Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1
Ícone seta para a esquerda Veja todas as Notícias.

Toffoli atende pedido de defesa de Flávio Bolsonaro e suspende investigações com dados do Coaf

Placeholder - loading - Senador Flavio Bolsonaro 12/03/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Senador Flavio Bolsonaro 12/03/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino

Publicada em  

Atualizada em  

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Dias Toffoli, suspendeu nesta terça-feira todos os processos que tramitam no país e que tenham por base o compartilhamento de informações da Receita Federal, Banco Central e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com o Ministério Público sem autorização judicial.

A decisão de Toffoli beneficia diretamente o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que tem inquéritos baseados em informações levantadas pelos órgãos de controle.

A decisão do presidente do Supremo, a qual a Reuters teve acesso, atendeu um pedido da defesa do senador, que acusa o MP de ter criado um 'atalho' ao usar as informações levantadas pelo Coaf para abrir a investigação sem ter autorização judicial.

Em sua decisão, o presidente do STF alega que sem uma decisão do plenário da corte sobre a questão da necessidade de autorização judicial, todos os processos que tenham por base dados obtidos pelos órgãos de controle sem intermediação do Judiciário podem vir a ser considerados nulos posteriormente.

'Portanto, a depender do que se decidir no paradigma da

controvérsia, o risco de persecuções penais fundadas no compartilhamento de dados bancários e fiscais dos órgãos administrativos de fiscalização e controle com o Ministério Público, sem o adequado balizamento dos limites de informações transferidas, podem redundar em futuros julgamentos inquinados de nulidade por ofensa às matrizes constitucionais da intimidade e do sigilo de dados', escreveu o ministro.

A sessão que tratará do tema está marcada para 21 de novembro deste ano.

Toffoli argumenta que essa possibilidade o levou a 'suspender o processamento de todos os processos judiciais em andamento, que tramitem no território nacional e versem sobre o assunto discutido nestes autos'.

O presidente do STF diz ainda que o Ministério Público vem promovendo procedimentos de investigação criminal (PIC), sem supervisão judicial', o que seria 'temerário do ponto de vista das garantias constitucionais' e que seria 'prudente' suspender que assistem a qualquer procedimento que tramita no país para evitar 'eventual usurpação de competência do Poder Judiciário.'

A questão da competência dos órgãos de controle surgiu depois do vazamento de informações fiscais do ministro do STF Gilmar Mendes e familiares, quando se suspeitou que os auditores estariam tomando a iniciativa de investigar contribuintes, o que estaria fora da sua área de atuação.

A decisão de Toffoli foi alvo de críticas do coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, procurador da República Eduardo El Hage, que a classificou de um 'retrocesso sem tamanho'.

'A decisão monocrática do presidente do STF suspenderá praticamente todas as investigações de lavagem de dinheiro no Brasil', disse o procurador.

'O que é pior, ao exigir decisão judicial para utilização dos relatórios do Coaf, ignora o macrossistema mundial de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo e aumenta o já combalido grau de congestionamento do Judiciário brasileiro. Um retrocesso sem tamanho que o MPF espera ver revertido pelo plenário o mais breve possível.'

Flávio está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro por suspeita de prática de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa por desvio de recursos na Assembleia Legislativa do Rio.

A defesa alega que o MP só pediu a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador quando já tinha em mãos dados levantados pelo Coaf.

O órgão fez um levantamento de operações suspeitas de políticos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e enviou ao MP no ano passado.

'A decisão de hoje do STF é apenas cumprimento da lei. Se faz justiça e determina que o sigilo bancário de todo e qualquer cidadão brasileiro só seja quebrado com autorização do Poder Judiciário', disse o advogado Frederick Wassef, que representa Flávio.

'Sem sombra de dúvida ele (Flávio) foi vítima de inúmeras irregularidades, ilegalidades, um trabalho direcionado e uma literal perseguição', acrescentou.

Ao ser questionado sobre o caso, o presidente Jair Bolsonaro disse não ter ainda tomado conhecimento da decisão.

'Não estou sabendo ainda e quem fala sobre decisão de ministros são os advogados', disse.

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)

Escrito por Reuters

Últimas Notícias

  1. Home
  2. noticias
  3. toffoli atende pedido de …

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.