Trump está fazendo acusações “selvagens” sobre documentos no processo de suborno, dizem procuradores

Por Luc Cohen

NOVA YORK (Reuters) - Promotores acusaram nesta quinta-feira o ex-presidente dos EUA Donald Trump de fazer acusações “selvagens e falsas” contra eles sobre o momento em que milhares de páginas de evidências de um processo sobre suborno foram divulgadas, uma tentativa do político de atrasar ainda mais o julgamento.

O julgamento foi inicialmente marcado para o dia 25 de março. Trump, que está em campanha para retomar a Presidência neste ano, afirmou ser inocente de 34 acusações de falsificar registros financeiros para esconder um suborno de 130 mil dólares que seu ex-advogado, Michael Cohen, pagou para a atriz pornô Stormy Daniels antes da eleição de 2016.

Mas o juiz Juan Merchan decidiu, na semana passada, atrasar o julgamento até pelo menos meados de abril, para dar a Trump mais tempo para que revise os documentos relacionados a Cohen — uma testemunha-chave da acusação — e que foram entregues neste mês pelo gabinete da procuradoria em Manhattan, em resposta a um pedido da defesa ocorrido em janeiro.

Em vez do julgamento, o magistrado realizará uma audiência no dia 25 de março sobre o pedido de Trump de rejeitar o caso ou atrasar o julgamento em 90 dias. O ex-presidente também pede punição para o procurador-distrital de Manhattan Alvin Bragg, por supostamente ter tentado esconder informações que poderiam minar a credibilidade de Cohen.

Nesta quinta-feira, o gabinete de Bragg afirmou que grande parte do material era irrelevante para o caso ou simplesmente cópias de documentos que Trump já possuía. A equipe dele também informou que trabalhou de forma diligente para entregar potenciais evidências a Trump.

“O réu reagiu às divulgações (dos procuradores federais) fazendo acusações selvagens e falsas de má conduta e prevaricação”, afirmaram os promotores estaduais.

O advogado de Trump Todd Blanch não quis comentar.

Os promotores estaduais de Nova York afirmam que Cohen pagou Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, para ela ficar calada antes da eleição de 2016 a respeito de um encontro sexual que ela teve com Trump uma década antes. O ex-presidente nega o encontro.

Os advogados do político alegam que ele pediu que Cohen pagasse a atriz para poupar Trump e sua família de um constrangimento, não para alavancar sua campanha.