Mourão diz que rede social não traduz opinião do governo, que deve construir pontes com Maia
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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira que as redes sociais não traduzem a opinião do governo, em referência a declarações recentes de um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro que provocaram um mal-estar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e defendeu que sejam criadas pontes com o deputado.
Até então principal articulador da reforma da Previdência, Maia já vinha mostrando descontentamento ao cobrar a articulação do governo com alguns alertas.
Mas a temperatura subiu exponencialmente a partir de quarta-feira, quando claramente irritado o presidente da Câmara teceu duras críticas a um dos superministros do governo, Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública --um 'funcionário' de Bolsonaro, nas palavras do deputado.
'Se por acaso o presidente Rodrigo ficou incomodado com isso, compete a nós do governo lançarmos aí as pontes e conversarmos com ele', disse Mourão, que exerce a Presidência da República em função da viagem de Bolsonaro ao Chile.
'Rede social não tem nada a ver com a opinião que todos nós membros do governo, do Executivo, temos sobre ele como presidente de uma das Casas do Legislativo', afirmou o presidente em exercício à rádio Gaúcha. 'Eu considero particularmente o deputado Rodrigo Maia um apoiador incondicional das principais ideias que nós temos e conto, assim como todos nós do governo, com o apoio dele.'
Em uma publicação no Twitter na quinta-feira, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), retuitou trecho de nota divulgada por Moro na véspera, em resposta a Maia, que reclamava de interferência e avisava que o projeto anticrime do ministro seria votado no momento 'oportuno' na Casa.
'Se a gente for dar bola pra rede social, a gente não faz outra coisa', disse Mourão nesta sexta. 'Eu acho que nós temos que ter foco, nos concentrar no nosso trabalho, buscar ter a resiliência necessária para implementar as reformas que o país precisa e olhar menos para essa questão da rede social.'
Apesar da irritação dos últimos, dias, Maia fez questão de renovar seu apoio à reforma nesta sexta. Em resposta a um tuite da deputada estadual paulista Janaina Paschoal (PSL), o presidente da Câmara afirmou, também, no Twitter, que 'nunca vou deixar de defender a reforma da Previdência'.
Mourão reconheceu que esses 'ruídos' causam 'estranhamento', mas afirmou que integrantes do 'primeiro escalão', como ele e o ministro da Economia, Paulo Guedes, têm procurado manter 'uma posição bem equilibrada' sobre a reforma da Previdência.
'E nós consideramos que a gente tem que ter a perseverança necessária, e a paciência para levar esse assunto e convencer o conjunto não só da população, como do Parlamento da necessidade dessa reforma.'
Para Mourão, no entanto, é 'muito importante' que o projeto de segurança pública de Moro seja aprovado, apesar do que chamou de 'alguma dificuldade' para avançar.
(Por Maria Carolina Marcello)
Escrito por Thomson Reuters
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