Haddad diz que taxa Selic está exageradamente restritiva e defende sinalização de corte pelo BC
Haddad diz que taxa Selic está exageradamente restritiva e defende sinalização de corte pelo BC
Reuters
04/11/2025
Atualizada em 04/11/2025
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que por mais pressão que haja sobre o Banco Central para não baixar juros, as taxas estão 'exageradamente restritivas' e terão que cair, defendendo que a autoridade monetária dê ao menos uma sinalização sobre cortes à frente.
Em evento promovido pela Bloomberg, em São Paulo, um dia antes de o BC anunciar sua decisão sobre o patamar da Selic, Haddad afirmou que uma taxa real de juros de 10% no Brasil é algo que não faz sentido, citando uma melhora nas expectativas de mercado e nos dados correntes de inflação.
'Considero uma taxa exageradamente restritiva, nós poderíamos já começar a pensar, sinalizar... vamos ver o comunicado, as vezes o patamar do juro pode se manter, mas o comunicado pode sinalizar... vamos aguardar', disse o ministro em entrevista à Bloomberg paralela ao evento.
Haddad avaliou que os juros do país poderiam estar em patamar restritivo para arrefecer a inflação, mas não em um nível tão elevado, que, para ele, deprime o crescimento econômico e prejudica as contas públicas.
'Penso que uma correção do patamar da Selic ia fazer tudo convergir para um patamar mais adequado de crescimento, de fiscal, de inflação, de tudo', afirmou.
Haddad ponderou que não é possível afirmar quando acontecerá o corte de juros pela autoridade monetária.
O mercado tem melhorado gradualmente as projeções para a inflação neste e nos próximos anos, mas em níveis ainda incompatíveis com o atingimento do centro da meta contínua de 3%.
De acordo com o mais recente boletim Focus do BC, as expectativas de inflação estão em 4,55% para este ano (contra 4,80% há um mês), 4,20% para 2026 (4,28% antes) e 3,80% para 2027 (3,90% antes).
A Selic está atualmente em 15% ao ano, e BC anuncia na quarta-feira sua decisão para os juros básicos após ter defendido em suas comunicações oficiais uma manutenção da taxa neste nível por período 'bastante prolongado', para assegurar o atingimento da meta de inflação.
(Reportagem de Marcela Ayres e Bernardo Caram)
Reuters

