Apoiadores de Trump viram bandeiras dos EUA de cabeça para baixo em protesto contra veredito
Publicada em
Por Tim Reid e Alexandra Ulmer e Helen Coster
WASHINGTON (Reuters) - Bandeiras norte-americanas de ponta-cabeça foram vistas nesta sexta-feira em frente a casas e nas redes sociais nos Estados Unidos em apoio ao ex-presidente Donald Trump, após um júri de Nova York proferir um veredicto histórico condenando o republicano.
A congressista norte-americana Marjorie Taylor Greene e o cantor country Jason Aldean estavam entre os famosos que exibiram a bandeira de cabeça para baixo.
Popular entre apoiadores fiéis ao político desde a sua derrota na eleição de 2020, o símbolo de protesto no país há mais de 200 anos explodiu nas redes sociais pró-Trump após o veredicto considerando-o culpado, na quinta-feira, por falsificar documentos para encobrir o pagamento de um suborno a uma atriz pornô para influenciar ilegalmente a eleição de 2016.
Minutos após o veredicto, Greene postou a bandeira invertida na sua conta na rede social X. Até a tarde desta sexta-feira, mais de 8 milhões de pessoas visualizaram a publicação.
Aldean publicou uma bandeira invertida em sua conta do Instagram, dizendo: 'Tempos assustadores no nosso país neste momento, cara'. E acrescentou: 'Se há uma hora de soltar o verbo, É AGORA. Não se enganem. Estamos encrencados'.
Don Tapia, ex-embaixador de Trump na Jamaica e doador do Partido Republicano, colocou uma bandeira invertida em frente à sua casa, no Arizona. Ele afirmou que recebeu ligações em apoio e que motoristas buzinavam ao passar pelo local: 'Vou mudar no domingo para a bandeira normal', afirmou ele à Reuters por mensagem de texto. Uma filial de Miami dos Proud Boys, grupo militante de extrema-direita, postou uma bandeira invertida no Telegram. Eles foram seguidos por um grupo semelhante chamado Patriot Voice, com as palavras: 'Extremamente angustiados'. Em segmentos da rede de apoio a Trump na internet, apoiadores demandavam tumultos, revolução e resposta violenta. A simbólica inversão da bandeira chamou a atenção de todo o país quando o jornal The New York Times informou, em meados de maio, que o símbolo de ponta-cabeça foi hasteado em frente à casa do juiz da Suprema Corte Samuel Alito, semanas após o dia 6 de janeiro de 2021, quando o Capitólio foi atacado por apoiadores de Trump que protestavam contra a derrota do político na eleição de 2020. Alito, um conservador indicado à corte pelo ex-presidente George W. Bush, um republicano, disse ao jornal que “não teve envolvimento algum no hasteamento da bandeira”. Segundo ele, sua esposa tomou a decisão de realizar o ato em resposta a uma contenda no bairro.
Primeiro ex-presidente a ser condenado por um crime, Trump disse nesta sexta-feira que recorrerá do veredicto. Ele está em uma disputa acirrada com o presidente democrata Joe Biden antes da revanche eleitoral de 5 de novembro.
A bandeira de cabeça para baixo foi usada pela primeira vez nos anos 1700, por marinheiros, para sinalizar perigo, disse o historiador Timothy Naftali. Desde então, o ato ganhou um já antigo simbolismo político tanto para a esquerda quanto para a direita. Ele foi usado pelo movimento contra a escravidão, em meados do século 19, e também por manifestantes contrários à Guerra do Vietnã, na década de 1960, afirmou Naftali, profesor da Escola de Assuntos Internacionais e Públicos da Universidade de Columbia.
Ele chama a atenção para a ironia ao fato de que quando os manifestantes da Guerra do Vietnã invertiam a bandeira ou a queimavam, os republicanos geralmente criticavam isso.
'Vivemos em uma época em que as conspirações mais profundas e virulentas sobre a natureza de nossa Constituição estão à direita. Inverter a bandeira faz parte disso', disse ele.
Uma bandeira invertida dos EUA foi hasteada por algumas pessoas que protestavam contra o assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco de Minnesota em 2020.
Ela também foi carregada por pessoas que protestavam contra a decisão da Suprema Corte dos EUA em 2022 de acabar com o direito federal ao aborto. (Reportagem de Tim Reid em Washington, Alexandra Ulmer em São Francisco e Helen Coster em Nova York)
Escrito por Reuters
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