Grande maioria dos ucranianos rejeita concessões significativas para paz com Rússia, diz pesquisa
Grande maioria dos ucranianos rejeita concessões significativas para paz com Rússia, diz pesquisa
Reuters
15/12/2025
Por Dan Peleschuk
KYIV, 15 Dez (Reuters) - Três quartos dos ucranianos rejeitam concessões significativas em qualquer acordo de paz, afirmou um instituto de pesquisa de Kiev nesta segunda-feira, destacando o desafio que o presidente Volodymyr Zelenskiy enfrenta ao negociar, sob pressão da Casa Branca, o fim da guerra com a Rússia.
A Ucrânia tem procurado resistir a um plano original apoiado pelos EUA, que o país e seus aliados europeus consideram favorável a Moscou. O plano exige que Kiev abra mão de toda a sua região oriental de Donbas e restrinja significativamente suas capacidades militares.
A pesquisa, realizada pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (Kiis, na sigla em inglês), revelou que 72% dos ucranianos estavam dispostos a aceitar um acordo que congele a atual linha de frente e inclua algumas concessões.
No entanto, 75% acreditam que um plano favorável à Rússia que inclua a Ucrânia cedendo território ou limitando o tamanho de seu exército, sem receber garantias de segurança claras, é 'completamente inaceitável'.
A pesquisa foi realizada entre o final de novembro e meados de dezembro e incluiu 547 entrevistados em território controlado pela Ucrânia.
CETICISMO COM OS EUA
O presidente-executivo do Kiis, Anton Hrushetskyi, disse que a opinião pública sobre o assunto permaneceu estável nos últimos meses, em meio à crescente pressão dos EUA.
Sessenta e três por cento dos ucranianos estavam dispostos a continuar lutando, enquanto apenas 9% acreditavam que a guerra terminaria no início de 2026.
O presidente dos EUA, Donald Trump, pressionou a Ucrânia para que o país garantisse rapidamente a paz na guerra, que já dura quase quatro anos, enquanto o exército russo, maior e mais bem armado, avança no campo de batalha.
Kiev e seus aliados europeus buscam garantias de segurança de Washington como parte de qualquer acordo, e Zelenskiy afirmou no domingo que em troca a Ucrânia abriria mão de suas ambições de ingressar na Otan.
No entanto, apenas 21% dos ucranianos confiam em Washington -- uma queda em relação aos 41% registrados em dezembro passado. A confiança na Otan também caiu de 43% para 34% no mesmo período.
'Se as garantias de segurança não forem inequívocas e vinculativas... os ucranianos não confiarão nelas, e isso afetará a disposição geral de aprovar o plano de paz correspondente', escreveu Hrushetskyi.
SEM APETITE PARA ELEIÇÕES
Trump também renovou seu apelo por eleições na Ucrânia, o que é proibido pela lei marcial.
Zelenskiy, cujo primeiro mandato expirou no ano passado, sinalizou este mês que estaria aberto a uma nova votação se os EUA pudessem assumir a liderança na garantia da segurança.
No entanto, apenas 9% dos ucranianos queriam eleições antes do fim dos combates, segundo a pesquisa do Kiis.
A confiança em Zelenskiy caiu após um grande escândalo de corrupção no mês passado, mas agora está de volta a 61% depois da demissão de seu principal assessor e de nova pressão dos EUA, disse Hrushetskyi.
'Portanto, a insistência em realizar eleições na Ucrânia é vista com maus olhos pelo público e considerada uma tentativa de enfraquecer o país', afirmou.
(Reportagem de Dan Peleschuk)
((Tradução Redação São Paulo))
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