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BC reduz Selic a 12,25% e prevê novos cortes de 0,50 p.p., mas cita cenário externo adverso

Placeholder - loading - Sede do Banco Central, em Brasília 22/03/2022 REUTERS/Adriano Machado
Sede do Banco Central, em Brasília 22/03/2022 REUTERS/Adriano Machado

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Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) -O Banco Central decidiu nesta quarta-feira fazer um terceiro corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 12,25% ao ano, e afirmou que sua diretoria antevê reduções equivalentes nas próximas reuniões, apesar de citar um ambiente internacional adverso.

'Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário', informou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado.

As maiores mudanças no documento se deram no trecho sobre o ambiente externo, que, para o BC, passou de 'incerto' na reunião de setembro para 'adverso' agora 'em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas'.

Os dirigentes do BC têm dado destaque no período recente ao cenário internacional como fonte de incerteza, em meio à alta das taxas longas de juros nos Estados Unidos, o que direciona o fluxo de recursos para a maior economia do mundo e tende a valorizar o dólar, pressionando a inflação no Brasil.

O ambiente ganhou novo fator de incerteza após a nova crise entre Israel e Hamas, que ampliou tensões, com temores de maior envolvimento de outros países no conflito.

No comunicado, o Copom manteve seu balanço de riscos para a inflação com fatores equilibrados entre chances de alta e de baixa nos preços, mas alertou que 'a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, é mais incerta do que o usual e exige cautela na condução da política monetária'.

'O comunicado veio em linha com as nossas expectativas e pode ser recebido pelo mercado como 'dovish' (suave), na medida em que havia uma possibilidade de o BC sinalizar a manutenção do ritmo de corte apenas na próxima reunião', disse head de pesquisa Macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon, para quem o único trecho mais duro do documento é o que trata do cenário externo.

A redução na taxa básica de juros anunciada nesta quarta-feira foi a terceira consecutiva, depois que o BC iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 0,50 ponto na Selic em agosto, indicando que manteria esse ritmo de flexibilização nas reuniões à frente, a menos que surpresas substanciais fossem observadas.

O documento enfatizou que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá de uma série de fatores, como a evolução da dinâmica inflacionária, as expectativas para o comportamento dos preços, o hiato do produto e do balanço de riscos para a inflação no futuro.

O corte de 0,50 ponto nos juros básicos na reunião deste mês foi decidido por unanimidade, assim como ocorreu em setembro. Na reunião de agosto, a decisão foi dividida.

FISCAL

Na reunião de setembro, o BC havia voltado a incorporar alerta sobre a questão fiscal em seu comunicado, destacando ser importante a “firme persecução” das metas estabelecidas para as contas públicas -- objetivo colocado em dúvida por agentes de mercado.

Agora, apesar de o tema ter ganhado novo ingrediente após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que a meta de déficit fiscal zero em 2024 dificilmente será alcançada, o que contribuiu para uma forte alta dos juros futuros, o Copom apenas reafirmou o que havia manifestado em setembro sobre o tema.

'Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas', disse.

Nesta quarta, o BC ainda mudou suas projeções para o comportamento dos preços em relação à reunião de setembro. A autoridade monetária informou que, em seu cenário de referência, a estimativa para a inflação caiu de 5,0% para 4,7% em 2023, subiu de 3,5% para 3,6% em 2024 e foi de 3,1% para 3,2% em 2025.

O documento afirmou que inflação ao consumidor manteve trajetória de desinflação, mas segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta, enquanto as medidas de inflação subjacente (que desconsideram choques temporários) ainda se situam acima da meta.

Dados divulgados desde a última reunião do Copom mostram que a inflação subiu bem menos do que o esperado em setembro, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, desacelerando ligeiramente em outubro.

A decisão desta quarta-feira do BC veio em linha com as expectativas de mercado, conforme pesquisa da Reuters que mostrou que todos os 40 economistas consultados no fim de outubro esperavam uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic.

O corte, feito na penúltima reunião do Copom do ano, leva a Selic ao nível mais baixo desde maio de 2022, quando estava em 11,75% ao ano. O novo patamar ainda está 10,25 pontos acima da mínima histórica de 2% ao ano, atingida durante a pandemia de Covid-19 e que vigorou até março de 2021.

Para o economista-chefe da PicPay, Marco Antonio Caruso, o comunicado foi 'dovish' ao prever cortes de 0,50 ponto percentual na Selic nas próximas reuniões, no plural.

'Por outro lado, todas as demais mudanças tiveram um quê mais 'hawkish' (duro com a inflação), especialmente a parte do cenário internacional', disse. 'Eles podem estar discutindo internamente ou repensando uma possibilidade de o ponto final da Selic ser mais alto do que era imaginado anteriormente.'

(Por Bernardo CaramEdição de Isabel Versiani)

Escrito por Reuters

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