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Assessores de Bolsonaro usaram computadores da Presidência para imprimir certificados de vacinação adulterados

Placeholder - loading - Agentes da PF durante busca e operação na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro 03/05/2023 REUTERS/Adriano Machado
Agentes da PF durante busca e operação na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro 03/05/2023 REUTERS/Adriano Machado

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(Acrescenta palavra 'então' antes de 'presidente' no primeiro parágrafo)

Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A investigação da Polícia Federal sobre as inserções de registros falsos de vacinas da Covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro revelaram que, nos dias anteriores de seu embarque para os Estados Unidos no fim do ano passado, os certificados de vacinação do então presidente foram impressos duas vezes por seus assessores próximos em computadores do Palácio do Planalto.

No relatório da PF entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), os investigadores mostram que até o dia 22 dezembro a conta de Bolsonaro no ConecteSUS, sistema do Ministério da Saúde onde são registradas as vacinas, era administrada pelo então ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid. A partir desse dia, quando Cid deixa o serviço do presidente, quem assume é Marcelo Costa Câmara, que se torna um dos assessores do ex-presidente e o acompanha depois aos Estados Unidos.

De acordo com a PF, Cid acessou o ConecteSUS do então presidente no dia 22 de dezembro, um dia depois dos dados de vacinação falsos serem inseridos no sistema, e imprimiu um certificado de vacinação de um computador cujo endereço IP pertence a uma máquina localizada na Presidência da República.

No dia 27 do mesmo mês, horas antes do registro fraudulento ter sido apagado do ConecteSUS por uma servidora da prefeitura de Duque de Caxias (RJ), Marcelo Câmara, já como assessor do Presidência, acessa o ConecteSUS do ex-presidente e imprime uma nova versão do certificado de vacinação no mesmo computador, apontou a PF.

Uma terceira versão do certificado de vacinação foi impresso através do celular de Cid em 30 de dezembro, dia em que Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos. Dessa vez, as duas doses de vacinas da Pfizer incluídas em Duque de Caxias já tinham sido apagadas do sistema, restando apenas uma dose de vacina Janssen.

Essa vacina teria sido aplicada, de acordo com o que revelou o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho, em fevereiro deste ano, em um bairro da cidade de São Paulo. Na data da aplicação, 19 de julho, o então presidente estava em Brasília, onde tinha chegado no dia anterior depois de ter ficado alguns dias internado em São Paulo para tratar uma obstrução intestinal.

A investigação da PF não entra em detalhes sobre a veracidade ou não desse registro de vacina da Janssen.

Já os registros adicionados fraudulentamente em Duque de Caxias foram feitos com o cuidado de colocarem como datas de aplicação dias em que Bolsonaro estava no Rio de Janeiro. Na primeira data, 10 de agosto, o ex-presidente deu uma entrevista na Barra da Tijuca e participou da Marcha para Jesus, no centro do Rio.

Já em 14 de outubro, Bolsonaro de fato esteve por pouco mais de duas horas em Duque de Caxias, onde participou de uma caminhada no centro da cidade. No entanto, o próprio ex-presidente negou nesta quarta-feira que tenha se vacinado.

A PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e deteve três de seus auxiliares mais próximos, nesta quarta-feira, como parte da operação que investiga a inserção de informações falsas sobre vacinação de Covid-19 no banco de dados oficial do Ministério da Saúde.

As ações foram cumpridas no âmbito do inquérito das milícias digitais, e autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou o sigilo dos documentos relacionados após o cumprimento das medidas.

De acordo com os documentos, a PF identificou um esquema para fraudar dados de vacinação para beneficiar o ex-presidente, sua filha e ao menos três assessores próximos do ex-mandatário antes de o grupo viajar aos EUA em dezembro passado.

O esquema, segundo a PF, visava 'burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos)'. Os EUA exigem até o momento o certificado de vacinação contra Covid-19 para entrada em seu território -- a medida será suspensa no dia 11 deste mês.

Em sua decisão, Moraes disse não ser crível que Cid possa ter comandado 'relevante operação criminosa' destinada diretamente ao então presidente e à filha dele 'sem, no mínimo, conhecimento e aquiescência' de Bolsonaro.

'Diante do exposto e do notório posicionamento público de Jair Messias Bolsonaro contra a vacinação, objeto da CPI da Pandemia e de investigações nesta Suprema Corte, é plausível, lógica e robusta a linha investigativa sobre a possibilidade de o ex-presidente da República, de maneira velada e mediante inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, buscar para si e para terceiros eventuais vantagens advindas da efetiva imunização, especialmente considerado o fato de não ter conseguido a reeleição nas Eleições Gerais de 2022', destacou o magistrado.

O ex-presidente negou que tenha adulterado seu cartão de vacinação e reiterou que não se vacinou contra a Covid-19 -- ele e seus aliados fizeram campanha contra a vacina na pandemia --, declarando-se surpreso com o cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua casa em Brasília.

Não foi possível contactar Mauro Cid e Marcelo Costa Câmara ou seus representantes legais.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito)

Escrito por Reuters

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