Agressor de Bolsonaro vira réu com base na Lei de Segurança Nacional
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SÃO PAULO (Reuters) - Adélio Bispo de Oliveira, o homem que deu uma facada no candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG) no início de setembro, tornou-se réu nesta quinta-feira, com base na Lei de Segurança Nacional.
O juiz federal Bruno Savino aceitou denúncia feita pelo Ministério Público Federal de Minas Gerais e concordou que existem indícios de que Adélio cometeu o crime por divergências políticas que tem com Bolsonaro.
'Existem, portanto, fortes indícios acerca da natureza política do ato criminoso, tendo o investigado praticado a conduta por inconformismo em relação ao discurso e às ideias defendidas pelo candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro', escreveu Savino ao aceitar a denúncia.
'Assim, ao praticar atentado pessoal, desferindo uma facada em parte vital do corpo, o investigado teria exteriorizado a intenção de eliminar fisicamente do processo eleitoral candidato que liderava (e ainda lidera) as pesquisas de intenção de voto para o cargo de presidente da República e que defende ideologia política diametralmente oposta à sua', acrescentou.
O juiz também entendeu que o ataque contra Bolsonaro gerou danos ao sistema democrático e desequilíbrios na disputa pelo Palácio do Planalto.
'Por sua vez, houve grave e inegável lesão ao regime democrático, à medida que, com essa conduta, o investigado teria buscado impedir que milhões de eleitores, alinhados com o pensamento político da vitima, exercessem o direito ao sufrágio como bem entendessem, sendo certo que, no Estado democrático, a manifestação da vontade do povo na escolha dos governantes deve ser assegurada, no interesse político da noção', escreveu.
'Não há dúvidas de que o atentado pessoal do qual o candidato Jair Messias Bolsonaro foi vítima efetivamente provocou irreparável desequilíbrio no processo eleitoral democrático brasileiro, não somente por afastar das campanhas de rua e debates eleitorais o candidato líder em pesquisas de intenção de voto, o que exigiu tanto da vítima quanto de seus concorrentes a reformulação de estratégias de campanha.'
Adélio foi preso em flagrante após desferir a facada em Bolsonaro. O ataque causou ferimentos numa veia abdominal e nos intestinos grosso e delgado de Bolsonaro, que teve de passar por duas cirurgias de emergência e ficou 23 dias hospitalizado.
Bolsonaro lidera as intenções de voto para a eleição de domingo e, desde o ataque, não tem participado de eventos de campanha nas ruas e nem de debates entre presidenciáveis.
(Reportagem de Eduardo Simões)
Escrito por Thomson Reuters
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