Bolsonaro não descarta ida a debates, vice diz que adversários baixam nível da discussão
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Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, disse nesta quinta-feira que participará dos debates com presidenciáveis, conforme sua agenda de campanha permitir, ressaltando que já foi a encontros em ambientes 'conhecidamente desfavoráveis', ao mesmo tempo em que seu companheiro de chapa afirmou que os adversários baixam o nível da discussão.
'Desde o início temos atendido gentilmente a diversos convites para entrevistas, sabatinas e debates no Brasil inteiro, quase sempre em ambientes conhecidamente desfavoráveis. Seguiremos buscando atender aos convites com boa fé, sem comprometer nossa agenda', tuitou Bolsonaro nesta tarde.
O candidato a vice, general da reserva do Exército Hamilton Mourão (PRTB), disse que o próprio Bolsonaro acredita que sua ausência não teria impacto sobre os eleitores que busca conquistar.
'Ele é o candidato que está na frente, então cada debate desses os outros candidatos procuram, em vez de discutir em alto nível, acabam colocando o debate em nível mais baixo', disse Mourão à Reuters.
'Toda decisão tem prós e contras. O contra seria esse aí (parecer que está fugindo do debate), mas na avaliação dele, ele julga que, nos eleitores que está buscando, isso não vai influenciar', acrescentou.
Mourão argumentou que a campanha de Bolsonaro depende de voos de carreira e muitas vezes é difícil conciliar os compromissos.
'Ele (Bolsonaro) precisa estar em outros lugares, a campanha dele está muito agitada, praticamente está dormindo no avião. E lembrar que a nossa campanha é uma campanha feita em companhias aéreas, não é de jatinho', disse.
Bolsonaro é o líder das pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto no primeiro turno nos cenários sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deverá ser barrado da disputa pela Lei da Ficha Limpa.
Mais cedo, o presidente do PSL, Gustavo Bebiano, disse à Reuters que a participação do candidato nos debates televisivos 'não é uma prioridade', mas ressalvou que o comando da campanha ainda não tinha tomado uma decisão sobre não comparecer a esses eventos.
'Não é prioridade. Esses debates não favorecerem em nada, não acrescenta em nada. A formatação nivela todo mundo por baixo, parece concurso de Pinóquio: todo mundo tem solução milagrosa', disse Bebiano.
Em vídeo divulgado em junho por meio de suas redes sociais, o próprio Bolsonaro --ainda pré-candidato a presidente na ocasião-- havia dito que iria participar de todos os debates na televisão. Até o momento, ele compareceu aos dois realizados na televisão, promovidos por Band e RedeTV!.
Segundo Bebiano, há uma deliberação da campanha em privilegiar as agendas de Bolsonaro com o povo e que na próxima semana Bolsonaro terá agendas de segunda a domingo no Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Acre e Rondônia.
'Quando se assume o compromisso em comparecer a debates e convites, você não faz campanha', disse o presidente do PSL, acrescentando que Bolsonaro é o único candidato que não perdeu o contato com a realidade do povo. 'O resto da classe política está alheia ao Brasil.'
Perguntado se o não comparecimento de Bolsonaro mostraria um 'telhado de vidro' do candidato, o presidente do partido rejeitou. 'Cada um interpreta as coisas do jeito que quer. O que trouxe o candidato até aqui foi a espontaneidade, não fica em cima do muro, concorde-se ou não com as posições dele.'
SEGUNDO TURNO
Bebiano também afirmou que os resultados das pesquisas --como Datafolha divulgado na véspera-- que apontaram derrota de Bolsonaro no segundo turno para a maioria dos principais adversários são um 'grande ponto de interrogação'.
'As informações não casam, a nossa pesquisa está na rua', disse, ao citar o apoio que Bolsonaro recebeu na quarta-feira em ato de campanha em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. 'A cidade literalmente parou, e ali é território do Alckmin', acrescentou, numa referência ao candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, ex-governador do Estado.
Mourão também mostrou cautela com os resultados apontados na pesquisa, reproduzindo um dos argumentos mais conhecidos para isso.
'Tenho certa desconfiança em relação a essas pesquisas, até porque eu não conheço ninguém que foi pesquisado, nunca conheci ninguém que tivesse sido pesquisado. Prefiro aguardar mais o desenrolar da campanha, o começo do próprio tempo de TV, apesar de o nosso ser muito pequeno, mas vamos aguardar aí mais um tempo para ver o que vai se consolidar disso', disse o candidato a vice.
Escrito por Thomson Reuters
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