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Rússia tortura sistematicamente prisioneiros de guerra ucranianos, diz comissão da ONU

Placeholder - loading - Erik Mose durante entrevista em Genebra  23/9/2022  REUTERS/Denis Balibouse
Erik Mose durante entrevista em Genebra 23/9/2022 REUTERS/Denis Balibouse

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Por Emma Farge

GENEBRA (Reuters) - Uma comissão de inquérito das Nações Unidas sobre a Ucrânia disse na sexta-feira que reuniu mais provas de que a Rússia tem torturado sistematicamente prisioneiros de guerra ucranianos, documentando ameaças de estupro e o uso de choques elétricos nos órgãos genitais.

A Comissão de Inquérito, composta por três membros, afirmou em um relatório que a escala de tais casos de tortura pode equivaler a abusos mais graves conhecidos como crimes contra a humanidade, descrevendo sua ocorrência como 'generalizada e sistemática'.

'Os relatos das vítimas revelam um tratamento brutal implacável, infligindo dor e sofrimento severos durante a detenção prolongada, com flagrante desrespeito à dignidade humana', disse o presidente da comissão, Erik Møse, aos repórteres em Genebra.

O relatório foi apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, com 47 membros, em Genebra, que decidirá em sua sessão atual se renovará o mandato da comissão por mais um ano.

A Rússia nega tortura ou outras formas de maus-tratos aos prisioneiros de guerra. A missão diplomática da Rússia em Genebra não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o novo relatório.

O órgão da ONU já havia documentado alguns casos de maus-tratos por parte das forças ucranianas contra prisioneiros russos, e Kiev disse que investigaria quaisquer violações.

Segundo o relatório de sexta-feira, alguns prisioneiros ucranianos estavam com tanta fome nos centros de detenção russos que recorreram a comer sabão, vermes e restos de comida de cachorro.

Um soldado ucraniano foi espancado com tanta força que sangrou pelo ânus e foi forçado a dar saltos repetidos sobre um pé machucado, o que levou ao desenvolvimento de gangrena, informou o relatório. Ele foi espancado ainda mais por tentar suicídio na cela usando seu próprio uniforme, segundo o relatório, o que resultou em um dedo do pé e um cóccix quebrados. Ele precisou de 36 hospitalizações desde sua libertação.

'O que descobrimos reforçou nossas conclusões anteriores (sobre tortura) e as torna ainda mais sólidas', afirmou Møse.

Perguntado sobre o que mais era necessário para determinar formalmente os crimes contra a humanidade, ele disse que eram necessárias mais provas de que a tortura fazia parte da política russa.

Escrito por Reuters

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