Paris Fashion Week: o que a semana de moda teve a dizer sobre a guerra na Ucrânia?

Uma das maiores semanas de moda do mundo, a Paris Fashion Week, teve seu fim no dia 8 de março. Como de costume, o evento não passou em branco, tendo sido usado como palco para gestos significativos contra a guerra na Ucrânia. - desde manifestações simbólicas até apoio financeiro por parte das etiquetas.

Após dois anos na pandemia da Covid-19, a Paris Fashion Week 2022 estava sendo aguardada ansiosamente por também ser uma comemoração que significa a volta de uma certa normalidade, mas, dias antes de seu início, o conflito entre Rússia e Ucrânia pintou as passarelas de uma sobriedade inesperada.

O presidente da organização da Semana de Moda, a Federation de la Haute Couture et de la Mode (FHCM), Ralph Toledano, pediu em comunicado divulgado que os participantes “experimentem com solenidade os desfiles dos próximos dias e em reflexo dessas horas sombrias.”

Segundo ele, sentir a felicidade pela volta dos desfiles presenciais, mas saber que o leste europeu estava em conflito eram fatos conflitantes em sua mente.

Outro combate ao horror da guerra veio por parte da marca de luxo Balenciaga, que considerou cancelar seu desfile diante dos acontecimentos. “A Guerra na Ucrânia desencadeou a dor de um trauma passado que carrego em mim desde 1993, quando a mesma coisa aconteceu com meu país natal e me tornei um refugiado para sempre”, disse Demna, designer da etiqueta.

O show aconteceu, mas foi usado como palco de gestos contra o embate; a bandeira da Ucrânia foi colocada nos assentos, e o artista declarou um poema em ucraniano, escrito por Oleksandr Oles, grande poeta do país.

“Percebi que cancelar o show significaria ceder, render-me ao mal que já me machucou tanto por quase 30 anos. Eu decidi que não poderia mais sacrificar parte de mim para aquela guerra sem sentido e sem coração de ego”, escreveu Demna.

Além da Balenciaga, os donos da Kering - grupo francês detentor de marcas como Gucci, Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Brioni e Alexander McQueen - anunciaram a suspensão de atividades em território russo, enquanto Hermes e Cartier, fecharam temporariamente as lojas no país.

Seguindo na mesma linha estão Chanel e o conglomerado LVMH, que também doou € 5 milhões à Cruz Vermelha, que ajuda vítimas do conflito. Já o designer nascido na Ucrânia, Petar Petrov, anunciou que sua marca doaria 10% da quantia arrecadada através de pedidos online para a ACNUR e a Cáritas.

Mas algumas manifestações aconteceram nas passarelas. Ao fim do desfile de Nanushka, modelos revelaram maquiagens azul e amarelas nos olhos durante a apresentação de um quarteto de cordas que tocava o hino nacional ucraniano. Além disso, a maison garantiu doações e apoio à Ucrânia, interrompendo temporariamente as vendas na Rússia.

Stella McCartney, dona da grife homônima e filha de Paul McCartney, tocou “Give Peace a Chance" - música anti-guerra produzida por John Lennon - ao final de seu desfile. Enquanto a Louis Vuitton venstiu sua última modelo com uma polo listrada azul e amarela.

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