Haddad diz que Bessent reconheceu 'anomalia' de taxar países que têm déficit comercial com os EUA
Haddad diz que Bessent reconheceu 'anomalia' de taxar países que têm déficit comercial com os EUA
Reuters
09/05/2025
Atualizada em 09/05/2025
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que teve uma conversa 'franca' com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, no domingo, acrescentando que o norte-americano reconheceu a 'anomalia' que é tarifar países que têm déficit comercial com os EUA.
'Fiz chegar ao secretário do Tesouro uma certa apreensão pelo fato de que a América do Sul é uma das poucas regiões do planeta que tem déficit comercial com os EUA, então tarifar não me parece muito razoável', disse Haddad a jornalistas após evento na B3, em São Paulo.
'Ele próprio reconheceu que é uma anomalia taxar quem compra de você', afirmou.
O ministro disse que Bessent deixou claro no encontro que há espaço para 'sentar na mesa e negociar' e que a questão comercial não é um tabu para os EUA, sendo tratada com a devida 'responsabilidade e seriedade'.
'Quero crer que nós temos uma agenda de trabalho daqui para frente para aparar arestas e seguir o caminho da cooperação regional', afirmou.
No domingo, após a conversa com Bessent em Los Angeles, Haddad já havia dito que Brasil e EUA estariam negociando os 'termos de um entendimento' em relação à política tarifária norte-americana.
Os mercados financeiros têm sido abalados pelas tarifas dos EUA desde o início de abril, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma série de taxas de importação abrangentes, pausando a maioria delas uma semana depois para permitir negociações.
Trump apresentou na quinta-feira um acordo comercial com o Reino Unido, o primeiro a ser concluído desde o início do impasse tarifário
O Brasil e outros países da região receberam uma tarifa de 10%, enquanto parceiros com superávit comercial em relação aos EUA tiveram taxas mais altas.
Em meio às disputas comerciais, Haddad reconheceu nesta sexta-feira que o mundo tem passado por um ano difícil por conta das 'turbulências causadas pelos países mais ricos', mas argumentou que o Brasil está 'bem posicionado' para enfrentar o cenário externo.
'Eu entendo que as pessoas estejam apreensivas, porque o que está acontecendo no mundo é uma coisa que inspira cuidado, mas nós estamos bem posicionados para isso', disse o ministro.
(Por Fernando Cardoso)
Reuters

