Suspeito de genocídio em Ruanda não tem condições de ir a julgamento, dizem juízes da ONU

Por Stephanie van den Berg e Charlotte Van Campenhout

AMSTERDÃ (Reuters) - Juízes de apelação da ONU (Organização das Nações Unidas) decidiram nesta segunda-feira pela suspensão por tempo indeterminado do julgamento de crimes de guerra do suspeito de genocídio em Ruanda, Felicien Kabuga, devido à demência do idoso, afastando a possibilidade de um procedimento alternativo mais enxuto.

Os juízes, que fazem parte de uma corte sucessora do tribunal dos crimes de guerra em Ruanda, também determinaram que instância inferior avalie rapidamente sob quais circunstâncias Kabuga pode ser solto. Anteriormente, o advogado de defesa disse que seu cliente deveria ser liberado.

Ex-empresário e dono de uma estação de rádio, ele era um dos últimos suspeitos procurados pelo tribunal que apura crimes no genocídio de 1994, quando extremistas da maioria Hutu mataram mais de 800 mil Tutsis e Hutus moderados em apenas cem dias.

Kabuga já se aproxima dos 90 anos, embora não se saiba sua data exata de nascimento. Ele foi preso na França em 2020, após mais de 20 anos foragido.

Em junho, juízes da corte de crimes de guerra da ONU afirmaram que ele não tinha condições de ir a julgamento, mas afirmaram que procedimentos alternativos deveriam ser adotados.

Os promotores alegam que interromper o julgamento seria injusto com as vítimas e que foram as próprias ações de Kabuga que o colocaram na condição de réu em idade avançada e capacidade limitada.

(Reportagem de Stephanie van den Berg, Charlotte Van Campenhout)