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Xi tenta conquistar Macron em viagem, mas poucos acordos entre China e França são firmados

Xi tenta conquistar Macron em viagem, mas poucos acordos entre China e França são firmados

Reuters

05/12/2025

Placeholder - loading - Presidente da França, Emmanuel Macron, e o presidente da China, Xi Jinping 05/12/2025 REUTERS/Sarah Meyssonnier
Presidente da França, Emmanuel Macron, e o presidente da China, Xi Jinping 05/12/2025 REUTERS/Sarah Meyssonnier

Por Joe Cash

PEQUIM, 5 Dez (Reuters) - O presidente chinês Xi Jinping acompanhou nesta sexta-feira o presidente da França, Emmanuel Macron, a Chengdu, em um gesto raro reservado ao líder da segunda maior economia da Europa, que destaca o foco de Pequim sobre a União Europeia.

Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma visita histórica à China no início de seu primeiro mandato, em 2017, Xi o presenteou com um jantar privado na Cidade Proibida de Pequim, mas a viagem se limitou à capital chinesa.

Desta vez, apesar da aparente cordialidade entre Xi e Macron, a visita do presidente francês até agora resultou em pouco além do fortalecimento das credenciais diplomáticas de Pequim, visto que líderes mundiais recorrem à China em busca de garantias econômicas devido às tarifas comerciais de Trump, dizem analistas.

A visita também proporcionou a Macron a oportunidade de demonstrar sua capacidade de liderança após um período difícil na política interna.

Os investidores estão atentos para ver se um dia que começou com o presidente francês surpreendendo outros corredores no Parque do Lago Jincheng, em Dhaka, antes de se encontrar com Xi Jinping em um local histórico de construção de barragem, terminará com grandes acordos comerciais ou com uma distensão nas tensões comerciais entre a UE e a China.

Macron está acompanhado, em sua quarta visita de Estado à China, pelos chefes de algumas das maiores empresas francesas.

Uma reunião realizada na capital chinesa na quinta-feira resultou em apenas 12 acordos de cooperação, abrangendo áreas como envelhecimento populacional, energia nuclear e conservação de pandas. Nenhum valor monetário total foi divulgado.

'Acho que eles (a França) pensaram que Xi estaria em posição de oferecer muito, porque a Europa está realmente preparando essa doutrina de segurança econômica', disse Alicia Garcia-Herrero, pesquisadora sênior do think tank Bruegel.

'Macron provavelmente achou que, dado seu peso e o fato de a França ser claramente o país que mais pressiona em relação à segurança econômica, eles conseguiriam um acordo, mas não foi o que aconteceu.'

Ainda assim, o presidente francês levará a melhor em termos de publicidade, graças à recepção calorosa que recebeu dos estudantes da Universidade de Sichuan, que se aglomeraram ao seu redor antes de um discurso no qual ele instou a China a refletir sobre seu papel nos assuntos globais.

'Estamos num momento de ruptura sem precedentes', disse Macron. 'O mundo que construímos após a Segunda Guerra Mundial, baseado no que chamamos de multilateralismo e, portanto, na cooperação entre as potências, está se fragmentando, se desfazendo.'

Macron também criticou a noção da China de que o poder do Ocidente está diminuindo.

'Muita gente vai tentar convencer você de que a Europa é velha', disse. 'Que os países ricos do G7 são arrogantes. Que o Ocidente despreza o Sul Global. Mas tudo isso é uma narrativa, uma invenção.'

RESTRIÇÕES POLÍTICAS

Pequim pode ver os laços amistosos com a França como uma forma de expandir sua influência dentro da União Europeia, composta por 27 membros, mas sua capacidade de oferecer grandes concessões a Paris é bastante limitada.

Não se esperava, por exemplo, que o líder chinês aprovasse a encomenda de 500 jatos da Airbus, há muito aguardada, pois isso reduziria o poder de barganha da China nas negociações comerciais com os EUA, que pressionam por novos compromissos com a Boeing.

É improvável que Xi Jinping também facilite as condições para os produtores franceses de conhaque ou de carne suína, pois isso enfraqueceria a posição de negociação de Pequim com Bruxelas sobre as tarifas de veículos elétricos fabricados na China.

Xi Jinping também não pode oferecer a Macron uma solução inovadora para a guerra na Ucrânia que ele possa levar de volta à Europa, visto que a China reafirmou recentemente seu apoio à Rússia.

As recentes visitas do Rei Felipe 6º da Espanha e do Ministro das Finanças alemão, Lars Klingbeil, também apresentaram poucos resultados tangíveis.

Assessores do governo chinês afirmam que Pequim acredita ter a vantagem e está aguardando que Bruxelas ceda e aceite um plano de preço mínimo para seus veículos elétricos, em vez das tarifas atualmente aplicadas.

'Eles (a UE) agora reconhecem a complexidade da questão. Depois que Trump voltou à presidência, perceberam que são muito dependentes dos EUA... A Europa agora precisa de um comércio mais recíproco com a China', disse um assessor, que pediu anonimato por não estar autorizado a falar com a imprensa.

'A UE deveria refletir seriamente sobre sua política em relação à China e não vinculá-la tão estreitamente à Rússia e à Ucrânia', acrescentou.

DIVIDIR PARA CONQUISTAR

Xi também não mencionou a Macron a possibilidade de um acordo comercial com a UE -- assunto levantado pelo principal diplomata chinês, Wang Yi, durante a visita do ministro das Relações Exteriores da Estônia no mês passado, e promovido pelo Ministério do Comércio chinês. Negociações sobre um pacto histórico de investimentos entre UE e China estão congeladas desde 2021.

A votação sobre a adoção das tarifas para veículos elétricos propostas pela Comissão Europeia dividiu os Estados-membros, com a França votando a favor e a Alemanha, a maior economia da Europa, votando contra.

A China poderia tentar explorar essas divisões.

'É interessante que eles (a China) continuem a levantar essa questão (um acordo comercial) com os Estados-membros', disse um funcionário da Comissão Europeia. 'Não temos absolutamente nenhum plano para firmar qualquer tipo de acordo comercial com a China', acrescentou, também pedindo anonimato.

(Reportagem de Joe Cash)

((Tradução Redação São Paulo))

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