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Lula discute dar Caixa e outros postos de destaque a aliados de Lira para melhorar governabilidade

Placeholder - loading - Lula  e Lira se cumprimentam durante reunião no Palácio do Planalto 11/01/2023 REUTERS/Adriano Machado
Lula e Lira se cumprimentam durante reunião no Palácio do Planalto 11/01/2023 REUTERS/Adriano Machado

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Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a discutir dar mais espaço para aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no alto escalão do governo, inclusive o comando da Caixa Econômica Federal, com o objetivo de garantir maior governabilidade no Congresso a partir de agosto, disseram fontes à Reuters.

O movimento ocorre após a aprovação pela Câmara da reforma tributária e do projeto que altera o funcionamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que contaram com forte apoio do grupo e empenho pessoal de Lira nas votações.

Sem uma base sólida na Câmara no primeiro semestre, a articulação política ficou refém principalmente do ritmo de liberação de emendas parlamentares em cada votação, segundo duas fontes ligadas ao governo. Com a abertura de espaço agora para aliados de Lira, o Palácio do Planalto quer, ao mesmo tempo, evitar o varejo das emendas e ter respaldo para cobrar partidos que fazem parte da coalizão em votações futuras, acrescentaram.

Na volta do recesso parlamentar, em agosto, o Palácio do Planalto terá como desafios concluir as votações na Câmara do novo marco fiscal e da reforma tributária, que deve retornar para análise dos deputados após prováveis mudanças a serem realizadas pelos senadores.

O governo Lula também busca avançar com outras propostas da agenda econômica no Congresso, como a reforma do Imposto de Renda, prometida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Quando for enviada pelo governo, a proposta começará a tramitar pela Câmara.

A avaliação no Planalto, segundo duas fontes ligadas ao governo, é que o Executivo precisa garantir uma estabilidade maior nas votações da Câmara e que um apoio consistente dos partidos ligados a Lira -- que contam com cerca de 250 deputados -- seria fundamental para o sucesso da empreitada. Sozinho, o núcleo duro do governo não tem mais do que 150 deputados.

A pressão do grupo do presidente da Câmara é que as mudanças ocorram até agosto, conforme uma fonte do Planalto e três do Congresso.

'Quem é que acreditava que a gente fosse aprovar a reforma tributária...? Quem é que imaginava que a gente fosse aprovar o Carf? As coisas acontecem, a política é exatamente isso, fazer com que coisas impossíveis aconteçam para que as pessoas comecem a acreditar na política', disse Lula nesta quarta-feira em discurso durante evento no Palácio do Planalto.

'Nenhum deputado, nenhum senador fez nenhum favor para mim, e não fez nenhum favor para o governo porque o projeto não é do governo, é da sociedade brasileira. E senadores e deputados fizeram favor para quem? Para a própria imagem do Congresso Nacional e do povo brasileiro', acrescentou.

POSSÍVEIS TROCAS

As trocas, segundo as quatro fontes, envolveriam garantir maior espaço para o União Brasil e partidos da zona de influência de Lira, como o PP e o Republicanos. Na mira estão cargos comandados por pessoas da cota pessoal de Lula ou indicações do PT, como as pastas do Turismo, Desenvolvimento Social e Esportes e o comando da Caixa e da recentemente recriada Fundação Nacional da Saúde (Funasa).

O PP, de Lira, com 49 deputados e que oficialmente apoiou na eleição passada o ex-presidente Jair Bolsonaro contra Lula, pode ingressar no governo em cargos de destaque, segundo uma fonte ligada ao presidente da Câmara e uma fonte palaciana.

A fonte do Planalto disse que o nome sugerido pelo grupo de Lira para a Caixa é do ex-presidente da instituição Gilberto Occhi, que também foi ministro dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer. A troca, se efetivada, retiraria Rita Serrano, servidora de carreira da instituição.

Uma experiente fonte do PT admitiu que, apesar das prováveis queixas do partido, vai haver mudanças no governo para a entrada dos aliados de Lira, e considera como grande as chances de troca na Caixa. Disse que, ao menos na avaliação dos políticos, o desempenho dela tem deixado a desejar e ela não tem respaldo partidário.

Outro alvo do grupo é o Ministério do Desenvolvimento Social, pasta responsável pelo programa Bolsa Família e que é comandado pelo senador licenciado e ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), segundo uma fonte ligada a Lira. Nesse caso, o grupo ainda discute o nome a ser apresentado.

Essa fonte próxima ao presidente da Câmara resumiu a intenção de Lira: ele não aceita ter um espaço na Esplanada menor do que o seu principal adversário local em Alagoas, o senador e ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL).

Um dos filhos de Renan, o ex-governador de Alagoas e senador licenciado Renan Filho (MDB), é ministro dos Transportes.

Inicialmente chegou a haver um assédio sobre o Ministério da Saúde, a principal pasta em termos orçamentários e de capilaridade, que é comandada atualmente pela ex-presidente da Fiocruz Nísia Trindade. O grupo de Lira ventilou o nome da cardiologista Ludhmila Hajjar para o cargo. Lula, entretanto, já falou publicamente ser contra a troca na pasta e respaldou Nísia.

Outro cargo de primeiro escalão na mira do grupo é o Ministério dos Esportes, ocupado pela ex-atleta de vôlei Ana Moser, da cota pessoal de Lula. O grupo quer emplacar o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), próximo a Lira, segundo uma das fontes. Isso marcaria a entrada no governo do Republicanos, legenda com 41 deputados e vinculada à Igreja Universal. Um dos expoentes do partido é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro e visto com possível candidato presidencial da oposição em 2026.

Tarcísio e o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), no entanto, já se pronunciaram, em entrevistas, contrários à entrada de filiados do partido no governo Lula.

Após se reunir com Lula na noite de terça-feira, Ana Moser negou que tenha tratado com o presidente sobre uma eventual substituição. 'Está muito mais na imprensa do que no nosso dia a dia', afirmou.

A Funasa, órgão extinto por Lula na virada do governo e recriado pelo Congresso no âmbito da medida provisória da reestruturação dos ministérios, também segue sob intenso assédio do grupo de Lira, segundo as fontes, devido a sua capilaridade para promover políticas de saúde e saneamento básico.

TURISMO

O movimento de mudanças começou a ser viabilizado na semana passada com o anúncio, pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, da troca da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que não tem respaldo na bancada do próprio partido, o União Brasil, pelo deputado federal Celso Sabino (União-PA) -- ainda que a mudança não tenha sido efetivada até o momento.

Contudo, a bancada da Câmara do União Brasil, com 59 deputados e que aumentou sua taxa de apoio ao governo na reforma tributária, almeja uma participação maior, segundo fontes da bancada e do Planalto.

A fonte palaciana disse que a legenda quer, além da troca do Turismo, o comando da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) e dos Correios. Os dois órgãos são comandados por nomes ligados ao PT, o ex-deputado federal Marcelo Freixo e o advogado Fabiano Silva, que teve atuação destacada contra a operação Lava Jato.

Além do Turismo, o União Brasil detém os ministérios das Comunicações, comandado pelo deputado federal licenciado Juscelino Filho (União-MA), além da pasta da Integração Nacional com o ex-governador do Amapá Waldez de Góes, indicado por Alcolumbre. Na terça, um encontro à tarde entre Lula e Alcolumbre chegou a ser previsto para discutir as mudanças, mas acabou sendo cancelado e será remarcado.

Escrito por Reuters

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