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Maior leilão de transmissão de energia do Brasil deve ter disputa limitada a grandes grupos

Placeholder - loading - Torres de transmissão de energia elétrica no Pará 30/03/2010 REUTERS/Paulo Santos
Torres de transmissão de energia elétrica no Pará 30/03/2010 REUTERS/Paulo Santos

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Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - O mega leilão de transmissão de energia do Brasil marcado para a próxima semana deve destoar dos últimos certames e atrair uma quantidade restrita de concorrentes, limitando a disputa a um pequeno grupo de empresas e investidores com fôlego financeiro e expertise tecnológica, avaliam especialistas e executivos.

A chinesa State Grid e a Eletrobras têm sido apontadas por pessoas que acompanham o leilão como as favoritas para a disputar o principal lote oferecido, um bipolo que sozinho demandará 18 bilhões de reais em investimentos.

As duas companhias estão entre as poucas que operam linhas no Brasil em corrente contínua em alta tensão (HVDC, na sigla em inglês), tecnologia exigida para o bipolo, e têm capacidade financeira para fazer frente aos elevados aportes demandados pelo projeto.

Procurada, a State Grid afirmou que 'está sempre atenta às oportunidades de empreendimentos no setor de transmissão de energia', mas que não comenta ações específicas relacionadas a leilões, planos estratégicos e investimentos.

Já no caso da Eletrobras, a administração já comentou publicamente sobre a intenção de participar do leilão deste mês e tem reiterado os planos da companhia em crescer na área.

A Eletrobras, maior elétrica da América Latina, foi bastante ativa no certame de junho, fazendo ofertas para todos os lotes --embora só tenha arrematado um--, e tem na transmissão um importante vetor de crescimento para investimentos estimados de até 80 bilhões de reais até 2027.

José Roberto Oliva Junior, sócio do Pinheiro Neto Advogados, lembrou ainda que vários fundos de investimentos têm se associado a operadores do setor elétrico para entrar no segmento de transmissão, um tipo de arranjo que também poderá ser visto nesse leilão.

'Tirando os chineses, acho que nenhuma empresa teria condições de arcar com esse lote sozinha', disse.

Ele avaliou ainda que, embora a Aneel tenha subdividido o bipolo em quatro sublotes para permitir que as empresas possam concorrer não só pelo projeto inteiro, mas também partes dele, a tendência é que os lances sejam mais competitivos pelo lote todo, devido a ganhos de escala.

O leilão marcado para 15 de dezembro será o maior já realizado no Brasil em volume de investimentos, com 21,7 bilhões de reais previstos a implantação dos projetos. Além do bipolo, serão oferecidos mais dois lotes, somando ao todo 4,47 mil quilômetros de linhas e subestações com capacidade de transformação de 9.840 MVA.

OUTRA TENDÊNCIA

A complexidade e especificidades dos lotes devem fazer com que esse certame quebre a tendência de elevado número de participantes nas disputas da transmissão, que nos últimos cinco anos registraram uma média de pelo menos seis proponentes para cada lote, segundo levantamento da agência reguladora Aneel.

Já anunciaram publicamente que ficarão de fora do leilão de dezembro as transmissoras ISA Cteep, que foi grande vencedora do primeiro certame do ano e está concentrada nos novos projetos de sua carteira, e a Taesa, que disse estar focada na licitação prevista para março de 2024.

Outras elétricas que costumam olhar os leilões, como Engie Brasil e Copel, também disseram que não pretendem participar, embora mantenham seus planos de crescimento na área e devam avaliar os lotes do próximo leilão.

Entre as empresas que comentaram recentemente ainda analisar a participação em dezembro, estão a Alupar e a Energisa. Uma fonte lembrou porém que, no caso da Energisa, a empresa está atrás de sócios para vender ativos de transmissão, o que pode indicar menor foco na aquisição de novos projetos no momento.

Ana Calil e Leonardo Miranda, sócios da área de Infraestrutura e Energia da TozziniFreire Advogados, disseram que não apostam em novos entrantes ou mesmo na participação de empresas não tradicionais do setor de energia que costumam aparecer nos certames, como construtoras.

'Dado o tamanho do Capex e da necessidade de preparação prévia e contratação de equipamentos... para esse (leilão) vai ser mais difícil esse cenário... e A Aneel vai ter uma avaliação bem criteriosa com quem desejar entrar nesse mercado agora', disse Calil, lembrando que o regulador aprimorou as regras do edital após ter problemas com um vencedor do último leilão.

CARACTERÍSTICAS DOS LOTES

O segundo leilão de transmissão deste ano faz parte de uma série de certames planejados pelo governo para aumentar a capacidade de escoamento de energia renovável gerada no Nordeste para os centros de carga do Sul e Sudeste.

O bipolo em corrente contínua envolve 1.513 quilômetros de linhas atravessando os Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. Ele se conectará com mais 1.102 quilômetros de linhas do lote 2, que vai de Goiás a São Paulo. Já o lote 3 prevê 338 quilômetros de linhas da fronteira de Minas Gerais até Campinas (SP).

Renata Maciel, gerente comercial da consultoria em gestão ambiental Ambientare, aponta que os projetos não oferecem grande impacto ambiental.

'O traçado proposto pela Aneel é bastante otimizado em relação a impactos ambientais, não atravessa comunidade tradicional, unidade de conservação nem centros urbanos... Já teve um trabalho pretérito bem forte para evitar isso', disse.

Para ela, o ponto mais crítico é o social, já que haverá um pico de obras que tende a afetar as regiões por onde os projetos passam. Pelas estimativas da Aneel, serão gerados aproximadamente 37.000 empregos durante a construção dos empreendimentos.

(Por Letícia Fucuchima)

Escrito por Reuters

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