Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1

Governo mantém reajuste de servidores no Orçamento de 2019, mas promete adiar aumento via MP

Governo mantém reajuste de servidores no Orçamento de 2019, mas promete adiar aumento via MP

Thomson Reuters

31/08/2018

Placeholder - loading - Imagem da noticia "Governo mantém reajuste de servidores no Orçamento de 2019, mas promete adiar aumento via MP"

Atualizada em  31/08/2018

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O governo do presidente Michel Temer não previu no Orçamento de 2019 o adiamento em 12 meses do reajuste salarial do funcionalismo público, como chegou a cogitar, mas divulgou nesta sexta-feira que enviará uma Medida Provisória ao Congresso Nacional sobre o tema mesmo assim.

'O que quisemos fazer foi que, caso MP não seja aprovada, nós já enfrentamos questão de preparar Orçamento compatível com essa realidade', afirmou o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Caso aprovada pelo Congresso, a MP irá resultar numa economia de 4,7 bilhões de reais, que poderão, por exemplo, ajudar a aumentar os investimentos no ano. Antes, o governo falava em uma possibilidade de poupar 6,9 bilhões de reais com a mesma iniciativa.

'A diferença ... é porque havia 2,2 (bilhões de reais) de despesas que o governo discutia de eventualmente conceder de aumentos, mas que não foram', explicou o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, pontuando que esse montante acabou sendo então realocado dentro das despesas discricionárias, sendo incorporado no orçamento.

Nesta semana, Temer afirmou publicamente que não acataria a postergação do reajuste.

'O aumento dos servidores do Executivo será mantido. Porque se fosse vetado, geraria efeitos apenas sobre o Executivo e não sobre o Legislativo e o Judiciário. Faremos o melhor para não onerar os cofres públicos', chegou a dizer no Twitter.

Bastante questionado sobre o recuo, Guardia tentou minimizar a questão, afirmando que o governo encontrou, com este desenho, 'uma maneira equilibrada, conservadora, prudente e absolutamente transparente de fazer o que o presidente queria fazer'.

'Essas discussões ao longo do governo têm idas e vindas, os problemas são complexos, não têm solução simples. O que eu queria enfatizar é o compromisso do presidente e como que foi que feito. A decisão, evidentemente, foi dele. O custo político é do governo, ele sabe disso e nós queríamos fazer de uma maneira consistente, sem criar problemas para a execução do Orçamento', acrescentou.

AUMENTO DO STF

Sobre o reajuste de 16,38 por cento pleiteado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Guardia enfatizou que o governo não poderia ter barrado a iniciativa, pois esta não é uma competência do poder Executivo.

Como o aumento elevará o teto dos benefícios que podem ser acumulados por todos os servidores, Guardia estimou que o impacto do efeito cascata será de cerca de 200 milhões de reais para o Executivo federal apenas. O valor ainda não está contemplado no orçamento pelo fato de o aumento dos ministros do STF ainda não ter sido aprovado pelo Congresso, acrescentou ele.

No cálculo das consultorias de Orçamento da Câmara dos Deputados e do Senado, o impacto total pode ser de 4 bilhões de reais, englobando 1,4 bilhão de reais para a União e 2,6 bilhões de reais para os Estados, considerando todas as esferas de poder.

Segundo Guardia, caberá a cada poder incorporar eventual impacto e remanejar seus gastos para, ao fim, seguir respeitando o limite do teto de gastos imposto pela Constituição.

Sobre a possibilidade da incorporação do auxílio-moradia aos salários do Judiciário compensar a elevação do teto, o ministro do Planejamento avaliou que, 'de forma muito por alto', há 'proximidade' entre os encargos. O governo vem negociando essa alternativa com o STF, segundo Temer.

HISTÓRICO DE NÃO APROVAÇÃO

Esta não é a primeira vez que o governo apresenta medidas voltadas para diminuição de despesas com a folha de pagamento como forma de tentar diminuir a pressão sobre o engessado orçamento.

No rol de iniciativas já mencionadas pela equipe econômica de Temer, estão o reajuste na contribuição previdenciária dos servidores, implantação efetiva do teto remuneratório e reestruturação das carreiras públicas com redução do salário inicial. Nenhuma delas foi aprovada.

O próprio adiamento do reajuste também foi proposto para o orçamento de 2018 e ficou pelo caminho.

Questionado sobre o cenário de difícil aprovação de medidas desta natureza, Colnago limitou-se a dizer que 'há um diagnóstico claro' por parte da equipe econômica de que é preciso rever a questão de pessoal em função do seu peso nas contas públicas.

O governo previu apenas 27,4 bilhões de reais em investimentos em 2019, um volume 12 por cento menor que os 31,1 bilhões de reais deste ano, com o Orçamento do ano que vem fortemente pressionado pelo crescimento das despesas obrigatórias, como previdenciárias e ligadas à folha de pagamento.

Em diversos momentos, Guardia avaliou que o orçamento elaborado para 2019 foi conservador e prudente e que o próximo presidente poderá ganhar maior margem de manobra para administrar o país se algumas medidas forem confirmadas.

Além da MP para o adiamento do reajuste, ele citou por exemplo a aprovação do projeto que muda a tributação para os fundos de investimento fechados e os ganhos com eventual da cessão onerosa, foi assinada em 2010 como parte de um processo de capitalização da Petrobras.

'Não colocamos também nenhuma nova concessão de petróleo. Veja o quanto nós fizemos esse ano. Então é absolutamente viável e razoável que você continue com esse processo de áreas de exploração de petróleo no ano que vem, que vai de maneira tranquila aumentar a receita', afirmou.

Como apresentado pelo governo, o orçamento de 2019 não prevê nenhum aumento de impostos.

Sobre concursos públicos, está prevista a realização apenas dos que já estavam autorizados. Mas o governo optou também por estabelecer uma reserva de cerca de 400 milhões de reais para o próximo presidente eventualmente usar, caso decisões judiciais imponham a realização de mais concursos.

Thomson Reuters

Compartilhar matéria

Mais lidas da semana

 

Carregando, aguarde...

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.