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Bolsonaro avaliza declaração de Guedes sobre saída do Mercosul se Argentina fechar economia

Placeholder - loading - 08/04/2019 REUTERS/Adriano Machado - RC1CE5B23D50
08/04/2019 REUTERS/Adriano Machado - RC1CE5B23D50

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(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que avaliza a declaração dada na véspera pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o Brasil deixará o Mercosul caso a oposição vença a eleição presidencial na Argentina e decida fechar a economia do país.

Em entrevista a jornalistas ao deixar o Palácio da Alvorada em Brasília, Bolsonaro disse não acreditar que o candidato da oposição no país vizinho, Alberto Fernández, queira seguir um caminho de liberdade e democracia, que para ele vem sendo trilhado pelo atual presidente argentino, Mauricio Macri, seu aliado.

'O atual candidato que está na frente na Argentina, que tem na vice a Cristina Kirchner, já esteve visitando o Lula, já falou que é uma injustiça o Lula estar preso, já falou que quer rever o Mercosul. Então o Paulo Guedes --perfeitamente afinado comigo, por telepatia-- já falou: 'se criar problema, o Brasil sai do Mercosul'. Está avalizado, sem problema nenhum', disse Bolsonaro.

'Eu não acredito que ele (Fernández) queira seguir nessa linha de liberdade e democracia. Esse pessoal quando se apodera do poder, não quer sair mais. E sempre vivendo às custas da coisa pública', disse.

O presidente disse, no entanto, que está disposto a conversar com Fernández se ele vencer a eleição, mas avisou que o gesto terá de partir de Fernández, que tem como candidata a vice a ex-presidente Cristina Kirchner.

'Eu converso até com a Folha de S.Paulo, quem dirá com o futuro presidente da Argentina', disse o presidente. Ao ser indagado sobre se procuraria Fernández caso ele vença a eleição presidencial argentina de outubro, negou.

'Não, não. Ele é que vai ter que dar o sinal. Quando eu tomei posse eu falei que ia manter a democracia, a liberdade, abrir o mercado, respeitar as religiões, e é isso que eu estou fazendo.'

Bolsonaro voltou a citar a reação dos mercados financeiros à vitória da coalizão encabeçada por Fernández nas primárias da eleição presidencial argentina no último domingo e reiterou que, se o oposicionista vencer, o Rio Grande do Sul pode ter de lidar com a mesma onda de imigração enfrentada por Roraima por causa da crise na Venezuela.

'Olha a Argentina aqui, o que aconteceu com a bolsa, com o dólar, com a taxa de juros deles. O mercado deu um sinal de que não vai perdoar a esquerda na Argentina novamente, o pessoal vai tirar de lá. Os empresários não vão investir na Argentina enquanto não resolver a situação política', disse.

Mais tarde, no Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou a antever problemas em caso de vitória da chapa Fernández-Cristina na Argentina, inclusive para o acordo Mercosul-União Europeia.

'Depende do futuro presidente da Argentina. Se tiver uma linha semelhante a do Maduro ou da própria Cristina Kirchner, a gente vai ter dificuldade', disse o presidente a jornalistas. 'O que nós construirmos agora com a União Europeia vai fazer água.'

A eleição presidencial na Argentina acontece em outubro, mas a ampla vantagem obtida pela oposição nas primárias a deixa com amplo favoritismo para vencer o pleito.

O presidente voltou a dizer que ainda não definiu quem nomeará para chefiar a Procuradoria-Geral da República, mas afirmou que o subprocurador Augusto Aras segue no páreo.

Ele defendeu que o chefe do Ministério Público Federal não pode estar focado apenas no combate à corrupção, mas também estar preocupado em não travar a economia e não ser 'um xiita' em questões ambientais, indígenas e ligadas a minorias.

(Por Eduardo Simões, em São Paulo)

Escrito por Reuters

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