Alerta sobre fluxo de caixa da Alstom derruba ações

Por Olivier Sorgho e Danilo Masoni

(Reuters) - As ações da Alstom caíram até 38% em Paris, nesta quinta-feira, depois que a fabricante dos trens de alta velocidade TGV reduziu meta de fluxo de caixa livre para o ano, criando preocupações sobre seus níveis de endividamento em um ambiente de juros crescentes.

As ações da companhia operavam perto pior queda em um dia em mais de 20 anos, apontando baixa de com uma queda de 37% às 9h09 (horário de Brasília), o que eliminou cerca de 3 bilhões de euros do valor de mercado da Alstom.

Na noite de quarta-feira, a empresa reduziu sua orientação para o fluxo de caixa do ano, apontando atrasos em encomendas e aumento na produção que pesou sobre o caixa.

O grupo disse que agora espera uma saída de caixa de 500 milhões a 750 milhões de euros no ano, após uma saída de 1,15 bilhão de euros no primeiro semestre, bem acima do consenso de queima de 152 milhões, citado pela Jefferies.

'Há algum tempo, quando as taxas de juros estavam em zero, não fazer caixa não era um grande problema para uma empresa. Agora é, e o mercado não tem piedade', disse Angelo Meda, gerente de portfólio do Banor SIM, em Milão.

Enquanto isso, os analistas do Deutsche Bank disseram que consideraram a notícia como um 'grande golpe na credibilidade da administração', acrescentando que agora esperam que a Alstom encerre o ano com uma dívida líquida de 3 bilhões de euros, cerca de 1 bilhão a mais do que o esperado anteriormente.

Representantes do grupo não comentaram o assunto nesta quinta-feira.

O custo do seguro da dívida da Alstom contra o risco de inadimplência atingiu o valor mais alto desde novembro passado, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence. O maior título em circulação da empresa - um cupom fixo com vencimento em 2029 - também caiu, levando seu rendimento a um recorde de 4,917% na Tradeweb.

Enquanto isso, os traders expressaram preocupações de que a Alstom poderia perder recomendação de grau de investimento e observaram que a confiança dos investidores em sua administração pode ser questionada.

A Alstom vem criando estoques para cobrir uma carteira de pedidos acumulada nos últimos dois anos, mas na quarta-feira alertou sobre pedidos semestrais 'mais fracos do que o esperado', acrescentando que o programa Aventra, no Reino Unido, havia sido adiado.

Os analistas do JP Morgan, que veem a queda das ações como uma possível oportunidade de compra, disseram em uma nota que os problemas são 'de natureza transitória' e apontaram como pontos positivos o fato de a Alstom ter confirmado perspectiva de margem de lucro para o ano e metas de médio prazo.

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447753))

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