouco do fundamento da companhia... queremos ter a opção de gerar valor para os acionistas via recompra', afirmou o executivo.
Ao falar do aumento do limite, ele comentou que a MBRF quer ter essa 'opcionalidade', mas não significa que vai executar o máximo do programa de recompras em curto prazo.
Os executivos afirmaram também que a empresa segue buscando sinergias com a fusão das empresas, estimando que elas poderão somar cerca de R$1 bilhão até 2028, sendo a maior parte em 2026 (R$608 milhões).
(Por Roberto Samora)
Reuters

