Economia do Japão encolhe pela primeira vez em seis trimestres com impacto das tarifas

Por Makiko Yamazaki e Satoshi Sugiyama

TÓQUIO (Reuters) - A economia do Japão encolheu quase 2% no terceiro trimestre, sob o impacto da queda nas exportações devido às tarifas dos Estados Unidos, no que foi a primeira contração em seis trimestres, segundo dados do governo divulgados na segunda-feira.

As exportações das montadoras, em particular, despencaram, após um período de aumento das exportações antes da entrada em vigor das tarifas.

Ainda assim, como a contração geral não foi tão acentuada quanto o esperado, ela provavelmente representa um revés temporário e não o início de uma recessão, disseram economistas.

'A contração se deve, em grande parte, a fatores pontuais, como o investimento em moradias' afetado por mudança regulatória, disse o economista Kazutaka Maeda, do Instituto de Pesquisa Meiji Yasuda.

'As exportações também reagiram', disse ele. 'De modo geral, a economia carece de um forte impulso subjacente, mas a tendência ainda aponta para uma recuperação gradual nos próximos um ou dois anos.'

De modo geral, os economistas consideraram os números do PIB deste trimestre como tendo um impacto marginal sobre o pensamento do Banco do Japão na próxima decisão sobre as taxas de juros em relação a fatores como a inflação. Entretanto, um economista próximo à primeira-ministra Sanae Takaichi deu mais peso aos dados.

Dada a contração, 'seria um equívoco o BOJ decidir aumentar as taxas de juros' em dezembro, disse o economista-chefe do Credit Agricole para o Japão, Takuji Aida, que faz parte do principal painel de Takaichi encarregado de definir a estratégia de crescimento do país, em um relatório para clientes.

O Produto Interno Bruto contraiu 1,8% em julho-setembro, abaixo dos 2,5% previstos por economistas em pesquisa da Reuters. No trimestre imediatamente anterior, a economia tinha crescido 2,3%, segundo dado revisado.

A leitura também se traduziu em uma contração trimestral de 0,4%, em comparação com estimativa mediana de 0,6%.

As exportações constituíram o principal obstáculo, conforme o impacto das tarifas mais altas dos EUA se intensificou.

A demanda externa líquida, ou exportações menos importações, reduziu o crescimento em 0,2 ponto percentual, em comparação com uma contribuição positiva de 0,2 ponto em abril-junho.

Os EUA e o Japão formalizaram um acordo em setembro que implementou uma tarifa básica de 15% sobre quase todas as importações japonesas, em comparação com uma tarifa inicial de 27,5% sobre automóveis e 25% para a maioria dos outros produtos.