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Podcast Lado Pessoal - Antonio Carlos - CEO do Rei do Mate

Com Millena Machado

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Podcast Lado Pessoal. Podcast semanal com Millena Machado. Crédito da imagem: Antena 1

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Apresentado pela Millena Machado, Lado Pessoal vai te levar até o universo particular dos CEOs. Com um formato descontraído, você vai conhecer aspectos da vida pessoal, decisões impactantes, mudanças de localidade, e, ainda, qual música inspirou os momentos importantes na vida de cada um dos CEOs.

Transcrito:

Legendas:

MM: = Millena Machado (Apresentadora do podcast, Lado Pessoal).

AC = Antonio Carlos Nasraui (Entrevistado)

Está no ar... Lado Pessoal, com Millena Machado, o podcast de entrevistas da Rádio Antena 1! Vinheta da Antena 1.

[0:00:23] – MM: Olá! Está no ar, Lado Pessoal, o podcast Rádio Antena 1. Eu sou Millena Machado, e a partir de agora nós vamos, juntos, descobrir o que pensa, como decide um dos empresários mais inspiradores do Brasil. Hoje, revelando o seu lado pessoal pra gente, o CEO do Rei do Mate, Antonio Carlos Nasraui!!! Antonio, seja muito bem-vindo!

[0:00:50] – AC: Obrigado, Millena, é um prazer estar aqui com você de novo, obrigado!

[0:00:53] – MM: O prazer é todo nosso, viu! Quero saber quantos anos você tinha, em 1981, quando essa banda maravilhosa, Journey, fazia um show ao vivo, em Houston, tocando esse sucesso aí que abre o nosso podcast, muito inspirador também, Don’t Stop Believin?

[0:01:09] – AC: Você quer começar... você está começando esse podcast me comprometendo né, e já entregar a minha idade, é isso?

[0:01:15] – MM: Rsrsrsrs.... Quero saber...

[0:01:18] - AC: Eu sou de 66, eu sou de 66, quase da época dessa música.

[0:01:19] – MM: Quero saber como é que essa música inspira a sua vida; em outras palavras, porque você escolheu ela?

[0:01:27] – AC: Ah, eu acho que pro momento, eu acho essa música feliz, é... acho que a gente está precisando, nesse momento, de... de alegria, de... de boas inspirações, de... fazer mais e menos blá-blá-blá, acho que a gente está num momento que todo mundo precisa se concentrar e fazer... olhar pro seu... pra olhar no espelho e fazer a coisa andar; acho que a gente está num momento, mais do que nunca, disso.

[0:01:52] – MM: É, eu perguntei a sua idade porque tem um trecho da música que fala assim, sobre... “uns perdem e outros ganham” né? Então, eu queria saber se, no momento que essa música fazia sucesso, se você já estava conectado com ela ou não, se coincidiu, também, com o momento que você percebeu que não dá pra ganhar tudo na vida. Quais são as estratégias que a gente tem que desenvolver, na vida, pra gente perder o menos possível ou aprender... é... com... com as perdas, vamos dizer assim?

[0:02:24] – AC: Eu acho que é o que você falou, a gente nunca perde se, no erro, a gente aprender né; acho que se a gente tirar alguma coisa disso, sempre está valendo, o que a gente tem que fazer na vida porque a gente não acerta tudo nunca. Mas, se a gente aprender com o erro, isso acaba sendo um ganho né, e isso é um aprendizado pra você não cometer o erro de novo. Então, eu acho que o erro faz parte de todo mundo, a gente, ninguém acerta tudo na vida, a gente sempre passa por... por alguns percalços aí pela vida né, pelo andamento de tudo.

[0:02:55] – MM: É.

[0:02:55] – AC: Então, assim, se a gente sempre conseguir tirar alguma coisa boa dos erros, isso está valendo.

[0:02:59] – MM: E a mensagem principal da música, que é: “não pare de acreditar”; é assim mesmo, pra sempre, ou você põe um limite nas suas crenças, na sua esperança? Até que ponto você confia em alguma decisão que você tomou, no resultado que você espera?

[0:03:16] – AC: Eu sou otimista! Eu acho que a gente tem que estar sempre acreditando. A gente está num momento muito complicado. A gente foi muito afetado no nosso segmento e tudo, demais com a pandemia. O ano passado eu estava tão otimista quanto, fim de novembro, dezembro, e a gente esperava que fosse virar o ano né, fosse virar a folhinha, todo mundo arrancasse dia 31 de dezembro da folhinha, dia 1º não tivesse mais pandemia, estivesse tudo maravilhoso, todo mundo voltando, saindo sem máscara; isso é o que todo mundo esperava em 2020. É... a gente não esperava que fosse né, aquela luz no final do túnel fosse um trem vindo, né, todo... com toda velocidade no outro sentido, a gente não esperava que fosse acontecer. Passou janeiro, passou fevereiro, a gente está passando, de novo, por um... por essas ondas, por isso tudo, mas a gente tem que continuar acreditando. Na verdade, acho que a gente está num momento, agora, de acreditar mais do que nunca, com a vacinação andando, com.... É... Eu sempre achei que quando chegasse nos 40 mais de vacina, as coisas tendem a voltar né, com a segunda dose, tendem voltar ao normal, as pessoas tendem a perder um pouco o receio de sair na rua, querem voltar pra vida... pra vida que elas tinham antes né. Então, eu acho que a gente tem que acreditar sempre, eu acho que está vindo agora, a gente tem que acreditar no momento, e a gente sabe que a vacina vai dar certo, a gente... Acho que se a gente não tiver, não for mordido por essa esperança e por... e sempre acreditar que as coisas vão melhorar, a gente pira né, a gente começa andar pra trás.

[0:04:45] – MM: É...

[0:04:45] – AC: Então, eu acho que... a gente está nesse momento...

[0:04:48] – E, voltando um pouco ao passado, mais ou menos ali naquela época né, em 78 quando seu pai abriu a primeira loja, Rei do Mate, logo em seguida vieram aí os anos 80, você era mocinho, não é isso, aí pelas contas que eu rapidamente fiz...

[0:05:03] – AC: Hum... Sim, sim, sim...

[0:05:04] – MM: Você tinha os seus 14, 16 anos, mais ou menos né? E é uma época, também, que o Brasil acompanhou, assim, uma inflação incrível, remarcação de preços, falta de produto né. Que lembrança que você tem do empreender, nessa época aí?

[0:05:22] – AC: É, era uma loucura né, mas isso... é... você é muito mais nova do que eu, mas você também pegou...

[0:05:27] – MM: Peguei...

[0:05:26] – AC: Eu acho que essa lei dessa maluquice né; porque isso nós estamos falando até década de 80 né?

[0:05:31] – MM: Sim.

[0:05:31] – AC: Que eu acho que acabou em noventa, noventa e pouco.

[0:05:35] – MM: Isso aí!

[0:05:35] – AC: Isso... O Plano... Era uma loucura! Porque né, inflação, você... Foi uma época, de quando a gente.... Não foi nem 1978 né, foi em 1978 quando meu pai montou a primeira loja e eu ia pras lojas com o meu pai, nessa época, quando eu tinha 10, 12 anos, 15, é... eu gostava de... de como moleque nas lojas do meu pai, meu pai tinha outras lojas de... é... de camisaria, de artigos de época, ela montava lojas.... por exemplo, na época de páscoa meu pai montava lojas de ovos de páscoa; é lógico que com 10 anos de idade eu ia trabalhar com o meu pai né...[rsrs].... Delícia né, imagina! Na época de 90, quando a gente montou a primeira loja, que eu entrei na primeira loja do Rei do Mate que era... a terceira do Rei do Mate é a minha primeira que eu entrei de sócio, foi 1º de abril de 1991.

[0:06:24] – MM: Ahhh!

[0:06:24] – AC: É... A gente tinha acabo de passar por um Plano que estava né, as pessoas estavam.... Foi nessa época, mais ou menos, que a gente conseguiu tirar [inaudível]. E foi uma época muito complicado porque muito... muitos dos comerciantes que não entendiam do seu negócio, eles viviam de juros, que era: você vendia o negócio, às vezes você nem botava uma margem direito, mas você aplicava o dinheiro antes de você pagar a fartura e você... teu lucro estava ali. Quando teve esta mudança no mercado muita gente que não tinha o seu negócio muito na mão, não sabia muito como funcionava, e que acabou a inflação e a pessoa vivia disso, muitos desses tiveram dificuldades. Houve... Foi um momento de acerto no mercado né, que muita gente acabou saindo porque tinha um negócio que não... não girava sem inflação; incrível né, porque a pessoa não conhecia o seu negócio, ela vivia da aplicação financeira, que era um absurdo, dava porque você tinha um prazo pra pagar. Então, foram épocas muito complicadas né. Meu pai tinha lojas de roupa que todo mês tinham que... né, já ajustava, você tinha que mudar o preço de tudo; era uma coisa insana né! A gente... Hoje a gente vê a inflação chegando aí a 6, 7% é... a gente fica assustado, é uma coisa que a gente tem que tomar todo cuidado do mundo, porque ... e a gente voltar pra inflação é uma coisa que... eu acho que a gente não sabe mais trabalhar com isso hoje né, a gente não quer mais esse momento de novo. Mas o que a gente passou lá atrás era uma cosa insana né.

[0:07:53] – MM: É...

[0:07:53] – AC: Né? Aquelas inflações de 50% por mês é uma coisa que... Hoje a gente não consegue imaginar né.

[0:07:59] – MM: É... E os vários planos né? Corta, corta, corta zero né, e põe, põe, põe zero...rsrsrs... Era uma coisa realmente...

[0:08:06] – AC: Pra imaginar o que a gente já passou né? É incrível!

[0:08:08] – MM: É. Agora, você vê né, são momentos distintos, quando seu pai empreendeu, então, nos anos oitenta, o grande desafio era a inflação, uma economia fechada, resquício de um... de um regime político, também, que... que prezava pelo produto nacional, aí quando você vai empreender, você, provavelmente, já está formado, tem vinte e poucos anos, se torna sócio de seu pai, anos 90, uma outra década de abertura econômica, e aí vêm concorrências que você nem poderia imaginar né, a gente acaba conhecendo o... o mundo fora do Brasil nos anos noventa né...

[0:08:42] – AC: Uhum... Sim!

[0:08:42] – MM: Como é que foi pra você essa passagem? Você vivenciou uma coisa num período, nos anos oitenta e, de repente, quando você foi assumir o negócio já era uma outra realidade. Hoje a gente vê claro isso, anos oitenta, anos noventa; mas, na época, era tudo muito confuso né, muita transição; a unidade real de valor pra depois até chegar no valor, quantos planos cruzados a gente enfrentou né?

[0:09:07] – AC: Sim. É, na verdade, a gente aprendeu a trabalhar de novo depois da inflação; a gente teve que se reinventar, teve que aprender. E, muita coisa mudou, a gente começou na São João com a Ipiranga. A primeira loja do meu pai do Rei do Mate tinha... sei lá... 15 metros quadrados, tinha um balcão de 3 metros e pessoas ficavam de pé, o balcão estava a 1 metro da entrada da loja, ou seja, era... não tinha espaço, a pessoa entrava, dava um passo pra loja, botava no balcão, pedia...pedia um mate, tinha que tomar o mate rápido pra ir embora porque tinha gente esperando atrás, a gente não tinha espaço né. Hoje você pensar é.... hoje, num formato desse, isso não existe, você... né? A gente foi aprendendo, acho que com tudo isso que vem... acho que a profissionalização, o....a... o seguimento e tudo, hoje a gente não imagina uma loja sem mesa, sem você dar um conforto pro consumidor, sem você surpreender. Antes era assim, a gente... A primeira loja tinha... vendia 6 ou 7 tipos de Mate, não vendia nada de alimentação, não tinha café, era uma coisa que... a pessoa tomava ou comprava e não tinha.... e não era nem no descartável né, você tomava num copo de vidro, ou seja, a pessoa tinha que acabar de tomar o Mate, pra poder ir embora, deixar o copo lá, pra poder outro entrar no lugar. Então, as coisas foram mudando. Hoje, a experiência do consumidor, ou seja, o consumidor, hoje, quer uma experiência a mais, não quer só o produto, ele quer um atendimento, ele quer um conforto, ele quer uma... uma.... um hi-fi na loja pra ele poder sentar e se conectar e trabalhar. Então, a gente foi pegando... Eu acho que a nossa grande sorte, assim, tipo, a gente sempre trabalhou com produto saudável né, foi... acho que foi sorte né, visão do meu pai, isso tudo, e nós estamos falando há 40 anos atrás, quarenta e poucos anos, você imagina a gente pegar toda essa mudança né, a gente fazer todo esse trabalho e o profissionalismo, tendo um produto que não fosse atual? A gente tem um produto, hoje, ainda atual né, que ainda é um produto crescente, muita gente ainda não tem o hábito de tomar.... tomar um chá, bebidas carbonatadas estão diminuindo né, o seu consumo, as pessoas estão indo pra vidas mais saudáveis. Então, acho que a gente pegou tudo isso né, pegou essa profissionalização de tudo né, de arquitetura, de embalagem; isso eu nem estou falando agora, porque isso tudo, agora, com a pandemia, ainda teve um outro salto, mas aquilo naquela época.... a gente conseguiu passar por tudo isso e continuar crescendo e evoluindo porque o nosso produto continua sendo atual né, tudo produtos saudáveis, cada vez mais o consumidor procura isso.

[0:11:45] – MM: Agora, me conta uma coisa, de onde surgiu a ideia de vender Mate, é um hábito da sua casa tomar mais chá do que café? Eu fiquei curiosa pra saber...

[0:11:54] – AC: Não, na época meu pai tinha vários comércios no Centro, né; no trabalho ele tinha lojas de roupas, de artigos de época, meu pai tinha um posto de gasolina, enfim, meu pai sempre foi do comércio. A gente está falando de 78, mas meu pai começou na São João na década de 50.

[0:12:09] – MM: Ah... tá!

[0:12:10] – AC: É... Então... nós estamos falando de antes, era uma época que a São João é.... acontecia tudo na São João, aconteciam as comemorações de Copas do Mundo, é.... era...todas as pessoas que iam passear, era na São João; ele pegou essa época, lá atrás né, de.... Nós estamos falando de 70 anos de São João. É.... Então, a gente acabou pegando essa mudança de Centro, década muito boa pra... Hoje, o Centro, infelizmente, né, o Centro está um pouco mais... A gente essas mudanças no Centro, o Centro mudou um pouco o perfil e tudo. É.... Mas a gente pegou toda essa época né.

[0:12:47] – MM: É. E aí era uma... fazia parte, então, inovar, trazer uma coisa diferente, então, pelo que eu estou entendendo, não que é um hábito da sua família...

[0:12:53] – AC: Sempre, sempre. O meu pai começou...

[0:12:54] – MM: Ahnnn... tomar chá...

[0:12:56] – AC: Não, é... eu até me perdi né... O meu pai começou como? Ele tinha esses comércios todos no Centro, tinha uma loja no Centro que vendia... vendia chá, vendia alguma coisa parecida e meu pai achou super interessante: “— putz, acho que isso tem um futuro, vamos fazer uma casa de chá”, bolou algumas coisas um pouco diferente, começou com uma loja na São João, foi a primeira, abriu a segunda na São João é... em noventa e pouco, até a gente abrir a terceira loja, que foi onde eu entrei, na própria São João.

[0:13:26] – MM: Sim.

[0:13:27] – AC: Estou falando que a gente teve as três lojas... Virou um ponto né, isso eu acho que ficou marcado, a São João, na primeira quadra da São João com Ipiranga, acabou virando um ponto de referência do Rei do Mate, as pessoas saindo de São Paulo inteiro pra parar no centro, naquela quadra, pra poder consumir o Mate. Então ele acabou criando um ponto, ali né, uma referência de Mate, no Centro.

[0:13:47] – MM: E como é que você migrou, é.... não seria migrar, quando que você percebeu que se interessava pelo negócio da família e que poderia contribuir? Porque você chegou a fazer duas faculdades né, Direito e Economia...

[0:14:02] – AC: Sim.5

[0:14:02] – MM: Porque você escolheu essas faculdades e quando você começou a se envolver mais com o negócio da família?

[0:14:10] [ - AC: Então, Millena, é interessante... Eu... eu fiz o colégio, o colégio inteiro, eu fiz pra... minha base, estudei no Dante né, é.... fiz patologia porque eu queria prestar Medicina...

[0:14:23] – MM: Olha!

[0:14:24] – AC: Tem aquele negócio de família né: “— ah, meu filho vai prestar medicina, vai prestar medicina”. E, àquela época de moleque, o que a gente fez? Vamos prestar medicina.

[0:14:34] – MM: Ahnnn...rs

[0:14:34] – AC: É... que eu desde pequeno ia com o meu nas lojas né, que nem eu falei, com dez anos de idade a gente ia pras lojas, eu ia pras lojas, me divertia, adorava! O comércio estava no sangue da família né. Aí eu fui fazer cursinho, é... acabei indo ver alguns exames, fui começar a dar uma... entrar um pouco mais no meio de medicina pra poder me inteirar e vi que aquilo não era a minha praia. Eu saí, eu lembro que eu pedi um exame com uns amigos, saí de lá e falei assim: “— gente, eu preciso prestar outra coisa, porque medicina eu já tinha feito todas as inscrições pro vestibular de medicina.

[0:15:11] – MM: [Rsrs] Exame médico, você disse; você participou de uma consulta ou uma coisa assim, é isso?

[0:15:17] – AC: Eu fui...Foi mais pesado, eu fui ver uma autópsia.

[0:15:19] ] – MM: Risos.... Meu Deus!

[0:15:20] – AC: É um negócio que foi mais pesado. Eu saí daquilo e eu falei: “— gente, pelo amor de Deus, eu preciso fazer qualquer outra coisa, que isso não é a minha praia”.

[0:15:28] – MM: Rsrs...Poderia ter...

[0:15:28] – AC: Eu saí né... Eu fui almoçar, estava eu e um amigo, e à tarde eu fui pra pré... pra faculdade porque eu preciso fazer um vestibular de Direito, que era... fui pra FMU. Fiz inscrição, cheguei em casa e falei pra minha família: “—gente...meus pais... não vai rolar medicina, acabei de fazer inscrição de Direito e vou fazer Direito”. E acabei fazendo Direito, depois eu fiz curso de Economia. Eu acho que isso tudo, Millena, deu uma base, é... pra tudo na vida né, porque o Direito eu nunca exerci, fiz todos os estágios, tudo, mas eu nunca exerci nem o Direito nem a Economia, mas me deu uma base geral pra tudo. E mais do que isso, a Economia que eu fiz, depois, o meu tema de monografia eu já gostava, meu pai tinha vários segmentos, mas o Mate é um que eu sei que via que tinha um baita de um potencial porque ele tinha essas duas lojas no Centro e tinha um movimento muito grande de pessoas que vinham de fora do Centro, de outros bairros, paravam no Centro, na São João, a meio fio, ali, no proibido, desciam, compravam o Mate pra ir embora. Aí eu fui fazer a minha... a minha Monografia em cima de franchising, no final do curso de Economia. Eu achei que aquilo, a gente está falando de coisas de noventa, quarenta anos atrás, trinta e poucos anos atrás, é... franchising estava começando. Então, eu fui atrás de informações, achei que tinha tudo a ver com o Rei do Mate, certo, a gente tinha umas lojas no Centro, os consumidores vinham atrás da gente, e já que a gente deixa o consumidor sair de São Paulo inteiro pra vir num lugar que é muito complicado de parar, então a gente tem que fazer o caminho contrário, tem que estar, ir, onde os consumidores estão. Então, eu fiz, assim, achei que tinha um baita de um potencial, entrei no Rei do Mate, meu pai acreditou, na época, então: “— vamo embora”; eu sempre tive carta branca, acabei assumindo essa parte, entrei no Rei do Mate, montei a terceira loja, já com uma cara um pouquinho diferente, é... pra depois a gente expandi com lojas próprias e começar o franchising. Então, a minha parte veio daí né, eu acabei vindo... eu acho que a Economia acabou me dando um empurrão a mais, na monografia, que eu achei que tinha tudo a ver com o Rei do Mate.

[0:17:36] – MM: Curioso, né! Porque...

[0:17:38] – AC: Então, eu quase virei médico...[ risos]...Você vê que eu quase... Não ia dar certo, não ia dar certo.

[0:17:41] – MM: Não... Tudo super interessante o que você está falando, quer dizer, você foi pra autópsia né, aquilo poderia até ter te encorajado: “eu, como médico, vou salvar vidas, não quero que chegue nessa consequência aqui que é natural da vida”; mas não, você já mudou de praia literalmente, foi fazer Direito e depois foi fazer Economia, porque logo percebeu, então, essa sua veia pro comércio; e o comércio é uma coisa muito... gente, é muito interessante, é a base da vida mesmo né, você se relaciona com pessoas, essa coisa da troca, a necessidade, o desejo, é um envolvimento muito grande, é uma tensão muito grande o respeito do comportamento humano, das tendências, e você logo foi por esse caminho, é... com... indo por outras áreas, como você mesmo colocou aí, Direito e Economia, mas chegou lá quando você descobriu, na Economia, o franchising e voltou totalmente pro negócio. O que você percebe, assim de, talvez, cobrança ou não, ou de expectativa da sua família com relação a isso? Porque a gente sempre imagina, de uma pessoa que tem uma empresa familiar, que existiu uma vontade do antecessor de que a geração posterior desse sequência naquilo, e pelo que você está contando, seu pai nunca te cobrou que você desse sequência ao negócio, o sonho dele pra você era outro né?

[0:19:05] – AC: É, na verdade, o negócio do meu pai eram várias lojas, não tinha uma marca, ele tinha várias lojas de roupas com nomes diferentes, então, não tinha... ele tinha um comércio, mas não tinha um negócio pra dizer assim: “—olha, a gente vai perpetuar com essa loja, com essa marca”. Então, ele tinha um comércio que se eu quisesse seguir eu ia continuar sendo o comerciante... Meu pai sempre trabalhou muito bem, tudo que eu aprendi foi com ele, mas a gente ia continuar sendo... tendo lojas que tinham marcas diferentes, e não ia ter um negócio que pudesse ... é... que a gente pudesse crescer ou fazer... é... porque não tinha uma marca na época. Então, quando...é.... Não foi tão fácil também né, Millena. Quando eu me formei em Direito, meu pai falou assim: “— bom, agora você vai montar um escritório, o que você vai fazer? Falei assim: “— não, eu vou... quero montar, quero ir pro comércio né, eu acho que eu acho que o Rei do Mate tem tudo a ver”. “pô, mas ele já saiu da Medicina e foi pra Direito”; eu disse: “não, eu adoro o comércio, eu acho que tem....”.

[0:20:01] – MM: Risos.

[0:20:01] – AC: É, os negócios do meu pai eram multimarcas né, ele tinha lojas com marcas diversas. Então, não era um negócio que, pra perpetuar aquilo, é... a gente não tinha uma única marca com várias lojas, a gente tinha várias lojas com várias marcas diferentes. Então, pra gente...pra eu entrar no comércio eu ia continuar sendo o comerciante, não tinha uma perspectiva de a gente crescer com marca, e uma coisa que eu sempre gostei né, de trabalhar a marca, de fazer. E aí quando começou... é... eu comecei a me interessar por franchising tinha tudo a ver né, pra você trabalhar bem marca, pra poder crescer, pra poder expandir, então acabei indo pra esse lado. Mas, desde que eu entrei e que meu pai acreditou, eu sempre tive carta branca, meu pai sempre confiou muito, eu sempre tive carta branca pra poder fazer, eu fui fazendo essas mudanças né, fui pra Medicina, pro Direito, depois do Direito pro Comércio, mas eu sempre tive total apoio, sempre acreditou muito, sempre vibrou muito com tudo. Meu pai faleceu em dezembro passado. A gente sempre foi muito próximo, ele sempre trabalho com a gente aqui, foi sempre muito próximo, sempre vibrou muito; ele até... ele faleceu com 88 anos; ele vinha, até dois dias antes de começar a pandemia, ele vinha pro escritório, quer dizer, ele trabalhava 6 vezes por semana, na parte administrativa, e sempre vibrando muito, sempre me dando todo o apoio e toda a base que eu sempre precisei. Então, a gente sempre teve uma relação é... pra lá de saudável, de boa, enfim, tudo o que você puder imaginar, minha relação com ele era a melhor possível.

[0:21:37] – MM: Ah... que bom! Você tem uma dica pras pessoas que estão nos ouvindo e que também estão desenvolvendo negócios familiares ou que pensam em desenvolver ou que estão lutando pra dar um fôlego pra empresa familiar?

[0:21:51] – AC: É, eu acho que... muita gente... é... dando pitaco, atrapalha; quando for uma empresa familiar tem que ter alguém que vai estar à frente. Se você tiver várias pessoas juntas e muito cacique querendo mandar na tribo, o negócio não funciona. Então, eu acho que...eu sempre tive com o meu pai total apoio, confiança, carta branca, e eu acho que isso... quem não faz isso está falando [inaudível], acerta tudo, mas a gente aprendendo com os erros, a gente vai estar sempre crescendo né. Então, eu acho que isso, pra quem vai tocar uma empresa familiar, isso é fundamental, você... cada um ter o seu papel, se tiver mais pessoas, mas cada um ter o seu papel, e não ter invasão de... de áreas, porque isso atrapalha demais.

[0:22:40] – MM: Agora, ficou claro aqui pra mim, seu pai uma grande inspiração pra você, ele também te admirava muito, tinha orgulho de você, qual o papel da sua mãe na sua trajetória de vida? Qual é a maior contribuição que você acredita que ela fez pra você se tornar a pessoa que você é hoje, o profissional que você é hoje, como é que era a sua relação aí com a sua mãe?

[0:23:01] – AC: Excelente né! É a base de tudo né, eu acho que a família é a base de tudo, acho que isso.... ainda mais agora que ela assumiu ser a matriarca, ser a responsável aí da família, é... eu acho que é a base de tudo né, isso não tem nem o que falar, acho que é o que segura a gente aqui.

[0:23:19] – MM: É. E como é que é você com a sua filha? Porque você tem uma filha mulher né?

[0:23:23] – AC: Tenho, tenho.

[0:23:23] – MM: Quantos anos ela tem?

[0:23:25] – AC: 18...

[0:23:26] – MM: Super moça!

[0:23:28] – AC: Tá... Está prestando vestibular.

[0:23:29] – MM: De quê?

[0:23:29] – AC: 18 anos... É de Administração. Fez administração, agora.

[0:23:32] – MM: Ahhh... Você está inspirando ela, eu estou achando que ela vai caminhar pro negócio, hein?

[0:23:36] – AC: É, gosta, vou te falar que ela gosta, gosta do comércio, gosta de vir comigo aqui de vez em quando, gosta do... Acha que é bom, é legal! Dou uma força.

[0:23:43] – MM: É o seu desejo? É! Ah... dá força!

[0:23:46] – AC: Dou uma força. Acho que o comércio é.... Está no sangue, eu acho que... a pessoa precisa gostar, porque eu acho que comércio não é só... “— ah, vou virar comerciante”; você tem que gostar... Eu sinto falta daquela época, era da São João, quando eu comecei em 1991, os primeiros, talvez,3, 4 meses, tocava... é... nos primeiros 3 ou 4 anos que eu ficava na loja, mais na loja, mais contato com o público; você aprende demais, você tira ideias demais, você... é... acho que te motiva demais, esse contato com o público, e isso só vai ter quem gosta né, se você não gostar de mexer com o público, se você não gostar de comércio, não adianta você querer entrar porque isso não vai dar certo.

[0:24:24] – MM: É.

[0:24:25] – AC: Eu sempre gostei demais, e eu tenho característica no sangue.

[0:24:28] – MM: E grande parte dos grandes líderes né, tiveram experiências assim com prestação de serviços ou com o comércio né, eles contam isso em suas biografias, que essa coisa da relação humana, realmente, é a base pra tudo, pra qualquer profissão, e o comércio, ele abre muitas portas, ele é o primeiro emprego de muita gente né,

[0:24:49] – AC: É... é!

[0:24:49] – MM: É aquela função que a gente aceita aprender fazendo; têm outras funções que não dá, ser médico, aprender fazendo não dá né; ser advogado, aprender fazendo não dá, mas têm algumas funções sociais que a gente consegue vivenciar essa experiência, aprender fazendo. Você...

[0:25:04] – AC: E a gente aprende muito com o consumidor, a gente aprende demais, você se contata com o seu consumidor, saber se ele quer aquilo, essa troca de experiência com o consumidor é válida demais, é como eu falei: eu tenho saudade disso.

Escrito por Millena Machado

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