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ANÁLISE-Volta do PIB a nível pré-pandemia levará mais de 1 ano e ficará vulnerável a fiscal e mercado de trabalho

Placeholder - loading - Região central do Rio de Janeiro 1/9/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Região central do Rio de Janeiro 1/9/2020 REUTERS/Ricardo Moraes

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Por Camila Moreira e José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira já deixou para trás o fundo do poço da crise causada pelo coronavírus, depois de registrar contração recorde no segundo trimestre, mas a recuperação a patamares pré-pandemia ainda vai demorar mais de um ano e permanecerá suscetível ao estado deprimido do mercado de trabalho e aos riscos associados à questão fiscal, de acordo com especialistas consultados pela Reuters.

Após retração histórica do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 9,7% no segundo trimestre sobre os três meses anteriores, a atividade retornou aos níveis vistos em 2009, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. [L1N2FY0SN]

Embora sinais de retomada já sejam evidentes, principalmente na indústria e no varejo, esses ganhos vêm na esteira de medidas de estímulo, que têm duração limitada.

'Esses impulsos de curto prazo são importantes, mas essencial é o médio prazo, cinco a dez anos. O ponto central é, quando tirar todas essas ajudas, qual será a posição da economia e qual será a taxa de crescimento de médio prazo?', afirmou Flávio Serrano, economista-chefe do banco Haitong.

'Existe sim esse trabalho de recuperação de curto prazo com sustentação da renda, mas quanto ficará comprometido para as gerações futuras?', completou.

Nesta terça-feira, o governo anunciou a extensão do auxílio emergencial pago a vulneráveis, confirmando que o valor a ser pago até o final do ano ficará em 300 reais mensais. O combate ao coronavírus também teve aumento do crédito, programa de proteção ao emprego e flexibilização monetária.

Entretanto, a saúde fiscal do Brasil assombra tanto o governo quanto os mercados financeiros, pressionando o real recentemente e levantando questões sobre um furo do teto de gastos.

A própria Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia destacou nesta terça-feira que é preciso continuar com a agenda de reformas e de consolidação fiscal para que a retomada econômica seja 'consistente'.

Os dados do PIB mostraram que houve perdas acentuadas em segmentos que são grandes empregadores, como indústria, comércio e transportes, o que levanta cautela quanto à qualidade e velocidade da retomada do emprego.

'A questão do emprego será determinante para a qualidade de recuperação da economia. O governo está preocupado e até estendendo os incentivos, mas o empresário ainda ficará receoso de fazer investimentos para expansão, que é onde teria recuperação mais rápida das contratações', disse o economista-chefe da TCP Partners, Ricardo Jacomassi, destacando que ainda levará um ano para o emprego voltar ao nível de 2019.

SERVIÇOS

O setor de serviços --um grande empregador e o que vem mostrando recuperação mais lenta-- tombou 9,7% no segundo trimestre sobre o primeiro, maior queda da série histórica.

Mayara Santiago, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, prevê que o segmento voltará a crescer na margem no terceiro trimestre, mas ainda com perdas na comparação anual.

'O consumo como víamos não vai voltar de imediato, e há muita incerteza sobre como será esse padrão de comportamento', disse Santiago. 'Olhando o peso dos serviços da composição do PIB, acaba que o crescimento da economia, nesse cenário, fica comprometido', acrescentou.

O IBRE prevê contração de 5,4% da economia em 2020 e expansão 'em torno de' 2,5% em 2021. Já o governo estima que o PIB vai contrair 4,7% este ano e crescerá 3,2% em 2021.

O Itaú Unibanco tem uma estimativa melhor --de queda de 4,5% neste ano e de crescimento de 3,5% para 2021, o que deve ajudar a levar o PIB no quarto trimestre do ano que vem aos níveis de antes da pandemia.

O economista Luka Barbosa avaliou que a economia tem se recuperado de forma 'robusta' e não apenas a reboque do estímulo emergencial, que ele coloca na quarta posição entre os elementos favoráveis ao PIB --depois de juros baixos, recuperação global e queda no isolamento social.

O ponto de alerta, segundo ele, está relacionado sobretudo à política fiscal.

'O risco é manter o auxílio emergencial, não retirá-lo', afirmou. 'É preciso uma política fiscal sustentável para o juro continuar baixo. Sem isso, o juro sobe, você tem aperto nas condições financeiras e então um impacto negativo na atividade.'

A taxa Selic --que baliza os empréstimos no país-- está na mínima recorde de 2% ao ano, mas os juros de médio e longo prazo têm subido por causa do receio de investidores com as contas públicas, o que encarece o custo de financiamento da população e do setor produtivo.

O Santander Brasil vê chances de a economia retomar patamares do começo deste ano apenas no início de 2022 e afirmou que, depois dos números divulgados nesta terça, seu viés de alta para o PIB 'se apagou'. O banco estima crescimento entre 6% e 6,5% para o terceiro trimestre e de retração de 6,4% em 2020, antes de expansão de 4,2% em 2021.

'Estamos preocupados com o teto de gastos. Um prejuízo a esse mecanismo vai ter implicações na confiança e nas condições financeiras, afetando todo o processo da retomada', afirmou o superintendente de pesquisas macroeconômicas do Santander Brasil, Maurício Oreng, acreditando que o consenso de mercado --de queda de 5,28% do PIB neste ano-- caminhe para a casa dos 6% de baixa.

Escrito por Reuters

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