BC diz ter maior convicção de que manutenção da Selic em 15% levará inflação à meta
BC diz ter maior convicção de que manutenção da Selic em 15% levará inflação à meta
Reuters
11/11/2025
Atualizada em 11/11/2025
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central afirmou que já tem maior convicção de que uma manutenção da taxa Selic em 15% ao ano por período bastante prolongado fará com que a autoridade monetária cumpra o objetivo de levar a inflação à meta de 3%, mostrou nesta terça-feira a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê dá prosseguimento ao estágio em que opta por manter a taxa inalterada por período bastante prolongado, mas já com maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, disse o BC no documento.
Na semana passada, o BC manteve a Selic em 15% ao ano e pregou a manutenção desse nível por período longo para atingir a meta sem apresentar sinalização sobre cortes à frente, contrariando pressões vindas de autoridades do governo, que têm criticado o patamar dos juros.
Na ata, o BC disse que dados de inflação seguem indicando uma dinâmica mais benigna que o esperado, passando a ver também alguma melhora na inflação de serviços -- que é observada com atenção por seu comportamento inercial mais forte.
'A inflação de serviços também apresentou algum arrefecimento, mas ainda se mostra mais resiliente, respondendo a um mercado de trabalho que segue dinâmico e a uma atividade que tem apresentado moderação gradual', afirmou.
A autarquia ainda removeu o trecho da ata da reunião do Copom de setembro que dizia que os núcleos de inflação se mantinham acima do valor compatível com a meta.
O documento apontou que as expectativas de mercado para os preços seguiram em trajetória de declínio, mas ainda mais concentradas em horizontes curtos, apesar de movimento 'agora mais nítido' em prazos para além do horizonte relevante da política monetária.
'O Comitê avalia que perseverança, firmeza e serenidade na condução da política monetária favorecerão a continuidade desse movimento, importante para a convergência da inflação à meta com menor custo', disse, reafirmando desconforto de toda sua diretoria com a desancoragem das expectativas.
O BC afirmou que a atividade econômica manteve trajetória de moderação do crescimento, reforçando que o cenário esperado está se concretizando. Para o órgão, o mercado de crédito segue com desaceleração mais nítida, enquanto o mercado de trabalho segue resiliente.
Na avaliação de Leonardo Costa, economista do ASA, a ata mostra um Copom mais confiante em relação à estratégia para levar a inflação à meta e, apesar de não indicar qualquer espaço para corte de juros, indica um cenário mais positivo.
“A leitura de um cenário mais benigno, com melhora da inflação corrente e das expectativas, além da confiança na desaceleração da atividade doméstica, dá um tom mais ‘dovish’ ao comunicado”, disse.
ISENÇÃO DO IR NAS PROJEÇÕES
Na ata, a autarquia ainda apontou que optou por já incorporar em suas projeções de inflação uma estimativa preliminar do impacto do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda, aprovado pelo Congresso Nacional e que deve entrar em vigor em 2026. O BC ponderou que a estimativa é 'bastante incerta'.
'Esta opção por uma postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes de medidas, fiscais e creditícias, que se conjecturava que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário delineado, mas não provocaram divergências relevantes em relação ao que se esperava', afirmou.
Em relação às contas públicas, o Copom reafirmou que a política fiscal tem impacto de curto prazo com estímulo à demanda e uma dimensão mais estrutural, que pode afetar percepções sobre a sustentabilidade da dívida do governo e impactar a curva de juros. O BC voltou a defender harmonia entre políticas fiscal e monetária.
O BC ainda manteve na ata a seleção de indicadores sobre os quais se debruçará à frente para avaliar o desenvolvimento da inflação. Segundo o documento, o Copom seguirá acompanhando a atividade econômica, o repasse cambial e as expectativas de inflação.
No cenário externo, a autarquia disse que o ambiente ainda é incerto, citando como fatores 'mais imediatos' as negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e a condução da política monetária norte-americana.
Na reunião, segundo o BC, foi mantida a visão de que a valorização do real está em parte relacionada ao diferencial de juros entre Brasil e EUA, e em parte associada à depreciação da moeda norte-americana frente a diversas moedas.
Reuters

