Não exatamente como Michelangelo, papa Francisco tenta pintar murais

Por Philip Pullella e Patricia Vicente Rua

LISBOA (Reuters) - O papa Francisco, cujos predecessores encomendaram a Capela Sistina do Vaticano séculos atrás, tentou pintar na quinta-feira, e deu os retoques finais em um mural de 3 quilômetros de comprimento enquanto visitava uma escola a oeste de Lisboa.

O mural faz parte do projeto “Vida entre Mundos” da Scholas Occurrentes, movimento educacional internacional que une cerca de meio milhão de escolas pelos cinco continentes do globo. Francisco é o principal patrocinador do grupo.

Cerca de 30 murais pintados por estudantes e membros da comunidade foram reunidos para formar uma única obra na cidade litorânea de Cascais.

O teto e as paredes da sala onde o papa falou aos alunos, e onde termina o mural, foram cobertos com temas pintados, como figuras humanas flutuando no cosmos.

'Vocês pintaram sua própria Capela Sistina', disse Francisco.

O papa de 86 anos recebeu um pincel de artista acoplado a um dispositivo de realidade virtual que permitia aos alunos de uma escola em Moçambique ver suas pinceladas na parede da escola em tempo real.

A primeira tentativa não correu bem. O papa, parecendo um pouco desnorteado, tentou uma segunda vez e conseguiu pintar uma linha verde em forma de meio arco elíptico.

A verdadeira Capela Sistina no Vaticano tem seu nome em homenagem ao papa Sisto 4º, que a construiu entre 1473 e 1481. Michelangelo pintou o teto para o papa Júlio 2º entre 1508 e 1512.

Francisco, que está em Lisboa para um encontro mundial de jovens católicos, disse aos alunos da escola para não terem medo de arriscar na vida e de ajudar as pessoas oprimidas.

“Às vezes na vida é preciso sujar as mãos para manter o coração limpo”, disse aos alunos, entre eles não católicos e não crentes. 'Rezem por mim e por aqueles de vocês que não sabem como orar, mandem-me boas vibrações', disse ele.

(Reportagem de Philip Pullella)