Putin exige mais terras ucranianas para acabar com guerra, Kiev rejeita termos
Publicada em
Atualizada em
Por Vladimir Soldatkin
MOSCOU (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira que a Rússia só encerraria a guerra na Ucrânia se Kiev concordasse em abandonar as suas ambições na Otan e entregasse a totalidade das quatro províncias reivindicadas por Moscou, exigências que Kiev rapidamente rejeitou como equivalentes à rendição.
Na véspera de uma conferência na Suíça para a qual a Rússia não foi convidada, Putin estabeleceu condições maximalistas totalmente em desacordo com os termos demandados pela Ucrânia, aparentemente refletindo a crescente confiança de Moscou de que as suas forças têm a vantagem na guerra.
Ele reafirmou exigência de desmilitarização da Ucrânia, inalterada desde o dia em que enviou suas tropas, em 24 de fevereiro de 2022, e disse que o fim das sanções ocidentais também deve fazer parte de um acordo de paz. Ele também repetiu o seu apelo à “desnazificação” da Ucrânia, com base no que Kiev chama de calúnia infundada contra a sua liderança.
O assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak afirmou à Reuters que as condições de Putin equivaliam a propor que a Ucrânia admitisse a derrota e renunciasse à sua soberania.
Não há “nenhuma possibilidade de chegar a um acordo” com base no que Putin propôs, segundo ele.
O momento do discurso pretende claramente antecipar a cúpula suíça, anunciada como uma 'conferência de paz', apesar da exclusão da Rússia, onde o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, busca uma demonstração de apoio internacional aos termos de Kiev para acabar com a guerra.
“As condições são muito simples”, disse Putin, listando-as como a retirada total das tropas ucranianas de todo o território das regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, no leste e sul da Ucrânia.
A Rússia reivindicou as quatro regiões, que as suas forças controlam apenas parcialmente, como parte do seu próprio território em 2022, um ato rejeitado pela maioria dos países nas Nações Unidas como ilegal. Moscou também capturou e anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014.
“Assim que declararem em Kiev que estão prontos para tal decisão e iniciarem uma verdadeira retirada das tropas destas regiões, e também anunciarem oficialmente o abandono dos seus planos de adesão à Otan - do nosso lado, imediatamente, literalmente ao mesmo minuto, seguiria uma ordem para cessar fogo e iniciar negociações', declarou Putin.
'Repito, faremos isso imediatamente. Naturalmente, garantiremos simultaneamente a retirada segura e desimpedida das unidades e formações ucranianas.'
A Rússia controla quase um quinto do território ucraniano no terceiro ano de guerra. A Ucrânia afirma que a paz só pode basear-se na retirada total das forças russas e na restauração da sua integridade territorial.
A cúpula do fim de semana na Suíça, que contará com a presença de representantes de mais de 90 nações e organizações, deverá evitar questões territoriais e concentrar-se em questões como a segurança alimentar e a segurança nuclear na Ucrânia.
O Kremlin disse que a reunião será “fútil” sem que a Rússia esteja representada.
(Reportagem adicional de Max Hunder em Kiev)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO