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Eleitores escolhem novo presidente em disputa com Bolsonaro favorito e Haddad em busca de virada

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Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - Eleitores de todo o Brasil foram às urnas neste domingo para escolher o próximo presidente da República em uma disputa de segundo turno que tem o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, como favorito para subir a rampa do Palácio do Planalto em 1º de janeiro, enquanto o petista Fernando Haddad tenta uma virada difícil, que seria inédita em eleições presidenciais no país.

Líder das pesquisas, Bolsonaro votou sob forte esquema de segurança em uma escola de uma vila militar do Rio de Janeiro e afirmou estar confiante em uma vitória pelo que tem visto nas ruas, enquanto Haddad apontou para uma retomada nas intenções de voto em sua candidatura nos últimos dias e disse esperar por um 'grande resultado'.

Apesar de uma redução na diferença das intenções de votos entre os dois candidatos na disputa do segundo turno, de acordo com as últimas pesquisas, uma virada de Haddad deve ser difícil. Desde a primeira eleição direta para presidente após a redemocratização, o candidato que terminou o primeiro turno com a primeira posição jamais sofreu uma derrota na votação decisiva.

Fernando Collor, em 1989, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002 e 2006, e Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, terminaram a primeira rodada na frente e confirmaram o favoritismo no segundo turno. Em 1994 e 1998 Fernando Henrique Cardoso elegeu-se no primeiro turno.

Bolsonaro foi o mais votado no último dia 7, com 46 por cento dos votos válidos, enquanto Haddad somou 29 por cento. De acordo com pesquisas Ibope e Datafolha, divulgadas no sábado, o capitão da reserva do Exército deverá confirmar neste domingo a liderança mostrada nas urnas três semanas atrás.

Segundo o Ibope, Bolsonaro chega ao dia da eleição com 54 por cento dos votos válidos, enquanto Haddad soma 46 por cento. Já pelo Datafolha divulgado na véspera do pleito, Bolsonaro tem 55 por cento dos votos válidos, contra 45 por cento de Haddad

“A expectativa de hoje é a mesma que vi nas ruas, vitória“, disse Bolsonaro em breve declaração a jornalistas após registrar seu voto em uma escola da vila militar de Deodoro, na zona oeste do Rio.

Haddad, por sua vez, participou de café da manhã com a coordenação da campanha e dirigentes do PT em um hotel de São Paulo antes de votar e disse estar confiante no resultado devido à melhora vista nas últimas pesquisas.

'Estou muito confiante de que nós vamos ter um grande resultado hoje. Vamos lutar até o último minuto. As pesquisas indicam uma retomada importante da intenção de voto no nosso projeto. Eu confio na democracia, confio no povo brasileiro', afirmou.

Logo após a abertura das urnas o presidente Michel Temer registrou seu voto em um colégio da capital paulista, e disse que a transição para o presidente eleito já está organizada em todos os setores do governo, e será realizada de forma 'muita sossegada'.

Em entrevista concedida com a Constituição nas mãos após votar em Brasília, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, afirmou que o ganhador da eleição presidencial deve respeitar as instituições e a democracia, aceitando a oposição que se formará, em um apelo pelo respeito aos valores constitucionais.

A chefe da missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), a ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla, disse que a votação transcorre em clima de normalidade pelo país, enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que apenas 0,38 por cento do total de 454.493 urnas de votação foram substituídas até o fim da manhã.

CORRIDA ATÍPICA

'No Brasil não se consegue afirmar que as coisas serão como elas parecem que serão... (Mas) aparentemente, sim, o Bolsonaro deve ser eleito presidente da República no domingo', disse o cientista político Carlos Melo, do Insper.

Além do futuro presidente da República, este domingo também definirá os governadores de 14 Estados que terão segundo turno e colocará fim a uma campanha atípica, seja pela mudança nas regras eleitorais, seja pelos vários percalços que a marcaram e pela retórica extremamente dura, incluindo troca de ofensas pessoais, entre os dois postulantes ao Planalto no segundo turno.

Não foram poucas as vezes que Bolsonaro se referiu a Haddad como 'canalha', 'fantoche', 'poste' e 'marmita de corrupto preso', batendo principalmente na influência que Lula, preso desde abril por corrupção e lavagem de dinheiro, exerce sobre o afilhado político.

O petista, por sua vez, classificou o capitão da reserva de 'soldadinho de araque' e também o chamou de 'covarde', 'fujão', 'frouxo' e 'arregão', por conta da recusa do presidenciável do PSL em enfrentá-lo cara a cara em debates.

Alvo de uma facada no dia 6 de setembro durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG), Bolsonaro passou por duas cirurgias de urgência, ficou 23 dias hospitalizado e ainda carrega consigo uma bolsa de colostomia, que deverá ser retirada em nova cirurgia até o final deste ano.

Haddad foi oficializado candidato do PT ao Palácio do Planalto no dia 11 de setembro. Assim, não participou dos dois debates em que o capitão da reserva compareceu antes da facada. Mesmo após receber alta, Bolsonaro não foi ao debate da TV Globo, o último do primeiro turno, alegando recomendações médicas.

Embora tenha feito eventos de campanha, como visitas à Polícia Federal e ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, no segundo turno, Bolsonaro voltou a alegar restrições de saúde para não ir a debates no segundo turno. Antes do duelo que aconteceria na Globo na sexta, aliados argumentaram questões de segurança para que ele não comparecesse.

Com isso, esta campanha terá um fato inédito: será a primeira vez que um segundo turno na eleição presidencial não terá um debate sequer entre os dois candidatos.

DESAFIOS FUTUROS

Diante de uma campanha tão acirrada e de elevado patamar de polarização, apontada por analistas como um plebiscito entre o antipetismo, encarnado por Bolsonaro, e o petismo, que teve Haddad escalado para representá-lo por ordem de Lula, o maior desafio do vencedor deverá ser buscar um discurso de união.

“Decidi meu voto por eliminação, por falta de escolha. Espero que o próximo presidente olhe menos para si e mais para o país, menos para os amigos, e que pense maior do que na própria pessoa', disse a bancária Myrna Haiat, de 42 anos, que votou em São Paulo.

A estudante de psicologia Juliani di Castro, de 24 anos, manifestou preocupação com a forte divisão política. 'O que eu gostaria que o próximo presidente fizesse nenhum dos dois vai fazer, mas acho que os movimentos que se levantaram com a divisão política de agora vão permanecer independente de quem for eleito', afirmou.

Com a vitória de Bolsonaro desenhada pelas pesquisas de opinião, fica a dúvida se o capitão da reserva, conhecido por sua retórica dura e por suas declarações polêmicas, terá capacidade e disposição de fazer esses gestos e de unir forças em torno de si para governar.

'Do que vem pela frente o que eu mais destacaria são os sinais do Bolsonaro e da turma de aproximação com a velha política e também com a administração Temer. Estão dando sinais de que a transição para um novo governo não será tão abrupta como se anunciava há algum tempo', disse o analista político da MCM Consultores Associados Ricardo Ribeiro, que acredita que Bolsonaro deverá, mesmo sentado na cadeira presidencial, gerar antagonismos.

'Esse clima mais acirrado de antagonismo vai durar toda a administração Bolsonaro. O Bolsonaro vai ser um presidente que vai gerar muita rejeição, não digo da maioria da população, mas de uma parte expressiva da população', previu.

Para Melo, do Insper, o discurso que Bolsonaro fará após sua provável vitória na noite de domingo deverá ser analisado de perto, até mesmo para aplacar temores dos que veem num eventual governo do capitão da reserva uma ameaça à democracia, por conta de declarações passadas e recentes dele e de aliados próximos.

'O discurso da vitória do Bolsonaro tem que ser um discurso agregador. Não pode ser um discurso com o tom que ele vem exercendo durante a campanha', disse Melo.

'A nenhum presidente da República interessa governar um país dividido. Impor a unidade na porrada não é possível. Espero que ele nem pense nisso. Você tem que construir a unidade por meio da persuasão.'

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier e Maria Clara Pestre, no Rio de Janeiro; Isabel Marchenta, Tais Haupt e Lisandra Paraguassu, em São Paulo; e Maria Carolina Marcello, em Brasília)

Escrito por Thomson Reuters

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