Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1

Investimento da Petrobras em 5 anos cairá 1,8% para US$109 bi; plano projeta menos dividendos

Investimento da Petrobras em 5 anos cairá 1,8% para US$109 bi; plano projeta menos dividendos

Reuters

27/11/2025

Placeholder - loading - Sede da Petrobras 17/07/2023 REUTERS/Ricardo Moraes
Sede da Petrobras 17/07/2023 REUTERS/Ricardo Moraes

Atualizada em  28/11/2025

Por Marta Nogueira e Fabio Teixeira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras aprovou investimentos de US$109 bilhões entre 2026 e 2030, montante que representa uma queda de cerca de 1,8% na comparação com o seu plano quinquenal anterior (2025-2029), com uma baixa nos preços do petróleo apertando o 'compromisso' da empresa com a disciplina de capital e controle de gastos.

Mas a redução nos investimentos previstos não atingiu a divisão de Exploração & Produção de petróleo, que pode até mesmo receber mais aportes em cinco anos ante o programa anterior, dependendo do valor da commodity. O corte aconteceu principalmente em projetos de energias de baixo carbono e em iniciativas de descarbonização, informou a companhia em fato relevante ao mercado nesta quinta-feira.

O valor aprovado confirma reportagem da Reuters publicada na véspera, que apontou que o conselho de administração avaliaria a cifra de US$109 bilhões, marcando o primeiro recuo no investimento da estatal em seu plano plurianual desde o programa anunciado em 2020, em plena pandemia de Covid-19.

Do total, US$91 bilhões estão previstos na carteira de projetos em implantação, mas este montante pode ser reduzido para US$81 bilhões, se o petróleo ficar mais baixo, com a companhia criando um novo mecanismo para dar segurança à financiabilidade do plano.

'Avaliações trimestrais, à luz das projeções de fluxo de caixa e estrutura de capital, determinarão o avanço desses projetos, bem como eventual priorização', destacou a companhia.

'Se o Brent ficar abaixo de US$63, se a produção estimada não vier como esperado, se cai outra variável, pode-se cortar', disse uma fonte próxima da Petrobras, na condição de anonimato.

Nas premissas do plano, a Petrobras prevê agora o Brent, referência internacional do preço do petróleo, a US$63 o barril em 2026, contra US$77 no plano anterior, além de projetar o valor de US$70 para os anos seguintes.

Outros US$18 bilhões em investimentos, enquadrados na carteira de projetos em avaliação, composta por oportunidades com menor grau de maturidade, somam-se ao US$91 bilhões para totalizar os recursos previstos.

Agora estão previstos US$19,4 bilhões em investimentos para 2026, atingindo um pico no horizonte do plano de US$21 bilhões em 2027, para depois cair para US$20,5 bilhões em 2028, US$16,1 bilhões em 2029 e US$14,3 bilhões em 2030 --no plano anterior, o pico de investimentos era visto em US$20,9 bilhões em 2028.

Além de prometer maior eficiência na alocação do capex, a companhia prevê medidas para otimizar custos, com economia estimada de US$12 bilhões nos gastos operacionais gerenciáveis entre 2025 e 2030, o que representa uma redução média anual de 8,5% em relação ao plano anterior, disse a Petrobras.

Entre as iniciativas, a companhia citou redução de gastos em plataformas sem produção, otimização da logística aérea e marítima, otimização das intervenções em poços e inspeções submarinas e outras.

A Petrobras ainda demonstrou maior cautela com a remuneração aos acionistas em um ambiente mais desafiador do preço do petróleo.

No relatório, a companhia disse que os dividendos ordinários ficarão em faixa de US$45 bilhões a US$50 bilhões no período do plano, enquanto no plano anterior a previsão era até US$55 bilhões. Em contrapartida, a empresa deixou de prever dividendos extraordinários, que antes eram vistos em até US$10 bilhões.

PICO DE PRODUÇÃO

Apesar do recuo no investimento, se o mercado de petróleo se mantiver firme, a área de Exploração e Produção poderá até mesmo elevar seus investimentos, já que a empresa busca acelerar sua produção.

A Petrobras elevou em US$1 bilhão os investimentos em Exploração e Produção de petróleo e gás (E&P) em relação ao plano anterior. Principal foco da companhia, a área soma US$78 bilhões do total previsto para os próximos cinco anos, versus US$77 bilhões no plano anterior.

Neste contexto, a Petrobras prevê atingir, no quinquênio, o pico de produção de óleo de 2,7 milhões de barris por dia (bpd) em 2028, um volume de 200 mil bpd acima do previsto para 2026.

Para o ano que vem, a produção de petróleo da Petrobras deve crescer 100 mil bpd em relação aos 2,4 milhões de bpd previstos para 2025, destacou a empresa, ressaltando que esse número representa o topo da banda da meta.

Em 2027, a empresa projeta produzir 2,6 milhões de bpd, mesmo nível projetado para os dois últimos anos do plano.

Considerando a produção de petróleo e gás, o pico de produção no horizonte do plano seria de 3,4 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia (boed), em 2028 e 2029, em projeções anuais com uma margem de variação de 4% para mais ou para menos.

O aumento da produção da petroleira nos próximos anos vai se dar com a implantação de oito novos sistemas de produção até 2030, sendo que sete já estão contratados. A Petrobras disse que atua como operadora de todos esses campos, com exceção do Raia, operado pela Equinor .

Mas é do campo de Búzios, no pré-sal Bacia de Santos, que virá boa parte do crescimento. Lá, a Petrobras prevê concluir a implantação de 11 unidades FPSOs até 2027, com entrada em operação das plataformas já contratadas P-78, P-79, P-80, P-82 e P-83, 'além de estar em licitação uma 12ª unidade de produção, a P-91'.

REFINO E CORTE EM OUTRAS ENERGIAS

Os investimentos em Refino, Transporte e Comercialização foram estimados em cerca de US$20 bilhões, estáveis ante o previsto no programa anterior.

Esses recursos serão direcionados a projetos para ampliar a capacidade instalada de processamento de 1,8 milhão bpd para 2,1 milhões bpd até 2030, um acréscimo de 320 mil bpd, incluindo os projetos em avaliação.

Já na área de Gás e Energias de Baixo Carbono, a Petrobras anunciou investimentos de US$9 bilhões, redução ante os US$11 bilhões no plano anterior. A Área Corporativa também teve os aportes previstos reduzidos a US$2 bilhões, versus US$3 bilhões anteriormente.

A Petrobras cortou investimentos em descarbonização (emissões operacionais) para US$4,3 bilhões no horizonte do plano, US$1 bilhão a menos em relação ao programa anterior.

Além disso, reduziu os aportes previstos para energias de baixo carbono (eólica onshore, solar e outras) para US$3,1 bilhões, versus US$5,7 bilhões.

Por outro lado, aumentou para US$4,8 bilhões o total para a área de biocombustíveis, versus US$4,3 bilhões no plano anterior, com o etanol mantendo os mesmos US$2,2 bilhões, embora desde o ano passado a companhia não tenha anunciado qualquer acordo com usinas.

(Por Marta Nogueira, Rodrigo Viga Gaier e Fábio Teixeira, no Rio de Janeiro, reportagem adicional de Andre Romani, em São Paulo)

Reuters

Compartilhar matéria

Mais lidas da semana

 

Carregando, aguarde...

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.