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Nova orientação do BC não impede corte adicional de 0,50 p.p., mas pode aumentar chance de desaceleração no ciclo

Placeholder - loading - Sede do BC, em Brasília 22/03/2022 REUTERS/Adriano Machado
Sede do BC, em Brasília 22/03/2022 REUTERS/Adriano Machado

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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - Economistas disseram nesta quinta-feira que continuam acreditando na possibilidade de o Banco Central cortar os juros em meio ponto percentual para além da reunião de política monetária de maio, mas alguns analistas avaliam que o novo 'guidance' aumenta a probabilidade de o colegiado desacelerar o ritmo da flexibilização monetária à frente.

O Comitê de Política Monetária do BC anunciou na quarta-feira uma nova redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, e encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antevê corte na mesma intensidade apenas na próxima reunião, em maio. Desde agosto, a orientação era de novos cortes equivalentes nas próximas reuniões, no plural.

'Num geral, faz sentido aumentar os seus graus de liberdade, dada a fase do ciclo de afrouxamento e a maior incerteza... Apesar da orientação futura, não esperamos uma alteração na flexibilização total ou um abrandamento do ritmo', disseram David Beker, chefe de economia e estratégia para Brasil, e Natacha Perez, economista para Brasil, do Bank of America, que estimam taxa Selic terminal de 9,50%.

'Cabe destacar que o Comitê sinalizou que o cenário-base não se alterou substancialmente, dando a entender que o atual plano de voo ainda pode ser executado', argumentou a equipe macroeconômica da Genial Investimentos, que manteve projeções de cortes da Selic de 0,50 ponto percentual nas duas próximas reuniões e um corte final de 0,25 ponto em julho, a 9,5%.

Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, foi na mesma linha: 'o Copom afirmou que seu cenário não mudou e manteve sua projeção de inflação para 2025. Isso sugere, pelo menos no momento, uma taxa terminal inalterada', disse ele, que tem como projeção juros a 9,25% ao final de 2024.

O Banco Central informou em seu comunicado que, em seu cenário de referência, a estimativa para a inflação segue em 3,5% para 2024 e 3,2% para 2025.

No início do mês, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, já havia dito em evento que mudanças no guidance 'não necessariamente significam uma correlação com a taxa de juros terminal', e que o Copom estava ganhando tempo para 'ver como as coisas vão se desdobrar'.

Parte dos economistas aponta que o balanço de riscos está se deslocando no sentido de uma desaceleração do ritmo de cortes ser mais provável do que uma intensificação, o que poderia eventualmente levar a aumentos nas projeções das grandes instituições financeiras para a Selic --embora esse ainda não seja o caso.

'A nosso ver, a mudança na orientação aumentou a dependência de dados tanto das futuras decisões de cortes de taxas do Copom como da sua orientação', disseram a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, e sua equipe em relatório.

'Acreditamos que há espaço para flexibilização no mesmo ritmo para as próximas reuniões, mas reconhecemos que a decisão de hoje (quarta-feira) aumentou o viés no sentido de uma redução no ritmo dos cortes em 2024.'

Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, a mudança aumentou a probabilidade de ajustes do ritmo. 'Por mais que no comunicado eles tenham feito um balanço de riscos simétrico, a gente, na verdade, percebe que hoje há mais motivos para diminuir o ritmo do que para acelerar o ritmo', disse.

Entre esses motivos, ele citou as expectativas de inflação ainda acima da meta para os próximos anos e a dificuldade enfrentada pelo Federal Reserve, banco central dos EUA, na 'última milha' do combate à inflação.

'Falta ainda uma confiança adicional de que a inflação está de fato vindo para a meta de forma sustentável para eles (Fed) poderem se animar a começar o ciclo (de afrouxamento monetário)... O que acontecer nos Estados Unidos vai ser bastante importante para essa calibragem' no Brasil, disse Igliori.

O Federal Reserve deixou na quarta-feira sua taxa básica inalterada, e projeções atualizadas do banco central norte-americano mostraram que 10 das 19 autoridades do Fed ainda veem a taxa básica em queda de pelo menos 0,75 ponto percentual até o final deste ano.

O chair do Fed, Jerome Powell, falando após a reunião, disse que o momento dessas reduções ainda depende de as autoridades se tornarem mais seguras de que a inflação pode continuar a cair em direção à meta de 2% do Fed em uma economia que continua a superar as expectativas.

MERCADOS COMEDIDOS

Na esteira da decisão do Copom, os ativos brasileiros tinham desempenho misto e um pouco instável nesta quinta, com analistas de mercado ressaltando que outros fatores também estavam ditando o pregão, como a decisão do Fed, dados econômicos norte-americanos e balanços corporativos.

Por volta das 12h30 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,08%, a 4,9780 reais na venda, abandonando perdas iniciais em linha com a força da moeda norte-americana no exterior e com a recuperação dos rendimentos dos Treasuries.

Apesar da alta do dólar no dia, a maior cautela do Copom sinaliza baixa possibilidade de a taxa Selic terminal ficar abaixo do atualmente projetado pelos mercados --algo que seria prejudicial para o real, segundo especialistas.

As taxas dos principais contratos de juros futuros subiam de 3 a 5 pontos base na curva de janeiro de 2025 a janeiro de 2029, em sintonia com os rendimentos norte-americanos e com o tom mais duro do Copom.

Na bolsa paulista, o tom mais conservador do BC é um componente negativo, mas o gestor Tiago Cunha, da Ace Capital, ressaltou que, para as ações, o tamanho do orçamento do corte é mais relevante do que a sinalização do próximo passo apenas.

Neste momento, Cunha vê um efeito maior da temporada de resultados e do cenário macro externo nas ações na B3. Por volta de 12h40, o Ibovespa tinha queda de 0,6%, a 128.355,82 pontos.

(Por Luana Maria Benedito; reportagem adicional de Paula Arend Laier)

Escrito por Reuters

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