Êxodo de venezuelanos se aproxima de momento de crise, diz agência da ONU
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GENEBRA/CARACAS (Reuters) - O êxodo de imigrantes da Venezuela está se aproximando de um 'momento de crise' comparável aos acontecimentos envolvendo refugiados no Mediterrâneo, disse a agência para imigração da ONU nesta sexta-feira.
Números cada vez maiores de venezuelanos estão fugindo da crise econômica e instabilidade política que abala a Venezuela, ameaçando sobrecarregar países vizinhos, incluindo o Brasil. Autoridades da região irão se encontrar em Bogotá na próxima semana para buscar uma solução.
Neste mês, Equador e Peru tornaram mais rígidas as regras para venezuelanos cruzarem a fronteira, exigindo passaportes válidos em vez de somente carteiras de identidade. No Brasil, moradores da cidade de Pacaraima, em Roraima, forçaram centenas de venezuelanos a fugirem de volta para a Venezuela.
Descrevendo esses casos como sinais de alerta, o porta-voz da Organização Internacional para Migração da ONU (OIM), Joel Millman, disse que financiamento e meios para administrar o êxodo precisam ser mobilizados.
'Isso está se tornando um momento de crise que nós vimos em outras partes do mundo, especificamente no Mediterrâneo', disse o porta-voz em coletiva de imprensa.
Na quinta-feira, a OIM e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) pediram que países da América Latina facilitem a entrada de venezuelanos.
O porta-voz do Acnur, Andrej Mahecic, disse nesta sexta-feira que governos na região estão fazendo esforços 'louváveis', mesmo que algumas capacidades de recepção e serviços estejam sobrecarregadas.
Mas 'algumas imagens preocupantes' têm surgido na região na última semana. 'Essas aumentam o estigma daqueles que são forçados a fugir, e também colocam em risco os esforços para sua integração', disse.
O ministro da Informação da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse nesta sexta-feira que um novo pacote de medidas econômicas destinadas a combater a hiperinflação vai convencer os venezuelanos que deixaram o país a retornar.
Na segunda-feira, o país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cortou cinco zeros dos preços e atrelou a moeda do país a uma obscura criptomoeda apoiada pelo Estado. Críticos classificaram o plano como inadequado diante da inflação, que chegou a 82 mil por cento em julho e deve chegar a 1 milhão por cento neste ano.
'A conclusão é que os venezuelanos vão voltar e, além disso, nós os convidamos a voltar porque precisamos deles para esse plano de recuperação', disse Rodríguez em entrevista coletiva.
(Reportagem de Stephanie Nebehay, em Genebra, e de Vivian Sequera, em Caracas)
Escrito por Thomson Reuters
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